"A meta final do JUDÔ KODOKAN é o aperfeiçoamento do indivíduo por si mesmo, desenvolvendo um espírito que deve buscar a verdade através de esforço constante e da sua total abnegação, para contribuir na prosperidade e no bem estar da raça humana" "Nada sob o céu é mais importante que a educação. Os ensinamentos de uma pessoa virtuosa podem influênciar uma multidão; aquilo que foi bem aprendido por uma geração pode ser transmitidas a outras cem." Jigoro Kano

HISTÓRICO DO JUDÔ NO RIO DE JANEIRO


O JUDÔ NO RIO DE JANEIRO
ORIGEM E TRAJETÓRIA
PROF. MS. PAULO FERNANDO TENÓRIO WANDERLEY
2001



INTRODUÇÃO
 O presente estudo é um trabalho de reconstituição de alguns momentos marcantes na existência do judô no Rio de Janeiro e de acontecimentos que apontam o caminho percorrido pela Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro.
Este trabalho faz parte da comemoração dos 40 anos de existência da FJERJ, que se completa em 9 de agosto de 2002.
O primeiro capítulo é fruto de uma pesquisa para conhecer como o judô surgiu no Rio de Janeiro e em que circunstâncias ocorreu a introdução e a consolidação esportiva da atividade.
O segundo capítulo trata da origem e desenvolvimento do judô no interior, ou seja, no antigo Estado do Rio de Janeiro e a fusão das duas federações existentes, como conseqüência da fusão, em 1975, dos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara.
O terceiro capítulo se refere a arbitragem de judô: a sua evolução histórica e os procedimentos adotados no Estado do Rio de Janeiro.
Finalmente, o quarto capítulo dá continuidade ao que foi possível levantar do período da fundação da FJERJ até a época atual.
Como se trata de uma reconstituição histórica, só foi objeto de compilação o que teve comprovação documental, principalmente recortes de jornais e revistas, e depoimentos de pessoas idôneas que presenciaram fatos e acontecimentos pertinentes.
Este trabalho só foi possível graças a boa vontade de muitos companheiros do judô, que emprestaram verdadeiras relíquias documentais, para que a narrativa fosse pautada em verdades irrefutáveis. Os nomes desses colaboradores e porque não dizer co-autores constam da bibliografia dos contatos pessoais encontrados nas derradeiras páginas do exemplar, embora também sejam citados no próprio decorrer da narrativa.
Fazendo parte da introdução, talvez seja pertinente enfocar um ensinamento do prof. Enir Vaccari sobre a denominação dos termos usados habitualmente para designar o praticante de judô. Lembra o ilustre professor que judoísta é a denominação genérica que se dá a todo praticante de judô. Judocas são chamados os praticantes graduados acima de 3º dan (grau), em atividade e participando de competições de modo destacado. Sendo assim, não é certo se chamar judoca ao praticante que se inicia na arte do judô.
Quando o judoísta é promovido a 1º dan, ele se inicia na condição de aluno mais adiantado e não de professor. Seria como que a introdução no nível universitário.
Segundo a legislação atual e exigência da FJERJ, o professor de judô terá de ter cursado a Faculdade de Educação Física e possuir o 3º dan. Nessas condições, o judoísta ou judoca poderá ser professor de judô (sensei).
Quanto ao termo Shi-Han, este se destina ao professor de idade avançada, com grandes conhecimentos e capacidade, que ultrapassou a sua fase como judoca e pode ser considerado como mestre.
Os judocas de alta graduação, ou seja, a partir do 6º dan são chamados de Ko-Dan-Sha, o que não significa que todos eles possam ser chamados de Shi-Han.

1º CAPÍTULO

ORIGEM E CONSOLIDAÇÃO DO JUDÔ NO RIO DE JANEIRO
Para a reconstituição dos primeiros momentos do judô no Rio de Janeiro, ou seja, a sua introdução e consolidação, foi necessário recorrer, não somente à escassa literatura que faz referência ao assunto, mas, sobretudo, aos depoimentos de veteranos professores que foram testemunhas oculares dos fatos ocorridos. Convém ressaltar que os professores Rudolf de Otero Hermanny e Enir Vaccari, além dos depoimentos, forneceram importantes recortes de jornais e revistas da época, que se constituem em fontes fidedignas da pesquisa.
O judô praticado no Rio de Janeiro ocupa uma posição de relevo como modalidade esportiva, em virtude não só do bom índice técnico dos seus adeptos, mas também pelas noções de respeito, tradição e organização conservadas e ampliadas no decorrer do tempo. Essa situação invejável de hoje deve muito ao trabalho competente e dedicado dos pioneiros, razão pela qual é de fundamental importância registrar e resgatar este fato para que as futuras gerações não desconheçam a origem e se sintam na obrigação de levar adiante e melhorar o que foi semeado.
No início do século XX, o Rio de Janeiro recebeu a visita de ilustres lutadores japoneses que se apresentaram, empolgaram os aficionados de então, mas não fizeram um trabalho de consolidação do esporte. Eram lutadores profissionais que, assessorados por empresários, lançavam desafios a praticantes de qualquer modalidade. As lutas, de um modo geral, eram realizadas em circos armados em lugares descampados e, segundo o historiador Joel Rufino (1998), um dos locais mais utilizados seria onde hoje se encontra a Cinelândia, no Centro da Cidade. Uma dessas lutas, que até hoje é lembrada pelos professores de capoeira, teria sido travada entre o lutador japonês Sado Miako e o negro Ciríaco, conhecido como "Macaco Velho". Conta-se que este último aproveitou-se do descuido do nipônico, ao fazer cerimonioso cumprimento, e desferiu violento pontapé que pôs o japonês inconsciente.
O mais célebre lutador japonês profissional que se apresentou no Rio de Janeiro, no entanto, foi Mitsuyo Maeda, o Conde Koma. Esse grande mestre desembarcou em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, no dia 14 de novembro de 1914. Estava acompanhado do famoso Sanshiro Satake, o único que conseguiu derrotar o Conde Koma, e mais os lutadores Laku, Omura e Shimitsu. Essa troupe se apresentou no Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, São Luís, Belém (em outubro de 1915) e finalmente Manaus. Posteriormente, o Conde Koma se estabeleceu em Belém do Pará, onde faleceu em julho de 1941, aos 63 anos de idade. Satake foi para o México, onde ficou como instrutor da polícia. A trajetória do Conde Koma foi levantada pelo pesquisador Rildo Heros Barbosa de Medeiros (1997), que teve em mãos o passaporte do mestre japonês cedido por Gotta Tsutsumi, presidente da Associação Paramazônica Nipako de Belém.
O professor Maeda, aos 11 anos de idade, começou a aprender judô com o mestre Jigoro Kano. O Kodokan proíbe que seus filiados se apresentem profissionalmente, de modo que o Conde Koma, para não se desincompatibilizar com a meca do judô, resolveu se apresentar como lutador de jiu-jitsu. (Gama, 1997). A estratégia teve resultado positivo, pois o Kodokan reconhece em Maeda um grande divulgador do judô, sobretudo no Continente Americano.
Além de Maeda, outro lutador profissional que se apresentou em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais foi Geo Omori, que teria chegado ao Brasil em 1928. Omori tentou abrir uma academia no Frontão do Braz, mas não teve sucesso e acabou falecendo em Minas Gerais.
Quem realmente iniciou um trabalho proficiente pelo judô no Rio de Janeiro foram os professores japoneses que lecionavam nas colônias. Provavelmente, procuravam manter um vínculo cultural dos imigrantes e seus descendentes com as tradições do distante Império do Sol Nascente.
As colônias japonesas no Brasil têm o marco histórico de 18 de junho de 1908, comemorado como o "Dia do Imigrante", quando chegou às docas e atracou no cais número 14 do Porto de Santos o navio Kasato Maru, trazendo a primeira grande leva de nipônicos.
O judô foi criado por Jigoro Kano em 1882, mas a nomenclatura jiu-jitsu que, por volta do século XVIII, englobava todos os métodos japoneses de ataque e defesa, ficara muito conhecida internacionalmente. De modo que o nome judô, desporto criado com fins educativos, demorou para ser conhecido por todos.
Não há uma data precisa de quando o judô, como modalidade, entrou no Rio de Janeiro. Provavelmente as colônias japonesas localizadas em Santa Cruz e Itaguaí foram os primeiros redutos onde a modalidade foi praticada informalmente. O início do século XX pode ser considerado como um referencial do começo da prática com o nome de jiu-jitsu, mas a organização desportiva do judô ocorreria algumas décadas depois, conforme será visto mais adiante.
Desse período inicial, em que a prática ainda não fora regularmente organizada, o professor Avany Nunes Magalhães (1994) cita o trabalho de Takeo Yano realizado nas citadas colônias japonesas do Rio de Janeiro.
Outro nome sempre lembrado quando se trata de pioneiros do judô no Rio de Janeiro é o de Yoshimasa Nagashima. Em contato com sua filha, Nair Nagashima Zanganelli, em 1995, foi possível saber que o mestre chegou ao Brasil, acompanhado da esposa Naka Nagashima, em 1935 ou 1936. Desembarcou em São Paulo, onde trabalhou nos cafezais de São Caetano e Santo André. Posteriormente, quando já lecionava na Associação Cristã de Moços (ACM) de São Paulo, conseguiu transferência para ensinar na sede dessa instituição no Rio de Janeiro.
Segundo Nair, o mestre Nagashima achou que São Paulo já contava com um número significativo de professores japoneses e que era preciso fazer um trabalho de divulgação do judô no Rio de Janeiro. A mudança para a Cidade Maravilhosa, que ocorreu depois da II Guerra Mundial, teria se realizado por volta de 1950.
Mestre Masimo Ogino, outro nome ilustre dessa época e que atualmente é possuidor do 9º dan, acompanhou Nagashima na mudança para o Rio de Janeiro.
O professor Nagashima, além da ACM, também lecionou nas Forças Armadas e na Associação Atlética do Banco do Brasil, onde mestre Ogino lecionou até se aposentar.
A década de 50 foi crucial na implantação e consolidação esportiva do judô no Rio de Janeiro. O professor Augusto de Oliveira Cordeiro, que ensinava a modalidade com o nome de jiu-jitsu no Velo Esportivo Helênico, situado na praça General Osório, em Ipanema, fundou, em 1947, a sua academia no bairro de Copacabana, na Rua Barata Ribeiro, número 530.
Para a fundação da Academia Cordeiro, uma comissão, constituída por Alberto Monteiro, Belarmino Freire, Floriano Codeço, Antônio Afonso Alves e Luiz Roberto Moreira, fez um "Livro de Ouro" para angariar recursos. Dentre os que colaboraram com o livro constam os seguintes nomes:
- Belarmino Freire
- José Pazos Pazos
- Oswaldo Nunes
- Alberto Monteiro
- Walter Alves
- Jorge Santos Basílio
Em 1950, além de Nagashima e Ogino, também veio definitivamente para o Rio de Janeiro o professor Takeshi Ueda, que em São Paulo fora aluno de Yasuishi Ono (8º dan) e Naioshi Ono (7º dan). Mestre Ueda passou a treinar na Academia Cordeiro e, em 1952, fundou a Academia Ren-Sei-Kan. Inicialmente ocupou uma sala na Zona Central do Rio de Janeiro e depois se instalou no bairro de Cascadura. Em 1953, o professor Ueda tinha apenas dois alunos japoneses, quando chegou o terceiro aluno, o brasileiro Enir Vaccari.
Na Escola Nacional de Educação Física, fundada em 1939, o professor Alberto Latorre de Faria, então Chefe do Departamento de Lutas, introduziu a modalidade com o nome de jiu-jitsu. Segundo o professor Vinícius Ruas Ferreira da Silva (1999), contemporâneo dessa época, a prática, naquela ocasião, poderia ser resumida como uma luta que visava conduzir o adversário ao solo e estrangulá-lo. Posteriormente, houve a contratação do professor Yoshio Kihara (7º dan) e mais tarde dos professores Cordeiro e Hermanny.
Em 1952, quando o professor Rudolf Hermanny , que fora aluno de capoeira do mestre Sinhozinho, cujo verdadeiro nome era Agenor Sampaio, começou a praticar judô sob a orientação do professor Cordeiro, havia ainda muita discussão se a denominação da atividade devia ser judô ou jiu-jitsu.
Em São Paulo, o professor Ryuzo Ogawa, que chegara ao Brasil em 1934, com a idade de 54 anos, a graduação de 8º dan e um diploma de mérito por ter lecionado para o filho do Imperador Mutsu Hito (Velte, 1989, p. 9), empreendeu um trabalho organizado e esclarecedor, contando com a colaboração de outros idealistas.
Esse grupo fundou a Associação Budokan, que atuava em sintonia com as diretrizes emanadas do Japão e passou a organizar campeonatos e competições segundo regras definidas.
