"A meta final do JUDÔ KODOKAN é o aperfeiçoamento do indivíduo por si mesmo, desenvolvendo um espírito que deve buscar a verdade através de esforço constante e da sua total abnegação, para contribuir na prosperidade e no bem estar da raça humana" "Nada sob o céu é mais importante que a educação. Os ensinamentos de uma pessoa virtuosa podem influênciar uma multidão; aquilo que foi bem aprendido por uma geração pode ser transmitidas a outras cem." Jigoro Kano

A INFLUÊNCIA DE OUTRAS ARTES MARCIAIS NO JUDÔ

O JUDÔ E O WRESTLING




O judô é uma arte rica em técnicas e cheia de influências, muita das vezes não notadas ou negadas cegamente. Em sua criação, Jigoro Kano estudou muitos estilos de antigos Koryus, são muitas as ecolas que contribuiram para a sua criação, mas Kano também conheceu e estudou outros estilos de luta, um exemplo foi o boxe e o wrestling na sua juventude.
É fácilo encontrar influências do wrestling ocidental no judô, embora atualmente exita um movimento que tenta de todas as maneiras negar essa ligação. Um exemplo claro foram as novas regras criadas para proibir os ataques as pernas, alguns falsos tradicionalistas afirmam que a influência do leste europeu estaria descaracterizando a arte, que com as novas regras poderemos ver um judô mais "tradicional"...
Essas pessoas esquecem que Kano recorreu a muitos movimentos de wrestling na criação de seu judô. Alguns golpes clássicos do judô como kata-guruma e tawara-gaeshi são oriundos do wrestling.Um dos herois de guerra japonês, Takeo Rirose era um especialista na aplicação do tavara-gaeshi, mas se esquecem que para a aplicação dessa técnica é preciso ser atacado nas pernas...e muitos afirmam que na época de Kano não se atacava as pernas, como podemos ver isso não é verdade. kata-guruma também foi muito usado no passado, golpes como morote-gari também eram muito usados no judô, outro golpe oriundo do wrestling, algumas inversões também são facilmente relacionadas ao wrestling, uma delas é o Daki Wakare.
O ude-gaeshi também é oriundo do wrestling, muito usado no judô europeu.
Muitos judocas que viajavam pelo mundo na divulgação do judô enfrentaram muitos wrestles, alguns como Mitsuyo Maeda, o Conde Koma, chegou a disputar campeonatos da modalidade.





O JUDÔ E O KARATÊ
Gishin Fukanoshi ensina Karatê na KodokanO Ministério da Educação anunciou perto do final do ano de 1921, que seria realizada uma demonstração de Artes Marciais Japonesas Antigas na Escola Superior para mulheres, localizada em Ochanomizu, Tóquio, na primavera seguinte. A prefeitura de Okinawa foi convidada a participar da demonstração, e o departamento de educação pediu para o Sensei Gichin Funakoshi, que apresentasse à sua arte local, o Karatê à capital japonesa. Após Funakoshi aceitar foram logo traçados os planos para realização da mesma. Toda a demonstração foi um grande sucesso.
Quando planejava o regresso a Okinawa, imediatamente depois da demonstração. Teve que adiar o retorno, pois o presidente da Kodokan Judô, Jigoro Kano, pediu para que proferisse uma palestra sobre a arte do Karatê.
Funakoshi hesitou inicialmente, pois não se sentia suficientemente preparado, mas devido ao favor de Kano, concordou em demonstrar-lhe alguns katas. O lugar seria a própria Kodokan, Funakoshi tinha pensado que apenas um grupo muito pequeno, provavelmente constituído pela equipe de instrutores seniores, estaria presente na apresentação. Para seu grande espanto, havia mais de cem espectadores esperando quando chegou, como parceiro de demonstração escolheu Shinkin Gima, que na ocasião estudava na Shoka Daigaku de Tóquio, hoje Universidade Hilot Subashi. Gima era um karateca excelente que havia praticado intensamente antes de sair de Okinawa. Muito impressionado Kano perguntou a Funakoshi quanto tempo seria necessário para dominar os katas que tinham sido demonstrados.

- Um ano, pelo menos. – respondeu Funakoshi.

- Há, isso é muito tempo. – disse Kano. Você poderia ensinar-me apenas alguns dos mais básicos?

Funakoshi sentiu-se muito honrado por esse pedido de um grande mestre de Judô como Jigoro Kano, e, assim concordou.


