"A meta final do JUDÔ KODOKAN é o aperfeiçoamento do indivíduo por si mesmo, desenvolvendo um espírito que deve buscar a verdade através de esforço constante e da sua total abnegação, para contribuir na prosperidade e no bem estar da raça humana" "Nada sob o céu é mais importante que a educação. Os ensinamentos de uma pessoa virtuosa podem influênciar uma multidão; aquilo que foi bem aprendido por uma geração pode ser transmitidas a outras cem." Jigoro Kano

George Kastridget Mehdi


“O judô é uma escola de disciplina’, “ judô é a superação da fadiga, da fome, da sede, da falta de velocidade de si mesmo”.



Essa frase é repetida incansavelmente para os alunos, e traduz a essência da preocupação de Mehdi em permanecer sempre fiel ao verdadeiro e moderno espírito do esporte criado por Jigoro Kano. Convencido que existe algo mais além da prática, como professor de judô mundialmente conhecido, esse nosso mestre entende que é seu dever principal colaborar para formar verdadeiros homens, pessoas que procedam corretamente em seu cotidiano, que sejam reconhecidos como judocas onde quer que estejam, significando isso, o isso da gentileza, do respeito para com seus semelhantes, da honestidade e da integridade, ou seja, civilidade. Não é um caminho fácil e nem sempre é do agrado de todos, mas o não seguir esses preceitos, principalmente pelos seus alunos, é um convite para o desentendimento pessoal com ele.

Campeão brasileiro por várias vezes em todas as categorias, e tendo durante muitos anos acumulado a função de atleta com a de técnico da seleção brasileira, não é, entretanto, essa imagem que procura transmitir para os alunos, cujo os treinos são sempre efetuados dentro de normas e padrões rígidos. O professor, porém, o professor é sempre atencioso, mas é também exigente tanto na parte física como na técnica, e quando gosta de um aluno, quando percebe nele um potencial maior, não se constrange em demonstrar a sua irritação com seus erros e insiste na forma correta da execução, como no uchi-komi, por exemplo, que deve ser feito com perfeição e velocidade; a força fica por último. Nunca um judoca está suficiente bem preparado, sempre existe algo a mais a ser alcançado, e deste modo, ele reforça que a meta verdadeira é aplicar com perfeição uma técnica. Ser campeão não importa, é apenas uma fase da vida que algum dia termina e cai no vazio, somente a técnica pode e deve prosseguir.

Por todo o exposto, apesar de desde a década vir formar inúmeros campeões , sendo muitos deles hoje renomados professores, nem por isso os identifica como tal, não existem campeões em sua academia, lição essa que muitos aprendem pela forma mais difícil que é vivenciar a humildade. Vem daí o mito que corre no Rio de Janeiro, que apenas uma participação no treino na academia de Mehdi se transforma em algo muito especial, uma espécie de “medalha”, uma honra inusitada. Levam ainda consigo os participantes a máxima que o mestre insiste em impor a todos os seus alunos : “Aprender a cair é saber que podemos sempre nos levantar!”

Coerente em sua busca de ensinamento para aplica-los em sua própria vida e no ensino de seus alunos, Sensei Mehdi passou vários anos no Japão se aperfeiçoando com o lendário Prof. Matsumoto, trazendo então uma bagagem riquíssima que o adaptou a seu estilo pessoal, a ponto de receber exclamações como esta do Prof. Takemori, vice-presidente da Confederação Americana de Judô: “Em meus sessenta anos de judô, nunca aprendi tanto como em um seminário com o Prof. Mehdi em Boston no ano de 1986”. O Prof. Matsumoto do New York Athletic Club e da YMCA, quando esteve reinando no Rio de Janeiro, declarou :”Treinar com o Prof. Mehdi é como treinar com a própria sombra”.Pernilha Anderson, atleta da equipe olímpica sueca, por algumas vezes esteve treinando na academia comenta : “Não existe nenhum professor no mundo com a sensibilidade para entender o judoca como o Sensei . Mehdi “. E ainda : “Durante os dois meses que estive treinando com o Prof Mehdi no Brasil , evolui dez anos’.

Temos ainda a declaração do campeão mundial Mark Swain, quando em sua visita ao Rio de Janeiro treinou na academia do Prof. Mehdi; “Vocês não sabem a sorte que tem em serem alunos do Prof. Mehdi, tão grande é a sua técnica e conhecimento de judô”.

Por tudo isso a que se referiram essas personalidades todas, como a muitas outras coisas nesse nosso país, o conhecimento do valor de uma pessoa é sempre questionado por alguns ou então “esquecido” , e assim, a “sorte”, que se referiu Mark Swain, além dos alunos da academia de Ipanema, é muito mais aproveitado pelos participantes dos seminários que sensei Mehdi tem proferido em outros países, especialmente nos Estados Unidos, França e Espanha. Portanto, com a relação a esse aspcto de sua biografia, é importante mencionar também os inúmeros trabalhos efetuados na Organização dos Estados Americanos----OEA, quando ministrou aulas em vários países da América Central, é ainda, na Universidade Gama Filho e na Escola de Educação Física do Exército. Todas essas instituições foram unânimes em reconhecer o seu valor e homenageá-lo.

Nascido na França em 1935, veio sozinho para o Brasil com dezesseis anos de idade, logo após a segunda guerra mundial , período esse que sofreu duras provações em virtudes da prisão do seu pai que era membro da resistência francesa. Nessa época já praticava judô , tendo iniciado nesse esporte com o Prof. Kawaishi, que foi o criador do método ocidental de treinamento e promoção com faixas coloridas de acordo com os grais de conhecimento dos alunos. Aqui no Brasil, nos anos de seu aprendizado, não media esforços na busca de novos conhecimentos. Foi quando decidiu ir estudar na Universidade de Teri, no Japão, onde se formou como professor de judô , trazendo na sua volta o aprimoramento para nosso clima, o circuit-training utilizado pela equipe japonesa nessa ocasião, conversando com Sensei Okano, medalhista olímpico e um dos grandes judocas de todos os tempos, este declarou : “Mehdi, se você estivesse na olimpíada, tenho certeza que ganharia de todos os participantes”.

Infelizmente, pela pouca visão ou até má fé dos nossos dirigente, preocupados mais com sua vantagens pessoais do que as do país, Mehdi, por ser naturalizado, foi preterido na convocação, apesar de ter vencido por ippon todas as suas lutas nas suas lutas nas eliminatórias, isso em todas as classes , categorias e também no absoluto.



Texto retirado do livro "personagens da história do judô brasileiro".

ENTREVISTA COM MEHDI, PARA LER CLIK NA FOTO.
http://www.mehdijudo.com.br/
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