Em 1952 e 1953, o professor Cordeiro viajou para São Paulo e assistiu algumas competições organizadas pela Budokan. Ficou encantado com a técnica, disciplina e respeito infundidos por um desporto que foi criado com a intenção primeira de educar e enobrecer os seus praticantes, dentro, portanto, do grande objetivo da Educação Física de promover a solidariedade humana.
Segundo o professor Antônio Afonso Alves (2001) que acompanhou o professor Cordeiro nas suas viagens a São Paulo, muitas foram as dificuldades vencidas para chegar aos primeiros resultados positivos. Inicialmente, o professor Ogawa, provavelmente por não ter informações elogiosas de praticantes de luta do Rio de Janeiro, recusou-se a receber os professores cariocas. Desolados com o que seria o fracasso da viagem, os professores dirigiram-se a um bar na própria Rua Tomás de Lima, onde estava localizada a Academia Ogawa, para tomarem um refrigerante. Por uma feliz coincidência, o dono do bar era um japonês, sobrinho do prof. Takeo Yano e que residira muito tempo no bairro de Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro. O dono do bar conhecia perfeitamente o professor Cordeiro e a seriedade do seu trabalho. Ciente do que havia ocorrido, prontificou-se a desfazer o mal entendido, pois também era muito amigo do professor Ogawa.
Voltando à Academia Ogawa, na companhia do dono do bar, os professores foram bem recebidos e nasceu uma profunda amizade calcada no respeito e na admiração mútuos.
O professor Cordeiro permaneceu por cerca de 6 a 8 meses na escola residência do mestre Ogawa e, quando regressou ao Rio de Janeiro, trouxe valiosas informações sobre nomenclatura, técnicas e desenvolvimento do esporte. A denominação judô passou a ser adotada no Rio de Janeiro, bem como o procedimento adequado para o ensino e competição.
O grande responsável, portanto, pela organização desportiva do judô no Rio de Janeiro foi o professor Cordeiro, que ensinava em diversos lugares como o Clube de Regatas Flamengo e Escola Naval, além da sua academia.
O professor Cordeiro e um grupo de pessoas dedicadas à causa do judô conseguiram a oficialização desse esporte, cuja organização começou como um departamento subordinado à Federação Metropolitana de Pugilismo e, posteriormente, à Confederação Brasileira de Pugilismo, entidades que controlavam, naquela época, todos os desportos de luta.
Em 1954, o Rio de Janeiro foi sede do primeiro Campeonato Brasileiro de Judô. A grande figura deste evento foi Masayoshi Kawakami, campeão absoluto. Mestre Ogawa participou como Árbitro Geral, dirimindo as dúvidas que necessitaram do seu concurso. Neste mesmo ano, também foi realizado o primeiro Campeonato Carioca de Judô.
Foi possível colher alguns detalhes do 1º Campeonato Carioca de Judô com a filha do prof. Cordeiro, Patrícia Simões Cordeiro, que emprestou exemplares da "Revista de Judô", cujo primeiro número foi editado em outubro de 1954.
Esta revista era de publicação bimestral e a equipe responsável pela edição deste primeiro número foi a seguinte:
Diretor Responsável: Augusto de Oliveira Cordeiro;
Secretário: W. Guarniere;
Redator Principal: Rudolf de Otero Hermanny;
Tradutores:
Japonês - Sumio Mamya
Francês - André Vasarhely
Inglês - Arthur Rothwell
Colaboradores: Departamento fotográfico: Amaro Machado
Prof. Alberto Latorre de Faria
Dr. Randoval Motenegro
Dr. José Bicudo Júnior
Carlos Duarte Silva
Luiz Roberto Moreira
Segundo a citada revista, o evento realizou-se nos dias 31 de agosto e 3 de setembro, nos salões do Clube de Regatas do Flamengo e contou com a participação das seguintes agremiações: São Cristóvão de Futebol e Regatas, Clube de Natação e Regatas, Centro Metropolitano de Esportes Gráficos e o Centro de Instrução de Judô Augusto Cordeiro.
O prof. Hikari Kurachi, 4º grau, de Santos, São Paulo, foi convidado especialmente para servir de árbitro e, nos intervalos das lutas programadas, fez uma demonstração de judô para a numerosa assistência.
A "Revista de Judô", nº 4 de outubro/novembro de 1955, páginas 18 a 21, divulga que o 2º Campeonato Carioca de Judô, promovido pela Federação Metropolitana de Pugilismo, ocorreu nos dias 27 de agosto e 3 de setembro, na sede do Clube de Regatas do Flamengo. O evento contou com a participação de 54 judocas e as agremiações que competiram foram: Centro Metropolitano de Desportos Gráficos, Clube de Regatas do Flamengo, Associação Atlética do Banco do Brasil , Centro de Instrução de Judô Ogino e Centro de Instrução de Judô Augusto Cordeiro.
A arbitragem teve como Diretor Geral o prof. Ryuzo Ogawa, especialmente convidado pela Federação Metropolitana de Pugilismo, e os árbitros que atuaram foram Ogino, Nagashima e Augusto Cordeiro.
Neste período inicial, em que o judô foi organizado desportivamente, a Zona Sul manteve a supremacia. As principais academias dessa região eram a Cordeiro, Britto, Hermanny e Mehdi. A maioria dos campeões eram provenientes dessas academias. Pouco depois, Shunji Hinata, judoca de notável estilo e que fora aluno do professor Hikari Kurashi, veio de São Paulo e se fixou no Rio de Janeiro, abrindo a Academia Japonesa, em Copacabana.
O professor Rudolf Hermanny foi contactado para prestar seu depoimento, tendo em vista que participou ativamente desse período como atleta, professor, árbitro e dirigente. Forneceu importantes informações, mas ressaltou que outras fontes também deveriam ser ouvidas, o que efetivamente foi feito.
Os professores citados por Rudolf Hermanny como os que auxiliaram o mestre Cordeiro em sua academia foram: Antônio Afonso Alves, Luís Roberto e Floriano. Dentre os atletas formados nessa fase inicial ou que ali se desenvolveram podem ser citados: Harry Rutman, Luís Roberto, Bugre Ubirajara Lucena, Luís Raimundo Machado (conhecido como "21"), Wilson de Oliveira (Passarito), Arthur Rotwel (Australiano), Enzo Confetura, Hugo Melo da Silva, João Graf, Antônio Lima Filho, Theóphanes Mesquita, Takeshi Ueda e muitos outros.
Outras academias e centros esportivos que também praticavam judô e que podem ser lembradas por méritos, salvo esquecimento, eram: Associação Atlética do Banco do Brasil, Clube Ginástico Português, Associação Cristã de Moços, Associação dos Servidores do Hospital dos Servidores do Estado, Academia Suburbana, Ginásio Portuário, Escola Naval, Escola de Educação Física do Exército, Escola Nacional de Educação Física, Colégio Militar, Batalhão Santos Dumont de Pára-quedistas, Centro Metropolitano de Esportes Gráficos, Academia Nipo-Brasileira, Academia Ren-Sei-Kan, Academia Líder e os clubes Flamengo, Botafogo e Fluminense. Dentre esses clubes, o que manteve a atividade em patamar destacado foi o Clube de Regatas Flamengo.
Com receio de olvidar algum nome, o professor Hermanny cita como professores que contribuíram para o engrandecimento do judô, nesta primeira fase, os seguintes mestres: Yoshimasa Nagashima, Masimo Ogino, Antônio Vieira, Takeo Yano, Takeshi Ueda, Theóphanes Mesquita, Vicente Leitão da Rocha, Omar Cairus, Leopoldo Levindo de Lucca, Avany Nunes Magalhães, Hugo Melo da Silva, George Kastriot Mehdi, Gengo Katayama, Shunji Hinata, Haroldo Britto e Roberto Davi.
O professor Hermanny destacou ainda alguns nomes que deram contribuição significativa na qualidade de dirigentes e colaboradores, sendo de grande importância na implementação do judô no Rio de Janeiro. Foram eles: Paschoal Segreto Sobrinho, Jamil Kalil Nasser, Abel Magalhães, Brigadeiro Oswaldo Balloussier, Dr. Ésio Martins do Valle e Enir Vaccari.
Em 1956, a Academia Ren-Sei-Kan, dirigida pelo professor Takeshi Ueda, assessorado pelo professor Enir Vaccari, publicou, em abril, o primeiro número de um boletim que depois se transformou na Revista Ren-Sei-Kan. A capa deste primeiro número do boletim, reproduzida na página a seguir, mostra, em letras menores e entre parênteses, a expressão "jiu-jitsu", abaixo da palavra JU-DÔ, essa em caixa alta.
Tal fato demonstra que ainda naquela data persistia uma certa insistência na antiga denominação. Na capa do boletim número 12, de novembro/dezembro de 1957, também reproduzida adiante, já não aparece a antiga expressão.
Muitos atletas pioneiros se transformaram em elementos multiplicadores de conhecimento e disseminaram o judô por diversas localidades do Rio de Janeiro. A Zona Norte e os subúrbios responderam muito bem aos estímulos dos professores pioneiros e, em março de 1957, foi fundada a Academia Suburbana, sob a direção do professor Theóphanes Mesquita. Neste mesmo ano, o Capitão Paraquedista Carlos Alberto Menna Barreto implantou o judô no Batalhão Santos Dumont. A atividade ficou sob a responsabilidade do professor Theóphanes Mesquita, que contou com a supervisão dos professores Cordeiro e Hermanny. Em 1958, ocorreu a fundação da Academia Líder, pioneira em Duque de Caxias. O seu fundador e primeiro diretor foi o professor Antônio Silva Gomes (5º dan).
No Campeonato Carioca de Judô de 1957, segundo o boletim da Academia Ren-Sei-Kan (nº 12 de 1957), participaram as seguintes agremiações: Academia Cordeiro, Academia Ren-Sei-Kan, Academia Irmãos Gracie, Satélite Clube, Clube de Regatas Flamengo, Clube Naval e Escola Naval.
Em 27 de dezembro de 1957, o professor Cordeiro viajou para o Japão, onde permaneceu por 6 meses, desenvolvendo estudos sobre a prática do judô.
No Campeonato Carioca de Judô de 1958 estiveram presentes as seguintes agremiações: Academia Cordeiro, Academia Suburbana, Academia Ren-Sei-Kan, Academia Britto, Academia Nipo-Brasileira e o Clube de Regatas Flamengo.
Em 17 de abril de 1958, ocorreu a fundação da Federação Paulista de Judô. Nos dias 9 e 10 de agosto desse mesmo ano, foi realizado no Brasil, precisamente nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, o III Campeonato Pan-Americano de Judô. Participaram desse evento as equipes dos seguintes países: Brasil, Argentina, México, Estados Unidos e Cuba. O Brasil, pela primeira vez, foi vencedor desse campeonato.
O Rio de Janeiro continuou a realizar o seu campeonato anual, sob a égide da Federação Metropolitana de Pugilismo. Um problema, no entanto, foi ganhando proporções: a legitimidade da outorga da faixa preta. Os professores de então davam a faixa preta a seus alunos, tal como os de hoje estão autorizados a fazer até a graduação de faixa marrom.
Ocorreu que esse critério, que pode ser classificado como subjetivo, passou a ser contestado sob o ponto de vista técnico e até quanto à lisura, vez que se chegou a falar até em venda de faixa preta, o que é inadmissível num ambiente de moralidade como o do judô.
O professor Cordeiro, cuja academia era a 8ª filial da Budokan, seguia rigorosamente a linha do mestre Ogawa e defendia que a legítima faixa preta teria de ser obtida em exame prestado em São Paulo, ante aquela instituição. Inúmeros foram os atletas cariocas que obtiveram a faixa preta dessa maneira.
Em 5 de dezembro de 1961, o Diário de Notícias noticiou a inauguração da Associação dos Faixas Pretas do Rio de Janeiro, cuja sede estava localizada em São Paulo. A festa de inauguração ocorreu, segundo o citado jornal, na Academia Portuária, que era dirigida pelo professor Masimo Ogino. Estiveram presentes, além do professor Tokuso Terasaki (7º dan da Kodokan), os professores Nagashima, Ogino, Antônio Melo, José Melo, Antônio Vieira, Togashi, Fábio Ludi Maier e Masatada Togashi, presidente da colônia nipônica de Santa Cruz, e mais 500 judocas alunos dos professores citados.
Os professores receberam, das mãos do professor Terasaki, certificados e diplomas de graus.
Uma das finalidades da Associação, e que ficou bem clara na solenidade, era comprovar a realidade dos títulos de "faixas pretas", para que não pudessem ostentá-la quem não estivesse verdadeiramente capacitado para tal. Do seu quadro social, pelo menos, só poderiam fazer parte os "faixas pretas" legítimos, ou seja, aqueles que provassem o seu direito de usar o título.
A diretoria da Associação ficou assim constituída: presidente Katsutoshi Naito (8º dan);vice-presidente Tokuso Terasaki (7º dan);conselheiros Nagashima e Ogino (ambos 6º dan).
Em 11 de maio de 1961, o jornal O Globo noticiou a eleição do Conselho Técnico de Judô, que ocorreu na sede da Federação Carioca de Pugilismo, tendo comparecido grande número de dirigentes de clubes.