O AIKIJUTSU DE SHIRO SAIGO
Em 1883, o Dr. Kano dividiu seus estudantes em dois grupos, dos não-graduados (mudansha) e dos graduados (yudansha), de acordo com Naoki Murata, diretor do museu de judo do Kodokan. Os primeiros yudansha, ou grau Shodan, eram dois estudantes famosos no Kodokan nesse tempo, nomeados Tsunejiro Tomita e Shiro Saigo. Estes dois estudantes foram também os primeiros promovidos a segundo dan um ano mais tarde.

Shiro Saigo, imortalizado no romance de ficção de Tsuneo Tomita, o "Sugata Sanshiro," e nas adaptações nos filmes de Akira Kurosawa (década de 40) sobre os infames torneios entre o judo e o jujutsu, pulou o terceiro dan e foi promovido diretamente a quarto dan no ano seguinte, em 1885, relata Muraka. Neste período, todas as graduações de Dan foram anunciadas diretamente pelo Dr. Kano ou fixadas em placas no Kodokan.

No 70º aniversário do Kodokan, este possuía 500 tatames e seus adeptos somavam milhões por todo o mundo. Mas nem tudo foram flores no caminho ascendente do Judô. A subida vertiginosa do Judô na preferência da população criou muitas rivalidades. Mestres de Jujutsu desafiavam o Kodokan quase diariamente, alegando que Kano havia deturpado a sua arte e acrescentado eementos estrangeiros. Para fazer frente a essas ameaças, o jovem Kodokan possuía um time de primeira, composto por antigos Mestres de Jujutsu que haviam se juntado ao Mestre Kano. Entre esses, quatro se destacavam: Tsunejiro Tomita, Sakujiro Yokoyama, Yoshikazu Yamashita e Shiro Saigo, chamados de Shitenno, "Os Quatro Senhores Celestiais", verdadeiros guerreiros que carregavam o nome do Kodokan em combates ferozes. Destes, o mais célebre era sem dúvida Shiro Saigo. Filho adotivo do Grande Mestre Tanomo Saigo, líder do Daito-Ryu Aikijujutsu, ele acabou rompendo com o Aikijujutsu para se juntar a Kano, revelando-se um dos melhores lutadores que o Japão já viu. Em 1886 a Polícia Metropolitana de Tóquio realizou uma competição para escolher o sistema marcial que seria utilizado pela polícia.
Representantes de Jujutsu, Kenjutsu e de diversos outros estilos de artes marciais se apresentaram para os combates. Entre eles estava o grupo do Mestre Hikosuke Totsuka, do Totsuka-Ha Yoshin Ryu, feroz adversário do Kodokan. Mestre Totsuka era considerado o maior Mestre de Jujutsu do último shogunato, anterior à Restauração Meiji. Mas todas as atenções se concentravam nos representantes do pequeno Dojô inaugurado a apenas quatro anos.

No dia 11 de junho de 1886, no santuário Yayoi, os combates finalmente se desenrolaram. Lembramos que nessa época não havia ainda as regras competitivas, sendo cada combate uma luta total até que um deles não pudesse continuar. Tomita e Yamashita venceram suas lutas, enquanto Yokoyama empatava numa luta histórica que levou 55 minutos, sem pausa. Dos "Quatro Senhores Celestiais", faltava ainda Shiro Saigo. Ele enfrentou Entaro Ukiji, do Totsuka-Ha Shinto Ryu, um verdadeiro gigante frente ao diminuto Saigo. Quando a luta se iniciou, Saigo foi agarrado pelo kimono e lançado no ar. Para espanto da multidão, deu um giro completo e caiu em pé. Ele então agarrou Ukiji e o desequilibrou, girando-o num pequeno círculo. Era o lendário Yama Arashi ("Vento da Montanha"). Este era um golpe que somente Shiro Saigo conseguiu realizar perfeitamente e que segundo alguns autores era derivado do Aikijujutsu, sendo sua marca registrada. Seu oponente aterrissou com um estalo nas costas. Não satisfeito, levantou-se tonto e tentou atacar novamente Saigo, que terminou o serviço.