Foram eleitos e empossados os seguintes desportistas: Membros Efetivos - Augusto Cordeiro, George Mehdi, Haroldo Britto, Theóphanes Mesquita, Takeshi Ueda e Rudolf Hermanny. Membros Suplentes - Shunji Hinata, Enir Vaccari, Luís Alberto Mendonça, Alair de Souza e Silva, Glauco de Lorenzi e Luís Roberto Moreira.
As atribuições do Conselho Técnico eram: disciplinar as concessões de faixas aos judocas, as licenças de funcionamento das academias, bem como orientar a melhor forma de se praticar o esporte para maior difusão.
A conclusão, de acordo com o que foi apresentado e comprovado com os recortes de jornais da época, é que existiam duas correntes interessadas em assumir a liderança do judô no Rio de Janeiro: uma ligada à Associação dos Faixas Pretas e outra representada pelo grupo que constituía o Conselho Técnico de Judô.
Segundo o professor Enir Vaccari, contemporâneo da época, o grupo ligado à Associação dos Faixas Pretas fundou, em 24 de junho de 1962, a Federação Carioca de Judô, tendo publicado, no Diário Oficial de 17 de julho de 1962, o Extrato do Estatuto da entidade. O presidente da Federação era o professor João Cândido Lacerda de Oliveira.
Este fato fez com que houvesse uma reação imediata da parte do outro grupo, o do Conselho Técnico de Judô. O professor Cordeiro, que ensinava no Clube Regatas Flamengo, conseguiu que o presidente deste clube, sr. Fadel Fadel, por meio de editais publicados no jornal O Globo, de 30 de julho de 1962, e no Diário Oficial de 6, 7 e 8 de agosto de 1962, convocasse os clubes que possuíam departamento de judô e as academias aliadas (essas se transformaram em
clubes de judô ou judô clubes), para uma assembléia em que seria tratada a fundação da Federação Guanabarina de Judô.
Apesar do grupo adversário ter se antecipado nas providências preliminares para a fundação da Federação, o professor Cordeiro e os seus seguidores conseguiram que o Conselho Nacional de Desportos paralisasse o andamento da documentação da Federação Carioca de Judô e aguardasse a apresentação do processo concernente à Federação Guanabarina de Judô.
Segundo o professor Vinícius Ruas, também contemporâneo da época, os dois processos correram paralelamente.
Finalmente, o grupo liderado pelo professor Cordeiro conseguiu alcançar o objetivo pretendido. No dia 9 de agosto de 1962, na sede do Clube de Regatas Flamengo, localizada na Praia do Flamengo nº 66/68, foi realizada a histórica assembléia de fundação da Federação Guanabarina de Judô. Os clubes e os seus respectivos representantes que compareceram foram: Clube de Regatas Flamengo - Alair Souza e Silva; Botafogo Futebol e Regatas - Oswaldo José Soares Simon; Clube Monte Líbano - Dr. Waldemar Mattos Tourinho; São Cristóvão Futebol e Regatas - Milton Soares Ribeiro; Clube Leblon - professor Leopoldo Levindo de Lucca; Esporte Clube Cocotá - Antônio Carlos Souza e Mello de Oliveira; Judô Clube Ren-Sei-Kan - Dr. José Pedro da Motta Cordeiro; Judô Clube Augusto Cordeiro - professor Antônio Afonso Alves; Judô Clube Rudolf Hermanny - José Fernandes.
O professor Antônio Afonso Alves, presidente do Judô Clube Augusto Cordeiro, esclareceu, durante a assembléia, que os judô clubes presentes, apesar de ainda não regularizados, tinham seus estatutos em exame na Federação Carioca de Pugilismo, para fins de registro e ali se encontravam para dar completo apoio à fundação da Federação Guanabarina de Judô, devendo ser assim considerados como fundadores da entidade.
Em prosseguimento, por proposta do professor Augusto Cordeiro, foi apresentada uma chapa única, que foi eleita por aclamação. Esta chapa estava assim constituída:
Presidente - Brigadeiro Oswaldo Balloussier;
Vice-presidente - Ézio Martins do Valle;
Membros efetivos do Tribunal de Justiça Desportiva:
Dr. José Roberto Vieira de Castro;
Dr. Paulo Waldemar Falcão;
Dr. Sérgio Delamare;
Dr. Luís Carlos Vital;
Dr. Hélio Torres Pereira.
Suplentes:
sr. Antônio de Campos Raposo;
Dr. Oswaldo Sebastião Miziara;
Dr. Francisco Otoche;
Dr. Sérgio Ney Palmeiro;
Dr. Moacyr Cleanto de Albuquerque.
Membros efetivos do Conselho Fiscal:
sr. David Augusto Guimarães;
sr. José Maria Cavalcante de Albuquerque;
sr. Geraldo Nasser.
Suplentes:
sr. Faustino da Silva Fernandes Bastos;
sr. Rubens Ouchida;
sr. Virgílio Affonso Alves.
Secretário Geral - professor Enir Vaccari;
Diretor Técnico - professor Rudolf Hermanny;
1º Secretário - professor Jorge Luís Souza e Silva;
Tesoureiro - Alair de Souza e Silva;
1º Tesoureiro - Ary Calvet de Souza.
Algum tempo depois, o Brigadeiro Balloussier foi transferido para servir em outro estado, ficando vago o cargo de presidente da Federação Guanabarina de Judô. Meses depois, o professor Hermanny renunciou ao cargo de Diretor Técnico, o mesmo ocorrendo com o vice-presidente Ézio Martins do Valle. Nessas circunstâncias, o Secretário Enir Vaccari assumiu diversas funções até que uma segunda Assembléia elegeu a nova diretoria, presidida pelo sr. Alair de Souza e Silva.
Mesmo tendo havido a histórica disputa para a fundação da federação de judô no Rio de Janeiro, felizmente não chegou a ter a conseqüência de um racha entre os dois grupos, o que seria muito ruim para o esporte. Assim é que Nair Nagashima, filha do mestre Nagashima, assegurou que o professor, praticamente até o dia de sua morte, comparecia com muito prazer para arbitrar os campeonatos promovidos pela Federação Guanabarina de Judô, hoje Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro.
Essa união contribuiu certamente para o engrandecimento do judô e para que este merecesse o apoio da classe médica e educacional. Assim é que o boletim número 1 de 1963 do Judô Clube Ren-Sei-Kan transcreveu uma matéria publicada na revista "Cigarra", de grande tiragem na época, em que O Dr. Hermínio Macedo, renomado médico carioca, ressalta as qualidades terapêuticas e educacionais conseguidas com a prática do judô.
As palavras do Dr. Macedo foram as seguintes: " Como processo terapêutico, é recomendado especialmente em casos de hiperagressividade, ansiedade, gagueira, asma, timidez, medos injustificados e enurese. Como processo educacional, atua na formação de hábitos, reflexos e disciplina interior".
O professor Hermanny forneceu um antigo recorte de jornal que traz os vencedores dos campeonatos cariocas desse período inicial, ou seja, de 1954 a 1961, quando ainda não existia a Federação Guanabarina de Judô. A transcrição dos resultados servem para comprovar a veracidade do que foi apresentado na presente reconstituição.
Em 1954:
Faixa Roxa - Andras Varsharehly - Academia Cordeiro;
Faixa Marrom - Rudolf Hermanny - Academia Cordeiro;
Faixa Preta 1º dan - Harry Rutman - Academia Cordeiro;
Faixa Preta 2º dan - Antônio Alves - Academia Cordeiro.
Em 1955:
Faixa Verde - Isidoro Raposo - Academia Cordeiro;
Faixa Roxa - Hugo Melo - Clube de Regatas Flamengo;
Faixa Marrom - Luís Raimundo Machado - Academia Cordeiro;
Faixa Preta 1º dan - Harry Rutman - Academia Cordeiro;
Faixa Preta 2º dan - Rudolf Hermanny.
Em 1956:
Faixa Branca - Arthur Nascimento - Satélite Clube;
Faixa Verde - Uerley Ferreira - Clube de Regatas Flamengo;
Faixa Roxa - Hélio Marques - Academia Cordeiro;
Faixa marrom - Luís Raimundo Machado - Academia Cordeiro;
Faixa Preta 1º dan - Luís Alberto Mendonça - Academia Cordeiro;
Faixa Preta 2º dan - Harry Rutman - Academia Cordeiro;
Faixa Preta 3º dan - Antônio Alves - Academia Cordeiro.
Em 1957:
Faixa Branca - Moacir Luzia Vale - Academia Gracie;
Faixa Verde - Rubens Bogossian - Academia Britto;
Faixa Roxa - Fausto Basto - Academia Cordeiro;
Faixa Marrom - Hélio Marques - Academia Cordeiro;
Faixa Preta 1º dan - Luís Alberto Mendonça -Academia Cordeiro;
Faixa Preta 2º dan - Harry Rutman - Academia Cordeiro;
Campeão Absoluto - Luís Alberto Mendonça - Academia Cordeiro.
Em 1958:
Faixa Roxa - Eurico Lyra Filho - Esporte Clube Radar;
Faixa Marrom - Antonio Kroff - Academia Cordeiro;
Faixa Preta 1º dan - João Graff Vassaux - Academia Cordeiro;
Faixa Preta 2º dan - Shunji Hinata - Academia Japonesa;
Campeão Absoluto - Shunji Hinata - Academia Japonesa.
Em 1959:
Faixa Roxa - Eurico Lyra Filho - Esporte Clube Radar;
Faixa Marrom - Rubens Bogossian - Academia Britto;
Faixa Preta 1º dan -Antonio Kroff - Academia Cordeiro;
Faixa Preta 2º dan - Luís Alberto Mendonça - Academia Cordeiro;
Faixa Preta 3º dan - Shunji Hinata - Academia Japonesa;
Campeão Absoluto - Luís Alberto Mendonça - Academia Cordeiro.
Em 1960:
Faixa Roxa - Guilherme Kurtz - Academia Japonesa;
Faixa Marrom - Carlos Bartolomeu Cavalcanti - Academia Cordeiro;
Faixa Preta 1º dan - Shozi Tiba;
Faixa Preta 2º dan - Luís Alberto Mendonça - Academia Cordeiro;
Faixa Preta 3º dan - George Kastriot Mehdi - Academia Mehdi;
Campeão Absoluto - Luís Alberto Mendonça - Academia Cordeiro.
Em 1961:
Faixa Verde - Heitor Taborda - Academia Japonesa;
Faixa Roxa - Newton Tuim - Academia Britto;
Faixa Marrom - Oswaldo Simon - Academia Mehdi;
Faixa Preta 1º dan - Silvino Vieira - Academia Ren-Sei-Kan;
Faixa Preta 2º dan - Harry Rutman - Academia Cordeiro;
Faixa Preta 3º dan - Luís Alberto Mendonça - Academia Cordeiro;
Campeão Absoluto - Shunji Hinata - Academia Japonesa.
Nas primeiras competições de judô realizadas no Rio de Janeiro, ainda sob a égide da Federação Metropolitana de Pugilismo, e quando a Zona Sul mantinha a hegemonia da modalidade, o locutor e árbitro de boxe, sr. Jaime Ferreira, solicitava silêncio absoluto dos presentes, alegando que qualquer barulho atrapalharia a concentração dos atletas. A platéia atendia inteiramente à solicitação do locutor e só se manifestava depois de consumado o golpe ou terminado o combate. O tempo foi passando, o judô do Rio de Janeiro se tornou independente e foi se organizando de maneira realmente notável. O esporte atingiu os mais diversos recantos do estado e acolheu democraticamente as classes menos favorecidas economicamente.
Na página a seguir, está a reprodução de uma fotografia histórica, em que parece o professor Cordeiro, no primeiro plano, comemorando com alguns correligionários a fundação da Federação Guanabarina de Judô. Em cima da mesa é possível ver, numa cartolina, os dizeres "Federação G. de Judô".
Os atletas, professores, dirigentes e demais pessoas envolvidas de qualquer maneira com o judô do Rio de Janeiro, apesar de todas dificuldades e novas tendências, devem preservar e ampliar o que foi semeado com muita dedicação e competência.
O professor Hermanny também nos repassou dados oficiais fornecidos pela Confederação Brasileira de Pugilismo, que mostram o posicionamento do judô do Rio de Janeiro no âmbito nacional, no período que vai até 1961:
1º Campeonato Brasileiro realizado em 1954, no Rio de Janeiro:
Faixa Marrom: João Yamamoto (São Paulo)
Faixa Preta 1º dan: Rudolf Hermanny (Rio de Janeiro)
Faixa Preta 2º dan: Hidenobu Shiozawa (São Paulo)
Faixa Preta 3º dan: Masayoshi Kawakami (São Paulo)
Campeão Absoluto: Masayoshi Kawakami (São Paulo)
2º Campeonato Brasileiro realizado em 1955, em Belo Horizonte:
Faixa Marrom: Minuro Ito (São Paulo)
Faixa Preta 1º dan: Masayoshi Hiroshima (São Paulo)
Faixa Preta 2º dan: José R. Vieira (São Paulo)
Faixa Preta 3º dan: Akira Yamamoto (São Paulo)
Campeão Absoluto: Masayoshi Kawakami (São Paulo)
3º Campeonato Brasileiro realizado em 1956, em São Paulo:
Faixa Marrom: Lhofei Shiozawa (São Paulo)
Faixa Preta 1º dan: Wilson S. Oliveira (Rio de Janeiro)
Faixa preta 2º dan: Manabu Kurachi (São Paulo)
Faixa Preta 3º dan: Masayoshi Kawakami (São Paulo)
Campeão Absoluto: Masayoshi Kawakami (São Paulo)
4º Campeonato Brasileiro realizado em 1957, no Rio de Janeiro:
Faixa Marrom: Washington Calfat (São Paulo)
Faixa Preta 1º dan: Lhofei Shiozawa (São Paulo)
Faixa Preta 2º dan: Shunji Hinata (Rio de Janeiro)
Faixa Preta 3º dan: Manabu Kurachi (São Paulo)
Campeão Absoluto: Masayoshi Kawakami (São Paulo)
5º Campeonato Brasileiro realizado em 1958, em belo Horizonte:
Faixa Marrom: Antônio P. Kroff (Rio de Janeiro)
Faixa Preta 1º dan: Luiz Raimundo Machado (Rio de Janeiro)
Faixa Preta 2º dan: Shunji Hinata (Rio de Janeiro)
Faixa Preta 3º dan: Manabu Kurachi (São Paulo)
Campeão Absoluto: Masayoshi Kawakami (São Paulo)
6º Campeonato Brasileiro realizado em 1959, em Porto Alegre:
Faixa Marrom: Milton Lovato (São Paulo)
Faixa Preta 1º dan: Roberto David (São Paulo)
Faixa Preta 2º dan: Luiz Alberto Mendonça (Rio de Janeiro)
Faixa Preta 3º dan: Shunji Hinata (Rio de Janeiro)
Campeão Absoluto: Masayoshi Kawakami (São Paulo)
7º Campeonato Brasileiro realizado em 1960, em Brasília:
Faixa Marrom: Álvaro Loureiro (Minas Gerais)
Faixa Preta 1º dan: Fumio Tani (São Paulo)
Faixa Preta 2º dan: Luiz Alberto Mendonça (Rio de Janeiro)
Faixa Preta 3º dan: Shunji Hinata (Rio de Janeiro)
Campeão Absoluto: Luís Alberto Mendonça (Rio de Janeiro)
8º Campeonato Brasileiro realizado em 1961, no Rio de Janeiro;
Faixa Marrom: Takeshi Miura (São Paulo)
Faixa preta 1º dan: Carlos Bartolomeu Cavalcanti (Rio de janeiro)
Faixa Preta 2º dan: Haruo Nishimura (São Paulo)
Faixa Preta 3º dan: Rudolf Hermanny (Rio de Janeiro)
Campeão Absoluto: Masayoshi Kawakami (São Paulo)
Nos campeonatos por equipe, a da Federação Paulista de Pugilismo conquistou o título por 6 vezes. No entanto a equipe carioca conseguiu o bi-campeonato nos anos de 1959 e 1960.
Em 1959, a equipe campeã da Federação Metropolitana de Pugilismo formou com os seguintes atletas:
Luiz Raimundo Machado
Shunji Hinata
Masamitus Togashi
Luís Alberto Mendonça
Rudolf Hermanny
Em 1960, a equipe bi-campeã da Federação Carioca de Pugilismo (denominação adotada em virtude da mudança da capital para Brasília) formou com os seguintes atletas:
Shunji Hinata
Rudolf Hermanny
Luís Alberto Mendonça
Carlos Tiba
Osmar Vieira
No âmbito internacional, no período enfocado, o Brasil participou de três campeonatos pan-americanos e os atletas cariocas dessa época tiveram participação destacada em todos eles. O judô brasileiro não participou do I Campeonato Pan-Americano, mas esteve presente a partir do segundo.
O II Campeonato Pan-Americano ocorreu em 1956 e se realizou em Havana, Cuba, tendo o Brasil se sagrado Vice-Campeão. Os atletas cariocas que participaram dessa competição foram Luiz Alberto Mendonça, Shunji Hinata e Augusto Cordeiro. A colocação de cada um deles foi:
Luís Alberto Mendonça: campeão faixa marrom;
Shunji Hinata: vice-campeão faixa preta 2º dan;
Augusto Cordeiro: participou da disputa por equipe em que a representação brasileira foi Vice-Campeã.
O III Campeonato Pan-Americano ocorreu em 1958, no Rio de Janeiro e o Brasil sagrou-se Campeão.
Este ano de 1958 foi particularmente de êxitos esportivos para as cores brasileiras. No futebol, o Brasil conquistou pela primeira a Copa Jules Rimet. Seguiram-se outros títulos no atletismo, basquetebol, natação, polo-aquático, tênis de mesa, ciclismo e Maria Ester Bueno conquistou o primeiro lugar no Torneio de Tênis de Winblendon.
Os atletas cariocas que obtiveram medalha de ouro no III Campeonato Pan-Americano de Judô foram:
Luís Alberto Mendonça: campeão faixa preta 1º dan;
Shunji Hinata: campeão faixa preta 2º dan.
Hinata ainda ganhou uma segunda medalha de ouro como integrante da disputa por equipe.
O IV Campeonato Pan-Americano ocorreu em 1960, no México e o Brasil sagrou-se Bi-Campeão. Os cariocas obtiveram as seguintes classificações:
Luís Alberto Mendonça: campeão faixa preta 2º dan;
Shunji Hinata: vice-campeão faixa preta 3º dan.
Na disputa por equipe, a representação brasileira foi campeã e os três cariocas que dela paticiparam foram:
Luís Alberto Mendonça
Shunji Hinata
Rudolf Hermanny.
O professor Augusto Cordeiro foi o técnico da delegação brasileira.
Nesse evento, o carioca Luís Alberto Mendonça conseguiu a façanha de ser o primeiro brasileiro a conquistar por três vezes consecutivas o título de Campeão Pan-Americano.
A Federação Guanabarina de Judô se instalou com sede própria na Avenida Presidente Vargas, nº. 590, 20º andar, grupo 2.005.
Um acontecimento dessa primeira época que merece ser ressaltado foi noticiado pelo Jornal do Brasil, em 13 de dezembro de 1959. O professor Haroldo Britto, um dos colaboradores na expansão do judô no Rio de Janeiro, elaborou um método para salvamento de afogados adaptando 12 posições fundamentais de judô.
O método em questão permite que os guarda-vidas dominem qualquer pessoa sem magoá-la, o que, geralmente, não acontecia com os modelos usados até então.
O Serviço de Salvamento da Prefeitura contratou o professor Haroldo Britto para ministrar o método aos guarda-vidas. As aulas teóricas e práticas ocorreram no Posto 6, na praia de Copacabana. Neste curso também eram ensinadas técnicas de kwatsu, usadas no judô para reanimar o praticante que desfalecera.
Posteriormente, as faculdades de Educação Física passaram a ensinar o método de salvamento aos seus alunos, na disciplina de natação. Infelizmente nem todas se lembram de citar a autoria do professor de judô.
A consolidação do judô esportivo no Rio de Janeiro ocorre, de maneira definitiva, com a fundação da Federação Guanabarina de Judô, quando a organização da modalidade alcança a sua independência.
No período em que esteve sob a égide da Federação Metropolitana e depois Carioca de Pugilismo, é possível constatar, pelos resultados e acontecimentos apresentados, que o Rio de Janeiro se firmou como a segunda força do judô nacional e que atletas cariocas brilharam intensamente nas disputas continentais. Essa tendência viria a se confirmar como uma constante nos períodos subsequentes.
No próximo capítulo será feito um estudo de como o judô começou e se desenvolveu no interior, ou seja, no antigo Estado do Rio de Janeiro, até o momento da fusão, quando as duas federações existentes se uniram e formaram a atual Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro (FJERJ).
 

2º CAPÍTULO

O JUDÔ NO INTERIOR DO RIO DE JANEIRO
A elaboração deste capítulo baseia-se, principalmente, em anotações feitas pelo prof. Walter Russo de Souza, um dos que mais trabalharam pelo desenvolvimento do judô no interior do estado, notadamente em Duque de Caxias e Baixada Fluminense, e por depoimentos do prof. José de Almeida Souza, contemporâneo da época.
Os documentos manuscritos pelo saudoso professor Walter Russo foram gentilmente cedidos, para fonte da pesquisa, por seu filho o prof. Walter Russo de Souza Jr.
Na Baixada Fluminense e em Niterói houve um período em que a luta livre encontrou muitos adeptos e alguns judocas foram introduzidos no desporto de luta por meio desta modalidade. Este foi o caso de Santo Marzullo, que foi aluno do professor Orlando Barradas, e de Walter Russo de Souza, que foi aluno dos professores Pedro Montanha e Sadin Catib, na Academia Líder, que, como foi dito anteriormente, foi fundada em 1958.
O pioneiro da luta livre em Duque de Caxias foi Hanilton Félix da Silva, conhecido como "Biriba", que começou a lutar em 1948 e se apresentou em diversos estados do Brasil, inclusive no ginásio do Maracanãzinho, tendo enfrentado renomados lutadores como Pedro Hemetério e Waldemar Santana. Outro lutador que se tornou conhecido foi Manuel Maciel, apelidado de "Tatu".
Em Niterói, além do citado Orlando Barradas, também pode ser mencionado Adir de Oliveira, o "Índio", e muitos outros.
O judô no interior teve o seu desenvolvimento paralelo ao então Distrito Federal e depois Estado da Guanabara. Segundo o prof. Walter Russo, antes da fundação da Academia Lider, o judô já era praticado em diversas colônias japonesas da região, tais como: Colônia Agrícola de São Bento (Duque de Caxias), Colônia Agrícola de Papucaia (Papucaia), Colônia Agrícola de Itaguaí (Itaguaí) e outras.
O judô, portanto, migrou dessas colônias para as academias.
Cerca de três anos antes da fundação da Academia Líder, o prof. Marcel George Désert, faixa preta 1º grau (Sho-Dan), de nacionalidade francesa e que lecionava no Centro Metropolitano de Desportos Gráficos, auxiliava os professores Masimo Ogino (4º dan) e Gengo Katayama (7º dan) nas aulas ministradas aos sábados, na Colônia Agrícola de São Bento.
Os professores iam de ônibus até Duque de Caxias e um caminhão os apanhava, para levá-los ao local de treinamento.
Por volta do final do ano de 1958, a Colônia Agrícola de São Bento mudou-se parte para Papucaia e parte para Itaguaí. Nesta ocasião, o prof. Marcel recebeu o convite do sr. Antônio Gomes, Diretor da Academia Líder, para ensinar judô naquela agremiação.
Os primeiros alunos do prof. Marcel, na Academia Líder, foram: Walter Russo de Souza, Antônio da Silva Gomes, Ronaldo Pereira Leal e Adão Mayano, dentre outros.
Em 1959, os professores Yoshimasa Nagashima (4º dan) e Fumio Miva (3º dan) fundaram a Academia Nagashima na Rua Miguel de Frias, em Niterói, e dentre seus primeiros alunos estavam Santo Marzullo e Mário Daltro Lemos.
Depois dessas duas academias, que foram as pioneiras, seguiram-se outras no interior como a Academia Niteroiense, em 1962, e a Academia Tokio Mao, em 1964, ambas em Niterói.
O prof. Tokio Mao é um japonês que chegou ao Brasil na década de 50, como especialista em engenharia química, num programa entre Brasil e Japão. A grande particularidade, no entanto, é que ele foi um dos raros casos de sobrevivência de um piloto kamikase, porque o avião em que estava foi abatido antes de atingir o alvo.
Ainda em 1964, foram fundados o Judô Clube Serrano, em Petrópolis, que teve o concurso do prof. Dejair Teixeira, e a Associação Atlética Automóvel Clube, em Campos, com o prof. Hiroshe Yamagushi. Em 1965, o prof. Takashi Yamagushi fundou o Judô Clube Sol Nascente, em Cachoeiras de Macacu. Em 1967, Duque de Caxias ganhava o Judô Clube Walter Russo e, na década de 70, o professor Tokuso Yamasaki chegou ao Vale do Paraíba.
Duque de Caxias e Niterói, foram, portanto, os pólos geradores do judô no interior do Rio de Janeiro.
O prof. Walter Russo recebeu as promoções iniciais no judô das mãos do prof. Marcel. Em 1961 recebeu a faixa marrom (1º kyu) e já dava aulas para um grupo de alunos. Em 1962, quando participava do Campeonato Carioca, realizado no Clube Hebraica, na Rua das Laranjeiras nº 346, Zona Sul do Rio de Janeiro, sofreu uma contusão no cotovelo, que passou a incomodá-lo bastante.