JUDO E AIKIDO

Jigoro Kano aclama o Aikido como Budo ideal
No outono de 1925, depois de insistentes pedidos de seu admirador, Almirante Isamu Takeshita, Morihei Ueshiba foi a Tóquio para realizar uma demonstração de Aikido diante de uma distinta platéia, entre a qual se encontrava o ex-primeiro ministro Conde Gonnohyoe Yamamoto.
 
Foto, Ueshiba e Tomiki em 1935.

O Conde Yamamoto ficou profundamente impressionado pela demonstração do fundador do Aikidô e solicitou-lhe que dirigisse um seminário especial de 21 dias, no palácio anexo de Aoyama, para especialistas de alto nível de Judô e Keido do pessoal da Casa Imperial.

Em outubro de 1930, Jigoro Kano, fundador do Judô Kodokan, teve oportunidade de ver a arte magnífica do mestre Morihei Ueshiba, o Aikido, e aclamou-a como Budo ideal, e até mesmo, enviou-lhe alguns de seus melhores alunos,entre eles estava Kenji Tomiki
Kenji Tomiki nasceu em 15 de Março no número 50 da Kakunodate Machi, Senboku na prefeitura de Akita. Ele era o filho mais velho de Shosuke e Tatsu Tomiki. Ele começou a manejar um bokken (espada de madeira) quando tinha apenas 6 anos de idade. Aos 10 anos, após entrar na escola primária local de Kakunodate, ele se uniu ao clube de Judo da cidade.Em 1926, Tomiki Shihan conheceu Mestre Ueshiba na Universidade de Waseda – Tóquio, onde estudava, e com incentivo de Mestre Jigoro Kano, tornou-se um de seus melhores alunos.

Em 1936, ele foi enviado à Manchúria – China, território invadido pelo Japão, para lecionar caligrafia, e se ofereceu para ensinar também artes marciais. Seus alunos de Judô e Kendô tiveram então a oportunidade de aprender também o Aikidô.
Tomiki começou seu treinamento com Morihei em 1926 em Ayabe, e continuou no final da década de 1920 e no início dos anos 30 em Tókio. Após se tornar professor, Tomiki passou a usar suas ferias de verão e de inverno para treinar em Tókio com o fundador. Por ter boa educação e ser um bom calígrafo, Tomiki também ajudava com as diversas tarefas administrativas no Kobukan. Por exemplo, ele editou o manual técnico Budo Renshu em 1933. Tomiki Shihan foi o primeiro aluno de Mestre Ueshiba a obter a graduação de 8º Dan, em 1940, e desde então, já pensava em modernizar o Aikidô.Depois da segunda guerra mundial ele foi aprisionado em solitária por três anos em um campo de detenção da antiga URSS, mas mesmo preso ele continuou com seu pensamento voltado para as artes marciais, manteve sua forma física, idealizou o unsoku, exercício que pode ser realizado em um espaço reduzido, e começou a esboçar a união entre Judô e Aikidô.

1940 – Foi graduado com o 8odan de Aikido, o primeiro do mundo, concedido por Morihei Ueshiba e, em seguida, começou um trabalho de modernização do Budo. Durante os meses de verão dos quatro anos seguintes Shihan Tomiki ensinou aos alunos graduados da Kodokan.
Em 1958 Tomiki Shihan fundou o Clube de Aikidô na Universidade de Waseda, onde era o diretor do departamento de Educação Física, na condição de viabilizar o Aikidô como esporte competitivo.

Tomiki Shihan, com sua grande experiência em Artes Marciais, pois já era oitavo dan tanto em Judô quanto em Aikidô, uniu as técnicas aprendidas com Mestre Ueshiba com o método de treinamento e doutrinas aprendidas com o Judô. Ele introduziu o randori – treinamento livre – em 1964, com o intuito de tornar as técnicas mais eficientes e também em transformar o Aikidô em esporte competitivo, para atrair novos jovens praticantes. Tomiki Shihan achava que, atraídos pelo Aikidô esportivo, os alunos, com o tempo, iriam apreciar o lado espiritual da arte.
Minoru Mochizuki
 Minoru Mochizuki começou seu treinamento em artes marciais ainda criança, praticando tanto judo quanto kendo. Ele progrediu rapidamente e em 1925 entrou para o Kodokan, aonde se tornou um judoca de primeira linha. Sob os cuidados de Jigoro Kano, Mochizuki se tornou membro do Kobudo Kenkyukai, uma organização estabelecida dentro do Kodokan para o estudo de artes marciais clássicas, aonde ele praticava Katori Shinto-ryu.