Orientado pelo prof. Marcel, procurou a ajuda do prof. Gengo Katayama, que possuía uma academia na Travessa Angrense nº 13, no bairro de Copacabana. Dentro da academia, o prof. Katayama mantinha uma Clinica de Massagens, que funciona até os dias de hoje.
Curado da lesão, o prof. Walter Russo conseguiu conciliar as aulas que dava na Academia Líder com os treinos que passou a realizar na Academia Katayama. Em 1964, recebia a faixa preta das mãos do mestre japonês, sendo o primeiro atleta da Baixada Fluminense a conseguir essa promoção.
Segundo o prof. Walter Russo de Souza, a Federação Fluminense de Judô foi fundada em 1965, com sede em Niterói.
Participaram da primeira diretoria os seguintes desportistas:
Presidente: Dr. Demerval:
Diretor Técnico: Jorge Nascimento;
Secretário: Hugo de Souza.
A segunda diretoria estava assim constituída:
Presidente: Hugo Mallet;
Diretor Técnico: Osvaldo Florentino;
Secretário: Hugo de Souza.
O prof. Hugo de Souza exerceu o cargo de Secretário em todas as diretorias da Federação Fluminense de Judô (FFJ).
As competições promovidas pela FFJ eram realizadas, geralmente, no Clube de Regatas Gragoatá, onde o prof. Hugo de Souza ensinava a modalidade.
O atleta federado à FFJ que mais títulos conquistou foi José de Almeida Souza, que foi aluno dos professores Marcel Désert, Antônio Gomes e Takeshi Ueda. Este último a partir de 1967.
Segundo o prof. José de Almeida Souza, o aluno da Academia Líder que conquistou o título mais importante foi Washington de Oliveira Abreu, que se sagrou Campeão Pan-Americano em 1972.
Neste ano de 1972, durante o Campeonato Fluminense de Judô, o prof. Walter Russo ficou sensibilizado com o grande sacrifício dos atletas vindos de Campos, Volta Redonda, Petrópolis, Nova Iguaçu, Friburgo, Conceição de Macabu e outras praças para participarem do evento. A pesagem de todas as classes começava às 8 horas e depois eram elaboradas as chaves. Muitos atletas só iam lutar por volta das 16 ou 17 horas. Dependendo de onde vinham, muitos participantes, por exemplo os de Campos e Volta Redonda, para estarem presentes no horário estabelecido, tinham de sair de suas casas às 2 horas da madrugada.
Tal situação colocava os atletas das cidades próximas numa posição de grande vantagem.
A partir dessa data, o prof. Walter Russo começou a contatar outros professores em busca de uma solução para o problema.
Em 1975, houve a fusão do antigo Estado do Rio de Janeiro com o Estado da Guanabara e, como conseqüência, todas federações esportivas situadas no novo estado também estavam obrigadas a se fundirem.
Nesta ocasião, a diretoria da FFJ estava assim constituída:
Presidente: Tenente Coronel Arlindo Henrique de Mattos;
Diretor Técnico: Mário Daltro Lemos;
Secretário: Hugo de Souza.
O Coronel Arlindo fora eleito para o cargo em 1972 e o presidente da Federação Guanabarina de Judô era Joaquim Mamede de Carvalho e Silva.
Uma questão que não chegou a se constituir num problema, mas que trouxe uma certa expectativa, foi a decisão sobre quem seria o presidente da federação resultante da fusão. O Coronel Arlindo achou por bem levar a documentação da FFJ para a sua residência até que a situação fosse equacionada.

O presidente da FGJ escolheu o prof. Walter Russo para participar na solução da questão, já que este tinha o seu judô clube inscrito na FFJ e também era um colaborador da FGJ.
O prof. Walter Russo, conforme suas palavras, sentiu-se honrado com o convite e foi muito bem recebido pelo Coronel Arlindo, que lhe entregou toda a documentação da FFJ, tendo se colocado à disposição para o que fosse preciso.
No dia 26 de outubro de 1976, a fusão das duas federações foi realizada com a fundação da Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro (FJERJ) sendo outorgada em Assembléia Geral. A conclusão de todo o processo, no entanto, ainda levou cerca de dois anos.
É interessante ressaltar que o escudo da FJERJ foi idealizado de modo a preservar, dentro do possível, detalhes existentes nos escudos das duas federações fundidas. O trabalho foi feito pelo desenhista e paisagista "Basaga", de Duque de Caxias.
O escudo tem a forma triangular, com o vértice voltado para baixo, a parte superior horizontal e os dois lados, ligeiramente curvos, têm a cor azul. No interior do triângulo há um disco na cor vermelha, onde estão dois judocas envolvidos numa técnica de judô (uchi-mata). Esta foi a parte preservada da antiga FFJ.
O fundo branco, contendo no centro um círculo limitado por uma faixa estreita na cor vermelha e os dois golfinhos azuis, com as cabeças voltadas para baixo, que ladeiam o escudo são as contribuições da antiga FGJ.
Com o advento da FJERJ, o prof. Walter Russo, que contava com a colaboração de outros professores, dentre estes o prof. José de Almeida, fez uma investida ante a nova federação no sentido de conseguir um suporte que tornasse possível a organização dos campeonatos do interior divididos por regiões.
Infelizmente, segundo o prof. Walter Russo, na gestão do presidente Joaquim Mamede o objetivo maior era massificar o judô federado na capital, com os eventos ocorrendo, quase que exclusivamente, na Universidade Gama Filho (UGF).
O interior ficara todo esse tempo entregue a sua própria sorte.
Quando o prof. Raimundo Faustino Sobrinho assumiu a presidência da FJERJ, houve nova investida pela criação de pólos municipais de judô.
O presidente Faustino, que já conhecia a reivindicação, não se opôs a nova medida, mas a divisão por municípios não teve o êxito que se esperava. Houve disputa acirrada pelos cargos de direção dos pólos, o que prejudicou muito a indispensável união requerida para a empreitada.
Assim é que o polo de Duque de Caxias nasceu morto. O único polo que chegou a dar os primeiros passos foi o de Campos, mas não teve sucesso na resolução de problemas criados para a Federação e para as academias localizadas no município.
A tentativa serviu para demonstrar que a melhor solução era a divisão por regiões. As agremiações do interior mostraram a sua determinação na acolhida do projeto, conseguindo o apoio das autoridades municipais para um trabalho em grupo.
Com mais cautela, foi testada uma fórmula no 1º Torneio Experimental de Judô da Baixada Fluminense, em que os atletas foram divididos por idade e as competições realizadas nos dojôs das diversas academias. A fórmula deu certo, pois as agremiações sentiram-se prestigiadas e participativas.
O grupo de professores resolveram então partir para a ampliação dos horizontes e contaram com a colaboração de Ernesto Balbino da Silva, estudante de Arquitetura da UGF, que auxiliou na redação do projeto e na elaboração dos mapas indicativos da divisão por regiões.
Nesta ocasião o grupo obteve a informação que São Paulo adotara, com inteiro êxito, um sistema semelhante com as divisões por Delegacias Regionais.
De posse do material explicativo, o grupo de professores compareceu ante o sr. Márcio Molinaro, então presidente da FJERJ.
O presidente Molinaro, com aprovação unânime da diretoria, em reunião datada de 16/07/1985, publicou no Boletim nº 06/85, de 5 de agosto de 1985, a nomeação do professor Walter Russo de Souza para Supervisor das Regiões do Interior.
O cargo, conforme consta no citado boletim, tinha por objetivo a dinamização do judô em todo o Estado do Rio de Janeiro.
Apesar da nomeação, o prof. Walter Russo achou que o apoio recebido ainda não era o ideal.
O presidente seguinte foi o prof. Emmanoel de Andrade Mattar, que prometeu levar o projeto adiante, mas optou por aguardar um tempo.
Os fins ou os objetivos das Regiões Administrativas que constavam no projeto eram os seguintes:
1º - dirigir, orientar e fiscalizar a prática do judô na Região;
2º - zelar para que o judô seja praticado como elemento de formação e aperfeiçoamento do ser humano;
3º - ter sob seu controle técnico os eventos de judô realizados na Região.
O prof. Walter Russo fez o curso de pós-graduação em Educação Física na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e o titular da cadeira de judô era o prof. Ney Wilson Pereira da Silva, que, naquela ocasião, era também o Diretor Técnico da FJERJ. O projeto dos professores foi tema de várias discussões em sala de aula.
Em 1991, o prof. Ney Wilson foi eleito presidente da FJERJ e tendo estudado detidamente o projeto do grupo dos professores, entendendo que a modalidade devia encontrar mais facilidade para se expandir no interior, implementou a divisão por regiões das agremiações filiadas à Federação.
Inicialmente foram criados os Campeonatos Zonais e Regionais que dividiram o Estado do Rio de Janeiro em seis regiões. Os primeiros coordenadores e suas regiões foram:
1ª Região - Município do Rio de Janeiro;
2ª Região - Baixada Fluminense: prof. Walter Russo de Souza;
3ª Região - Niterói e Região dos Lagos: prof. Paulo Fernando Menezes;
4ª Região - Serrana: prof. Luiz Carlos Ferreira de Souza;
5ª Região - Vale do Paraíba e Sul Fluminense: prof. Jorge Louzada;
6ª Região - Campos e Norte Fluminense: prof. Shiro Matsuda.
Esta divisão trouxe resultados satisfatórios e possibilitou a melhor observação do desempenho dos atletas do interior de grande potencial. Este foi também o primeiro passo para que fossem implantados os núcleos regionais, o que ocorreu em 1992.
Em 2001, a divisão por regiões foi a seguinte:
1ª Região - Município do Rio de Janeiro
2ª Região - Baixada Fluminense;
3ª Região - Niterói e Região dos Lagos;
4ª Região - Serras Sul;
5ª Região - Vale do Paraíba;
6ª Região - Norte e Noroeste Fluminense;
7ª Região - Serras Norte.
Outras medidas foram sendo tomadas para fortalecer e facilitar a administração do judô no interior do Rio de Janeiro como, por exemplo, a formação de árbitros em cada região, garantindo a aplicação correta das regras e a prática da modalidade de acordo com as constantes adaptações.
A arbitragem por ser fator de grande relevância na prática do judô, com implicação direta no sucesso de qualquer evento, será estudada no próximo capítulo, que envolve uma pesquisa dos tempos primordiais.


3º CAPÍTULO

SÍNTESE DOS PRIMEIROS MOMENTOS E DA EVOLUÇÃO DAS REGRAS DE JUDÔ NO RIO DE JANEIRO
Ao se fazer uma retrospectiva histórica sobre as modificações, adaptações, criações e determinações que adquirem a forma de novas regras para as competições, fica visível o paralelo crescimento técnico e desportivo do judô.
O primeiro regulamento de regras brasileiras para lutas em que os contendores se apresentavam de judogi (traje para praticar judô) está datado de 1936.
Esse regulamento foi elaborado pela Federação Brasileira de Pugilismo, sendo assinado pelo Dr. Anísio de Sá e registrado na Censura Teatral.
Para Carlos Catalano Calleja (1989, p. 13), o regulamento se refere à regras que presidiam os encontros de jiu-jitsu no Brasil. Mas Kawanishi Takeshita (s/d, p. 87 a 91) defende que as regras do regulamento eram para os encontros de judô.
O citado regulamento se refere a "ringue" com dimensões de 5m por 5m, cercado por cordas que contornam a área de luta. Quanto ao tempo de duração do combate, poderia chegar ao máximo de 60 minutos, podendo ser dividido em "rounds" de 10, 15 e 20 minutos, com intervalos de 2 a 3 minutos. A vitória seria obtida por perda dos sentidos do opositor, desclassificação deste ou ainda por contagem de pontos. A luta seria arbitrada por um juiz de "ringue" e 3 jurados de mesa. Se o lutador desfalecesse, o juiz imediatamente iniciaria a contagem de 10 segundos. A queda só seria computada se o lutador projetado caísse de espáduas ou flanco contra o solo, solto ou completamente dominado.
O artigo 11º determinava o critério para a pontuação:
ao final de cada "round", cada jurado anotará o seguinte:
a) 1 ponto ao que for superior na defesa;
b) 1 ponto ao que for superior no ataque;
c) 1 ponto ao que for superior na técnica;
d) 1 ponto ao que for superior na eficiência;
e) 1 ponto ao que for superior em quedas.
Verifica-se, portanto, que este regulamento, que é o primeiro que se tem notícia pela literatura, diz respeito a uma modalidade de luta bem diferente do judô atual. A luta pelo ponto completo (ippon-shobu) sequer era cogitada naquela ocasião. O regulamento estava calcado em critérios mais afeitos ao boxe.
Até 1940, só existiam as regras de judô escritas em japonês. (Costa, 1997)
Em 1950, ainda eram empregadas as técnicas de chaves de pé e perna e as que comprometiam o pescoço ou a coluna cervical.
As primeiras regras de judô divulgadas internacionalmente pela Kodokan datam de 1951. (Calleja, op.cit.).
Para o 1º Campeonato Brasileiro de Judô, foi elaborado o que se chamou de "Primeiro Regulamento Técnico" que, em linhas gerais, determinava o seguinte:
- o combate terá a duração de um único "round" de 5 minutos;
- o vencedor será quem conseguir uma das seguintes situações:
a) a queda completa (ippon);
b) duas quedas de meio ponto (waza-ari);
c) imobilizar o adversário por 30 segundos;
d) fazer com que o oponente desista, valendo-se para tanto de estrangulamento ou chave de luxação.
O combate também seria definido por desclassificação do adversário.
Também se poderia chegar ao ippon com a soma de um waza-ari acrescido a imobilização por 20 segundos. Se bem que nesse segundo caso, a Kodokan estipulasse o tempo de 25 segundos.
Se, durante o combate, um lutador conseguia a vantagem de um waza-ari, a luta continuava normalmente e, no final dos 5 minutos, o árbitro central solicitava a decisão por hantei, ou seja, pelo resultado das bandeiras levantadas pelos árbitros laterais indicando o vencedor.
De modo que o lutador, mesmo tendo obtido a vantagem do waza-ari (meio ponto), poderia perder a luta se fosse entendido que ele procurou garantir o resultado, ficando apenas na defesa e afastando-se do "Espírito do Judô".
Se a luta chegasse ao seu final, sem que qualquer vantagem fosse assinalada, poderia haver três prorrogações de um minuto. Mas se, durante a prorrogação, ocorresse um waza-ari, a luta terminava imediatamente. Era o que hoje se poderia chamar de "morte súbita".
O empate (hiki-waque) só seria declarado depois que decorresse as três prorrogações e permanecesse o equilíbrio das ações. Para esses casos, o art. 1º do "Primeiro Regulamento Técnico" estabelecia que o Árbitro Geral, que era o prof. Ryuzo Ogawa, fosse consultado para indicar o vencedor do combate.
O critério para indicar o vencedor obedecia a seguinte ordem:
a) domínio do combate;
b) espírito de luta;
c) técnica de atuação;
d) predomínio de ataque.
Ficou estabelecido que quando o combate chegasse ao 4º minuto, o cronometrista faria soar o sinal por uma vez e quando chegasse ao final do tempo regulamentar (5min), o sinal seria ouvido por duas vezes.
Os lutadores faziam a saudação em zarei (sentados sobre os calcanhares), antes e depois do combate. Também recebiam o resultado da luta nessa posição, levantando-se depois para o cumprimento final, admitindo-se a seguir o abraço ou o aperto de mão.
Quando recebiam ordem do árbitro central para recomporem o wagui (casaco do uniforme), durante a luta, os lutadores o faziam em zarei.
O árbitro tinha a prerrogativa de dar o combate por encerrado se julgasse que um dos lutadores estava com a sua integridade física ameaçada ou em perigo, ainda que não tivesse batido (sinal característico de desistência).
O árbitro central era soberano nas decisões e o papel dos laterais estava limitado praticamente a se manifestarem quando a luta fosse para o hantei. Caso os árbitros laterais levantassem bandeiras diferentes, caberia ao árbitro central o voto de desempate.
A exigência para a marcação do ippon ou waza-ari era muito severa. Dificilmente uma técnica de contra-ataque alcançaria a avaliação de ippon. Quanto ao waza-ari, a queda teria de ser quase perfeita.
Os termos utilizados na arbitragem de judô não passavam de uma dezena e mesmo assim não eram padronizados, de sorte que podiam diferir de uma região para outra.
Usava-se o termo jogai para indicar que os lutadores tinham saído da área de combate e jikan para a paralisação da contagem do tempo de luta.
Em 1964, para que o judô fosse incluído nos Jogos Olímpicos, foi necessário a adoção de novas categorias de peso além da absoluto. Passaram a ser adotadas as categorias leve, médio e pesado, que se somaram a absoluto. (Virgílio, 1994, p. 124)
As punições existentes eram chui (advertência) e hansoku-make (desclassificação).
A pouca ou praticamente nenhuma participação dos árbitros laterais nas decisões dos combates e o papel do Árbitro Geral interferindo no resultado passaram a constituir motivos de muita contestação da parte de todos interessados no judô.
A falta de padronização internacional dava margem a múltiplas interpretações e diferentes estilos de arbitrar. Além do que o texto sendo escrito em japonês, o tornava acessível apenas a uma minoria.
Em 1965, foi eleito presidente da FIJ o professor Charles Stuart Palmer, da Inglaterra, que permaneceu no cargo até 1979. Essa eleição foi um prenúncio das grandes modificações que viriam a ocorrer no judô.
Em agosto de 1967, ocorreu na cidade de Salt Lake, nos Estados Unidos da América, o histórico congresso em que foram aprovadas as Primeiras Regras de Competição da FIJ, oficialmente editadas em cinco idiomas: inglês, francês, espanhol, alemão e japonês.
A partir de então, a participação dos árbitros laterais foi grandemente ampliada e estes passaram a poder se manifestar em caso de discordância do árbitro central, embora a opinião deste ainda prevalecesse.
Foram introduzidas outras avaliações que se juntaram as de ippon e waza-ari existentes. Isto fez com que com que mais lances e momentos do combate passassem a receber atenção especial. Essas avaliações foram:
- kinza - que correspondia a uma pequena avaliação;
- waza-ari ni-chikai-waza - que seria o quase waza-ari.
As novas avaliações não eram anunciadas, de modo que os árbitros tinham de gravá-las mentalmente, o que fazia com que as ações ocorridas nos finais da luta fossem mais privilegiadas e isto se constituiu num fator negativo.
Foram introduzidas outras punições que se juntaram ao chui e ao hansoku-make existentes. O quadro geral de punições com as vantagens correspondentes ficou sendo o seguinte:
punições vantagens correspondentes
- shido = observação kinza
- chui = advertência waza-ari-ni-chikai-waza
- keikoku = repreensão waza-ari
- hansoku-make = desclassificação ippon
A saída da área de luta, que se tornara um hábito abusivo, foi desestimulada sendo punida diretamente com chui.
Foi abolido o gesto de estender o braço à frente para se proferir o comando de hajime (início ou reinicio do combate).
As categorias de peso corporal foram sendo ampliadas e aí surgiram novas gerações de campeões, mais leves e mais jovens. No âmbito internacional, o contraste foi grande, com a substituição dos gigantes que predominaram no período de após-guerra: Yoshimatsu, Daigo, Matsumoto, Ishikawa e Natsui. Esta transformação indica um trabalho de evolução no centro mais adiantado da atividade e que teve ressonância imediata em todo o mundo.
O artigo 27 das Primeiras Regras referia-se a 7 gestos para o árbitro central e 2 para os laterais. Os gestos para o árbitro central eram para assinalar:
- ippon;
- waza-ari;
- jikan (tempo);
- osaekomi (imobilização);
- osaekomi-toketa (imobilização desfeita);
- hiki-wake;
- torikeshi (gesto de não validade).
Para os árbitros laterais foram oficializados os gestos para indicar se a técnica ocorreu ou não dentro da área de combate, ou seja: jonai ou jogai.
Em 1969, na cidade do México, ocorreu o congresso em que foi determinada a criação do Quadro de Árbitros da FIJ. Até então, as confederações que promoviam o evento forneciam os árbitros.
Foi instituído o primeiro Código Esportivo. O candidato a árbitro internacional teria de dominar duas línguas dentre as que foram editadas as regras que, como já foi citado, eram as seguintes: inglês, francês, espanhol, alemão e japonês.
Em 1973, em Brasília, ocorreu a primeira Clinica Nacional de Arbitragem, com a participação de representantes de 20 estados. O MEC (Ministério da Educação e Cultura) editou as "Regras de Competição de Judô", proporcionando o acesso às mesmas em todos cantos do país.
Nesta obra foi incluída a regra que punia a falta de combatividade e que tinha a seguinte redação: "o judoca será punido se permanecer 20 ou 30 segundos sem atacar'.
Neste ano, a zona de perigo (área vermelha) passou de 7 centímetros para um metro, tendo em vista que muitos árbitros estavam deixando de punir a saída, sem motivo, do atleta da área de combate, alegando que a linha divisória era muito estreita o que dificultava a visão.
O ano de maiores alterações e inovações na regra foi, sem dúvida, o de 1974. Os mais conservadores e tradicionalistas chegaram a dizer que o judô tinha se convertido numa espécie de luta livre, o que não passava de um grande exagero sem qualquer fundamento.
Em 1974, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ), que propusera à Federação Internacional de Judô (FIJ) a realização de um Campeonato Mundial Júnior, conseguiu a autorização para realizá-lo.
O presidente da FIJ, Mr. Charles Stuart Palmer, da Inglaterra, realizou uma viagem antecipada ao Brasil para acerto de detalhes com os dirigentes brasileiros e o presidente da CBJ, prof. Augusto Cordeiro, aproveitando a oportunidade, o convidou para ministrar um Curso de Arbitragem aqui no Brasil, já que Mr. Palmer era também membro do Sub Comitê de Arbitragem e principal responsável pelas mudanças estabelecidas.
Mr. Palmer deu um curso teórico e prático para árbitros e professores na Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx), em que foram dissipadas muitas dúvidas, sendo que grande parte se referia ao placar. A denominação das vantagens passaram a ser: koka, yuko e waza-ari. Todas sendo avaliadas com o árbitro fazendo sinais correspondentes para a mesa de controle.
As novas medidas tornaram o andamento da luta mais nítido para o atleta e o público. O placar, principalmente, facilitou o acompanhamento por qualquer pessoa.
Em 1975, no congresso de Viena, foi abolido o uso do termo jikan (tempo), passando a ser usado o comando de matte (pare) para suspender a ação do combate. Também terminou a obrigação do atleta ter de se ajoelhar para arrumar a faixa (obi) do uniforme de luta. A decisão do combate passou a ser baseada na opinião conjunta dos três árbitros.
Em 1978, no congresso realizado na Inglaterra, ficou estabelecido que duas situações seriam punidas com desclassificação:
1ª - o lutador que aplicar o waki-gatame (chave me que a axila funciona como fulcro da alavanca) e se lançar bruscamente ao solo;
2ª - o lutador que colocar a cabeça no solo para executar técnicas como uchi-mata, harai-goshi, hane-goshi.
Outra medida importante foi tomada quanto ao tempo médico. Estava havendo muito abuso e ficou estabelecido que o tempo médico passava a ser de 5 minutos, contando os dois tempos a que o atleta tem direito. Nessa ocasião já se alertava os árbitros para ficarem atentos para casos de fingimento de cãibra e "falta de ar". Se o médico informar que o competidor estava apenas cansado, "que não tinha nada", o árbitro deverá aplicar a punição de falta de combatividade.
Em 1980, no congresso de Moscou, foi regulamentado o procedimento dos árbitros laterais para externarem opinião divergente da do árbitro central. Em caso de discordância, a decisão deve exprimir a média.
Também ficou regularizada a gesticulação para a punição, bem como o procedimento para efetuá-la quando a luta se desenvolver no solo.
Em 1981, no congresso de Maastrich, na Holanda, foi oficializada as dimensões da zona de competição, ou seja, a que inclui a área de segurança: mínimas de 14 por 14 metros e máximas de 16 por 16 metros. As medidas do judoji (inicialmente chamado de keikoji, ou seja, roupa de treinamento) foram determinadas: as mangas com folga de 10 a 15 centímetros em toda a extensão do braço, o mesmo ocorrendo com relação a calça e a perna do competidor. No comprimento, as mangas do wagui (paletó) deverão alcançar ,no máximo, as articulações dos pulsos e, no mínimo, 5 cm acima dessas articulações. As calças deverão ser suficientemente longas, para cobrir as pernas atingindo, no máximo a articulação do tornozelo e no mínimo 5 cm acima dessa articulação.
Quanto as atletas femininas, deverão usar por baixo do paletó uma camiseta ou colant nas cores branca ou quase branca.
Outro aspecto tratado dizia respeito a levada da luta para o solo. Ficou estabelecido que seria considerada válida a aplicação de técnicas de shime-waza (estrangulamento) e kansetsu-waza (técnicas de luxação) em que a ação começasse em pé (nage-waza), com efeito considerável, e tivesse continuação ou prosseguimento no solo (ne-waza), desde que não houvesse interrupção.
Foi esclarecida oficialmente a questão da validade da técnica aplicada depois e coincidentemente com o sinal de término do combate. Se houver coincidência, a técnica é válida. A técnica aplicada depois do toque de encerramento não será válida, mesmo que o árbitro não tenha proferido o soremade (final de combate).
No caso de estrangulamento ou chave de braço, logo que soar o sinal, o árbitro deve encerrar o combate. O mesmo não ocorre se se tratar de imobilização, neste caso o combate não termina até que a questão seja definida: a imobilização vai até o tempo regulamentar ou quem está sendo imobilizado consegue sair.