(Ueshiba.e Mochizuki) Posteriormente, em 1930, ele foi enviado por Kano para estudar aikijujutsu com Morihei Ueshiba. Mochizuki se tornou uchideshi no Kobukan Dojo por um curto período, e depois abriu seu próprio dojo na Cidade de Shizuoka, em Novembro de 1931.
Mochizuki depois passou oito anos na Mongolia, aonde recebeu treinamento em karate. Em 1951, ele viajou para a França para ensinar judo e também aikido, e foi o primeiro a difundir a arte na Europa. Mochizuki criou um sistema marcial composto, chamado Yoseikan Budo, o qual inclui elementos de judo, aikido, karate, e kobudo. Ele escreveu um livro intitulado Nihonden Jujutsu em 1978. Mochizuki recebeu o 10o dan da Federação Internacional de Artes marciais e até recentemente permaneceu ativo em seu dojo particular em Shizuoka. Ele atualmente reside na França com seu filho Hiroo.



JUDÔ E O KENDÔ
(Maeda com espadachins ocidentais)
Jigoro Kano tinha como meta perpetuar as artes marciais japonesas através do Kodokan, chegou a tentar a introdução do Kendô no Kodokan.
No Kodokan, assim como o Aikijutsu, já se treinava Kendô,o Kodokan naquela época, era um centro de atividade de artes marciais e não somente de Judô, como nós o encontramos atualmente. Haviam muitos mestres de outras artes no Kodokan. Como exemplo, por volta dos anos vinte ensinavam-se técnicas de Jo (bastão) no Kodokan.

"No Judô, de nível básico o propósito de treinamento é aprender a defesa contra ataques. Nesse nivel, a maior parte do treinamento é feita com as mãos livres, mas armas são usadas algumas vezes para o treinamento com kata. Entretanto, eu descobri que, no treinamento der Judô para crianças pequenas, o uso de espadas de borracha ou tecidos no lugar das espadas é necessário desde o início para ensinar o kata, para que elas aprendam a golpear ou empurrar umas as outras e a se defender desses golpes. isso quer dizer que eu gostaria de incorporar, no treinamento do Judô, alguns dos katas que eram ensinados antigamente no Kendô.
Portanto, convém incluir no Judô lanças, naginatas e outras armas usadas na defesa contra ataques. Espadas e bastões, entretanto, são na maioria das vezes armas muito boas e úteis, e o Kendõ, por ser um dos elementos essenciais do Judô, deve ser incluido de alguma maneira. é necessário não apenas como kata, mas também para competições.
no futuro, acredito que o Judô incorporará algo do Kendô atual no treinamento normalmas, como se encontra agora, no meu ver ele é muito pouco satisfatória. As espadas já não são taão úteis como eram consideradas no passado. em comparação, com o que se aprende no Judô, não existe uma situação que a espada traga vantagem, exeto quando o praticante desembainha uma espada e fica e fica em postura defensiva. Sem o conhecimento do Judô, mesmo as pessoas que fazem uso de espadas serão incapazes de ultiliza-las com grande habilidade ou confiança. ao contrário, os praticantes de kendô por fim reconhecem a necessidade de aprender também o Judô. Portanto, acho que o Kendô atual deve ser integrados.
é claro que existe uma grande oposição a essa idéia, e por isso é difícil colocá-la em prática imediatamente. Entretanto, tudo leva nessa direção e, com o passar do tempo, inevitavelmente haverá uma distinção entre o que consideram as espadas importantes e os que não lhe dão importância nenhuma.
No futuro, os praticantes de luta, como o boxe, se esforsarão tanto quanto os praticantes de Judô. Acho que também será útila ao ao sumô e ao savate que façam algum estudo sobre o Judô. Mas o método, naturalmente, é diferente, pois alguns praticam apenas como propósito de luta ou para educação física. Quando a prática tem o objetivo de educação física, ela já se encontra em um nível intermediário."

em construção...
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1 comentários:

Anônimo | 24 de março de 2012 às 18:41 ¿Responder? |

Se tem gente que se assusta em saber que o JudÇo possue técnicas de golpes contudentes ( atemi-waza) preservadas no Goshinjutsu , e liberadas em combates de vale-tudo em 1905 , imagine se elas souberem que Kano estava trazendo o Kendô para o Judô ? Vai achar que é devaneio ....hehehehe