Se o atleta se acidenta durante a imobilização, o árbitro comandará sono-mama (não se movam) e permitirá a ação do médico. Finda esta última, os atletas serão colocados na posição anterior e se dá o comando de yoshi (continuem).
Quando houver apenas um árbitro lateral, este deve se colocar à direita do árbitro central.
Periodicamente, com uma constância que costuma ser anual, são realizados seminários internacionais promovidos pela FIJ, trazendo pequenas inovações para tornar as competições mais dinâmicas e seguras. De modo que alterações significativas nas regras não têm mais motivo para serem feitas. Mudou, por exemplo, as dimensões da área de combate, ou seja da área interna de luta, limitada pela borda externa da zona de perigo. Esta área passou a ter as dimensões de 8 por 8 metros. A adoção do judogi azul, exclusivamente para competições, facilita muito a visualização do público, do árbitro e as transmissões televisivas.
No Congresso da FIJ em Paris, em 1997, foram aprovadas mudanças no tempo de imobilização e foram modificadas as categorias de peso.
A imobilização passou a ser a seguinte:
Ippon - 25 segundos;
Waza-ari - 19 a 24 segundos;
Yuko - 15 a 19 segundos;
Koka - 10 a 14 segundos.
As categorias de peso passaram a ter novos limites, a saber:
Masculino Feminino
- 56 kg superligeiro - 45kg
- 60 kg ligeiro - 48kg
- 66 kg meio-leve - 52kg
- 73kg leve - 57kg
- 81kg meio-médio - 63kg
- 90kg médio - 70kg
- 100kg meio-pesado - 76kg
+ 100kg pesado + 76kg
No Seminário Internacional de Arbitragem realizado na Hungria, no período de 26 de fevereiro a 05 de março de 2001, esteve presente o prof. Emmanoel Andrade Mattar, Diretor de Arbitragem da CBJ, que repassou as recomendações aos árbitros brasileiros.
As recomendações, algumas serão citadas mais adiante, se referem a procedimentos, mas não chegam a reformular dispositivo da regra. Elas dizem respeito a observações sobre a conduta de árbitros que foram verificadas por ocasião da Olimpíada de Sydney, em 2000.
As principais recomendações foram:
- evitar a interrupção do combate no solo, quando o competidor estiver trabalhando para a aplicação de técnicas de (katame-waza), que exige uma ação inicial de osae komi, para que depois haja o encadeamento com outra de shime-waza ou kansetsu-waza;
- a infração cometida na área de luta será punida , ainda que tenha ocorrida depois do soremade;
- a interpretação do art. 20, letra A, da regra, em que consta a expressão "amplamente de costas" para ser considerado ippon, deve ser entendida como "com mais da metade das costas";
- nas técnicas de agarre de pernas, o desequilíbrio deve ser logo evidenciado, caso contrário o árbitro deve interromper o combate, proferindo matte;
- o shido por falta de combatividade não deverá, necessariamente, ser dirigido aos dois lutadores. Geralmente, um competidor procura o combate, enquanto o outro procura anulá-lo de todas as maneiras;
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- alertou para a punição para as pegadas na extremidade das mangas, que visam apenas dificultar a ação do adversário, em nada contribuindo para o dinamismo da competição. Nominalmente foram citadas as pegadas em "pistola" e com o polegar para o interior da manga;
- punir com desclassificação (hansoku-make) a projeção por meio de mergulho frontal, sobre a cabeça.
Enfim, essas e outras recomendações do Seminário visam, prioritariamente, uma atualização na interpretação das regras.
Quanto ao Rio de Janeiro, especificamente, para uma retrospectiva de alguns momentos significativos, foram ouvidos árbitros antigos e que ocuparam o cargo de Diretor Técnico de Arbitragem da Federação, além de serem consultados boletins informativos da Federação, cedidos gentilmente pelo prof. Nivaldo Pereira de Rezende Filho, Diretor de Patrimônio da FJERJ, boletins informativos do Judô Clube Ren-Sei-Kan, emprestados pelo prof. Enir Vaccari, e revistas antigas emprestadas pela filha do prof. Augusto Cordeiro, Patrícia Simões Cordeiro..
Segundo o prof. Augusto Eduardo Ramos, que exerceu o cargo de Diretor de Arbitragem da FJERJ por dois mandatos, a primeira pessoa no Rio de Janeiro a ministrar seminários de arbitragem foi o prof. Rudolf de Otero Hermanny, que foi um dos primeiros árbitros cariocas a conseguir a graduação de Internacional A (FIJ A).
O prof. José Pereira Silva, que exerceu o cargo de Diretor de Arbitragem da FJERJ por cerca de 16 anos, tendo prestado importante colaboração técnica e até comportamental aos árbitros do Quadro, aponta os professores Enir Vaccari e Avany Nunes Magalhães como duas figuras importantes na organização da arbitragem no Rio de Janeiro.
Segundo o prof. José de Almeida Souza, que assumiu como Diretor de Arbitragem da FJERJ em 2001, o prof. Avany Magalhães exerceu o citado cargo durante a existência da Federação Guanabarina de Judô.
Os árbitros das primeiras competições de judô no Rio de Janeiro foram os próprios professores pioneiros como: Augusto Cordeiro, Antônio Afonso Alves, Gengo Katayma, Masami Ogino, Yoshimasa Nagashima, Rudolf Hermanny e muitos outros.
No currículo do prof. Cordeiro, divulgado no Diário Oficial de maio de 1968, quando lhe foi concedido o título de "Cidadão do Estado da Guanabara", consta que ele foi nomeado árbitro internacional em 1960. Certamente foi o primeiro do judô carioca a conseguir esta graduação.
No Boletim Informativo nº 1, de 1963, do Judô Clube Ren-Sei-Kan, há o registro que, tendo recebido simbolicamente da Federação Carioca de Pugilismo (FCP) o encargo de direção esportiva do Judô carioca, a Federação Guanabarina de Judô (FGJ) constituiu o seu Quadro com os seguintes nomes:
Prof. Katayama - 6º dan
Prof. Nagashima - 6º dan
Prof. Cordeiro - 5º dan
Prof. Hermanny - 4º dan
Prof. Ueda - 3º dan.
Para arbitrar o 1º Campeonato Carioca, em 1954, foi convidado o professor Hikari Kurachi, 4º grau, de Santos, São Paulo, que, como foi dito anteriormente, brindou a numerosa assistência com interessante demonstração de judô nos intervalos das lutas programadas.
Houve um período em que o árbitro central permanecia em seu posto durante todas as lutas da competição e apenas um trio de árbitros era suficiente para o evento
O 2º Campeonato Carioca teve a direção geral do prof. Ryuzo Ogawa, especialmente convidado pela Federação Metropolitana de Pugilismo. Atuaram como árbitros auxiliares os professores Ogino, Nagashima e Augusto Cordeiro. Participaram da competição 54 judoístas.
As competições tiveram gradativamente o aumento de participantes, fazendo com que fosse imperioso o correspondente aumento de árbitros. Muitos outros se seguiram aqueles primeiros como Osvaldo Duncan, Hugo Mello e muitos outros, que as vezes eram chamados para arbitrar por estarem presentes ocasionalmente ao evento. Houve casos de se chamar o professor que estava na arquibancada para compor o número suficiente, principalmente nas competições infantis.
Na Circular nº 14/74, de 4 de março de 1974, o então presidente da Federação Guanabarina de Judô (FGJ), Major Orlando Duarte Machado, comunicava às agremiações filiadas a relação dos judoístas convidados para fazer parte do Quadro de Árbitros que atuaria nos eventos daquele ano.
A Circular faz menção ainda ao fato de que a Diretoria da FGJ aprovou o "Regulamento do Quadro de Árbitros" e, de acordo com o qual, todos os judoístas de faixa marrom em diante que se inscreverem no curso, que seria realizado futuramente, estariam fazendo parte do "Quadro de Árbitros", classificados como "Estagiários". Prosseguindo, convida todos os faixas pretas de 2º grau em diante a solicitarem, até o dia 15 de abril de 1974, enquadramento no Quadro de Árbitros, nas categorias respectivas, mediante preenchimento de formulário fornecido pela secretaria.
A relação dos judoístas convidados era a seguinte:
1 - João Max Maulaz Cesarino 16 - Ricardo de Oliveira Campos
2 - Petrúcio de Queiroz Monteiro 17 - Walter Russo de Souza
3 - Henrique Pereira da Fonseca Netto 18 - José Alves de Moura
4 - Edmundo Vieites Novaes 19 - Leonídio Silveira Jorge
5 - Nivaldo Pereira de Rezende Filho 20 - Edmundo Drumond Alves Júnior
6 - Oswaldo Batista de Miranda 21 - Antônio Cesar Duffles Amarante
7 - Hernani França de Faria Júnior 22 - Antônio Mendonça da Silva
8 - Pedro Batista Antunes 23 - Walquenares Corrêa de Oliveira
9 - Wilson Pereira Ribas 24 - Chuno Wanderley Mesquita
10 - Jorge de Azevedo Coutinho 25 - Flávio Augusto Lisboa
11 -Waldyr Lins de Castro 26 - Henrique Batista dos Santos
15 - Waldemiro Lins de Castro 27 - Gilberto Brandão Cheble
Observa-se que da lista faziam parte muitos atletas que ainda estavam competindo e no melhor da sua forma, mas era o recurso que dispunha a Federação, contando com o desprendimento e a disponibilidade que o verdadeiro judoca costuma colocar em benefício da modalidade.
No Ofício Circular nº 29/77, de 1 de novembro de 1977, o presidente da FGJ, Joaquim Mamede de Carvalho e Silva, informava que nos dias 12 e 13 do corrente, no ginásio da Universidade Gama Filho (UGF), teria prosseguimento o Curso de Arbitragem iniciado no princípio de 1974. Naquela oportunidade, seriam classificados os árbitros que iriam constituir o Quadro de Árbitros da Federação.
O curso estava aberto a todos os interessados, desde que faixas pretas registrados. O Departamento de Arbitragem convidava o prof. Avany Magalhães, árbitro nacional da entidade, para assessorar os professores Carlos Catalano Calleja e Shigueto Yamasaki.
O professor Catalano, em livro editado pelo MEC (1989, p. 27), revela que antes do início da temporada de 1975, a Federação Paulista de Judô, na pessoa do então presidente Sérgio Adib Bahi, deu vida ao 1º Curso de Atualização de Arbitragem, planejado pelo próprio prof. Catalano, com a colaboração do prof. Yamasaqui, árbitro internacional.
Segundo ainda o prof. Catalano, o referido curso, até então inédito no Brasil, na sua forma e conteúdo, contou com a efetiva participação de mais de duzentos professores e técnicos de judô, provenientes de todas as regiões do Estado de São Paulo, tendo sido oficializado pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ) que, posteriormente, o levou a todas as federações filiadas, sob a forma de clínicas de arbitragem.
No Boletim nº 1, de março de 1978, da FGJ, consta a relação dos árbitros que atuaram no Campeonato Carioca Juvenil e Júnior, em que é possível identificar árbitros inteiramente identificados com a função, bem como uma formação definida do Quadro. A relação é a seguinte: Gerson Antônio Paulino, Osmar Rosário de Souza, Ítalo de Poly, Renato Alberto dos Santos, Carlos Baran, Leopoldo Levindo de Lucca, Leonídio Silveira Jorge, Milton Ribeiro, José Alves de Moura, Almir Vaccari, Chuno Wanderley Mesquita, Nivaldo Pereira de Rezende Filho, Paulo Mesquita, Ceny Peres Barga, Antônio Mendonça, Ari dos Santos Montes, Milton Gonçalves, Durval Simas, Bento Vicente da Silva, Gilberto Brandão Cheble, Marco Antônio Fernandes Ferreira e Walquenares de Oliveira.
No Boletim Informativo nº 4/78, de agosto de 1978, o responsável por sua elaboração lamenta o número reduzido do efetivo do Quadro de Árbitros, o que impede o revezamento desejável do trio em atuação. O cansaço provocado pelas muitas horas na função, por vezes, prejudica a sustentação do nível técnico.
No mesmo boletim, também é feito um apelo, sempre atual, aos professores e técnicos no sentido de evitarem interferências desnecessárias durante as lutas, muitas vezes causadoras de tumultos.
No Boletim Informativo nº 5/80, consta que a diretoria da FJERJ autorizou pela primeira vez o pagamento da quantia de Cr$300,00 (trezentos cruzeiros) aos árbitros e que era pretensão aumentar o valor da remuneração para Cr$500,00 (quinhentos cruzeiros).
O mesmo Boletim informava que, no dia 9 de agosto, às 15 horas , no dojô da UGF, seria ministrado um Curso de Arbitragem pelo prof. Avany Magalhães, então Assessor de Arbitragem da CBJ. Nessa oportunidade, o Diretor de Arbitragem da FJERJ era o prof. Renato Alberto dos Santos.
O Curso era dirigido aos árbitros com graduação de sul-americanos, nacionais, aspirantes a nacionais, estaduais e aos faixas pretas e marrons que se interessassem. Neste Curso seria distribuído o Código do Quadro de Árbitros da FJERJ, elaborado pelo Departamento Técnico.
Infelizmente, a remuneração aos árbitros não teve continuidade e essa situação só foi definitivamente resolvida a partir de 1991, ano em que o o prof. Ney Wilson Pereira da Silva assumiu a presidência da FJERJ, tendo como Diretor de Arbitragem o prof. José Pereira Silva.
A indumentária do árbitro da FJERJ teve a sua primeira implementação com o Diretor de Arbitragem Augusto Eduardo Ramos, que instituiu uma camisa com detalhes em escuro e claro. Quanto a calça ainda não havia uma definição da cor a ser adotada. De qualquer modo, o árbitro se apresentava com um uniforme ainda que incompleto.
Segundo o prof. Durval Simas, contemporâneo desta época, o presidente Mamede também instituiu uma camisa para os árbitros e que seria muito bonita, mas foi de uso efêmero..
O Diretor de Arbitragem José Pereira Silva criou o uniforme definitivo do árbitro da FJERJ para as competições regionais: camisa polo branca, calça cinza, cinto, meias e sapatos pretos.
Em 1998, a VII Copa Rio Internacional obteve um sucesso expressivo no tocante a organização, adesão de atletas e número de delegações presentes. O evento entrou no calendário internacional, o que facilita muito a oportunidade dos árbitros para prestarem exame para graduações mais elevadas.
Para o ano de 2001, o Quadro de Árbitros da FJERJ estava constituído por :
- 1 FIJ A (Internacional A)
- 7 FIJ B (Internacional B)
- 11 FIJ C (Internacional C)
- 1 Aspirante FIJ C
- 17 Nacional A
- 18 Nacional B
- 14 Nacional C
- 41 Estaduais.
O total do efetivo portanto é de 110 árbitros.
Anualmente, são realizados cerca de dois seminários de atualização e, conforme a necessidade, um curso de formação de novos árbitros.
Medida recente da FIJ limitando a idade para os árbitros entrarem para a categoria internacional criou uma certa dificuldade, mas felizmente está surgindo novos valores, com talento comprovado para a função, que certamente têm muitas possibilidades de alcançarem as graduações mais elevadas.
As competições promovidas pela FJERJ costumam congregar cerca de 1500 atletas ou mais. Os árbitros convocados para cada evento, conforme o número de inscrições, ultrapassa a quantidade de 40. De modo que, atualmente, o quantitativo é satisfatório e o nível técnico é, reconhecidamente, dos mais elevados do país.
Os professores que exerceram o cargo de Diretor Técnico de Arbitragem da FJERJ, até a presente data, foram:
- Enir Vaccari
- Avany Nunes Magalhães
- Takeshi Ueda
- Jonas da Silva Venturi
- Renato Alberto dos Santos
- Raimundo Faustino Sobrinho
- Augusto Eduardo Ramos
- José Pereira Silva
- José de Almeida Souza.
Convém ressaltar que a Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro (FJERJ) foi a primeira a elaborar adaptações à regra de judô para as competições infantis, visando preservar a integridade física e psicológica das crianças. Posteriormente, outras federações seguiram o exemplo.
As "Adaptações Experimentais à Regra para o Judô Infantil" faz proibições a aplicação de determinadas técnicas que trazem prejuízos tanto para quem executa como para o atleta que as recebe. As técnicas proibidas para as classes de 7 a 12 anos são as seguintes:
Seoi-nage ou qualquer outra em que o atleta se atire diretamente com os joelhos no solo. Quanto o executante, o que se pretende evitar são os microtraumatismos nas articulações dos joelhos. Quanto ao atleta que recebe a técnica, é evitada a pancada com a cabeça e lesões na coluna cervical.
Te-Guruma (Sukui-nage) e morote-gari - a proibição visa a proteção do atleta que cai, que fica sujeito a lesões na coluna cervical e membros superiores.
Kata-guruma - a proibição visa proteger o executante, que suporta uma sobrecarga incompatível com a faixa etária. Quanto ao atleta que cai, ele terá dificuldade na execução do ukemi, em geral devido a má aplicação.
Em todos os casos apresentados, o atleta executante deverá ser punido diretamente com shido, sendo anteriormente notificado verbalmente.
Se o atleta mirim começar a aplicar o sankaku-jime (técnica de estrangulamento), o árbitro deve interromper imediatamente a luta com matte, sem nenhuma punição para o executante.
O atendimento médico para as classes d 7 a 12 anos é totalmente livre.
Em 1998, foi criado o Festival Infantil de Judô com o intuito de atender as necessidades de maturação de nossos pequenos praticantes. A faixa etária a que se destina esse evento é dos 07 (sete) aos 10 (dez) anos de idade. O prof. Roberto Corrêa dos Anjos, então Diretor Técnico da FJERJ, teve participação importante na criação do Festival Infantil de Judô.
Observou-se que alguns professores e responsáveis por esses menores estavam adotando condutas pouco adequadas, exercendo uma pressão nefasta que não condiz com a finalidade de concorrer para a formação sadia do futuro cidadão. A criança não está preparada para receber esse tipo de carga nem esse é o procedimento preconizado pelo judô.
Assim sendo foram adotadas as seguintes alterações para esses encontros desportivos:
- o sistema de apuração, levando a todos os participantes o direito de pelo menos dois combates, ainda que derrotado no primeiro;
- continuidade do combate após o primeiro ippon, fazendo com que seja ampliada a duração do mesmo;
- substituição das punições por orientações dadas pela arbitragem;
- permissão para os atletas que ultrapassarem o limite de suas categorias de peso disputem a categoria imediatamente superior;
- premiação para todos os participantes;
- distribuição de brindes a todos os participantes.
A criação do Festival Infantil vem se juntar às alterações propostas pelas Regras Experimentais para o Judô Infantil, procurando fazer com que a modalidade cumpra o seu papel no que tange ao binômio formação-educação, que é o objetivo pretendido pela Educação Física.
Como observação final deste capítulo, é interessante saber que os japoneses fazem determinadas críticas as regras aprovadas pela Federação Internacional de Judô. De modo que nos campeonatos japoneses são adotadas as regras de competição do Instituto Kodokan.
As regras da FIJ são aplicadas nas eliminatórias para os Campeonatos Mundiais, Jogos Olímpicos ou outras competições internacionais.
Seria conveniente meditar um pouco sobre as principais críticas às regras da FIJ feitas pelos japoneses:
1 - qualquer um pode arbitrar, sem se considerar a graduação (DAN) do árbitro, desde que aplique as minuciosas regras explicadas em detalhes, como se conduzisse uma criança pela mão;
2 - ao penalizar, por não combatividade, levam em conta, apenas, o intervalo de tempo entre um e outro ataque, sem atenção ao processo e às minúcias da luta;
3 - a não combatividade, em judô, não é uma mera questão de tempo. Significa que um competidor não aplicou uma queda, quando a oportunidade se apresentou, o que poderia fazê-lo, se assim o desejasse;
4 - apesar das Regras Internacionais exigirem o tempo de 20 a 25 segundos, para aplicação da não combatividade, muitas vezes a penalidade é aplicada antes, sem oferecer aos competidores o tempo suficiente para criar a oportunidade (kusushi) de aplicar as técnicas;
5 - sem tempo para preparar o adversário, é o competidor levado a aplicar as técnicas desordenadamente, sem pensar na criação da oportunidade ou romper o equilíbrio do oponente;
6 - o koka oferece ao competidor matreiro, um largo campo para se aproveitar da vantagem. É dada ao competidor que faz o adversário cair de lado, coxas ou nádegas, um estímulo para arremessar servindo-se apenas de pura força, sendo desestimulado a estudar técnicas que possam levá-lo a conquistar um ippon, por uma projeção tecnicamente aplicada.
(Boletim Informativo Ren-Sei-Kan, Ano II, 1993, nº 2)
Em 1995, no Torneio Internacional de Judô comemorativo pela passagem dos 100 anos do Tratado de Paz assinado entre o Brasil e o Japão, uma seleção japonesa visitou o Rio de Janeiro e enfrentou uma equipe formada por atletas cariocas. Nesta ocasião, os japoneses fizeram questão que não houvesse a avaliação de koka nas disputas, no que foram atendidos.
No próximo capítulo será estudada a trajetória do judô no Rio de Janeiro, depois da sua consolidação.

4º CAPÍTULO
A TRAJETÓRIA DO JUDÔ NO RIO DE JANEIRO DEPOIS DA SUA CONSOLIDAÇÃO
A consolidação esportiva do judô no Rio de Janeiro deu-se com a fundação da Federação Guanabarina de Judô, em 1962.
A Federação organizada pôde melhor tomar providências para expandir a modalidade, marcando competições e estimulando a prática principalmente nas classes formativas.
O estudo da trajetória do judô no Rio de Janeiro será analisado por décadas, para facilitar a identificação das tendências e acontecimentos mais marcantes. Eventualmente serão divulgados alguns resultados de campeonatos para que seja possível ter uma idéia sobre alguns dos atletas que estavam atuando em determinado período. O objetivo, no entanto, não é fazer uma resenha de todos os resultados, o que significaria um afastamento da linha histórica da pesquisa que se pretende abordar e reduziria o estudo a uma simples compilação.
4.1 - A Década de 60
Os primeiros frutos da organização da Federação Guanabarina de Judô (FGJ) começaram a aparecer já em 1963, quando o ponto alto do Campeonato Carioca foi a disputa da classe Infanto-Juvenil, que reuniu 19 agremiações e 620 atletas das classes formadoras, ou seja, crianças e adolescentes, num raro espetáculo esportivo. (Boletim Informativo nº 1/1963, do Judô Clube Ren-Sei-Kan).
Esta década também apresentou a expansão do judô no âmbito militar e universitário.
O início da década de 60 mostrou que, com a vitória do holandês Anton Geesink, no Campeonato Mundial de 1961, realizado em Paris, era necessário que fosse adotada a divisão de categorias por peso corporal. O mais leve só vence se houver um grande desnível técnico, e a tendência era que isto não acontecesse senão muito raramente, em se tratando de atletas de primeira linha.
No Rio de Janeiro, inicialmente foi adotada uma solução curiosa: no mesmo campeonato havia duas divisões, uma pelo peso corporal e outra pela graduação da faixa. O atleta podia disputar nas duas divisões ou optar por uma delas.
Em 1963, uma conquista expressiva para o judô da Guanabara foi conseguida por George Mehdi, que sagrou-se campeão faixa preta 3º dan, no XIII Campeonato de Faixas Pretas da Budokan, realizado em São Paulo. (Revista "Judô no Brasil" - Ano II - nº 3, ps. 18 a 24).
Neste evento outros cariocas vencedores foram Ricardo Augusto de Abreu, campeão 3º kyu e Alípio Fernandes do Amaral, campeão 1º kyu, ambos alunos do prof. Rudolf Hermanny.
George Mehdi, de origem francesa, chegou ao Rio de Janeiro em 1952 para passar dois meses de férias e resolveu ficar definitivamente. Fez dois estágios na Universidade de Tenri, no Japão, onde aperfeiçoou seus conhecimentos na luta desenvolvida em pé e no solo. Foi, sem dúvida, um destaque do judô carioca e brasileiro, na década de 60 e princípio dos anos setenta, quando se afastou das competições para se dedicar exclusivamente a sua academia, no bairro de Ipanema.
O prof. Nelson Barreiros Custódio (2000) ressalta que nesta época o judô contava com boa cobertura por parte da mídia, citando, como exemplo, a repórter Zuleida Matos, que escrevia no Diário de Notícias e na revista "High Sport", João Areosa, do Jornal do Brasil, e o jornalista Fernando Orotavo Jr., que também era praticante da modalidade.
Em 1964, a revista "High Sport" divulgava os seguintes resultados do Campeonato Carioca:
- por graduação:
Faixa Marrom - campeão A. Póvoas e vice-campeão J. Machado;
Faixa Preta 1º Dan - campeão Alípio Amaral e vice-campeão Santo Marzullo;
Faixa Preta 2º Dan - campeão Benedito Gomes e vice-campeão Hélcio Gama;
Faixa Preta 4º Dan - campeão George Mehdi e vice-campeão Roberto David;
- por peso corporal:
Peso Leve - campeão Hirofume Fujikawa e vice-campeão A. Barroso;
Peso Médio - campeão Rudolf Hermanny e vice-campeão U. Lula;
Peso Pesado - campeão George Mehdi e vice-campeão Fernando Orotavo Jr..
Neste ano, o Campeonato Carioca não contou com dois competidores importantes: Luís Alberto Mendonça e Shunji Hinata. Este último esteve ausente em função de uma paralisia parcial no braço.
No Campeonato Brasileiro, representando a Guanabara, George Mehdi foi campeão do 4º Dan e do peso pesado, e Roberto David foi campeão do peso médio.
A revista "High Sport" noticiou que a VII Olimpíada Aeceana (Associação dos Empregados do Comércio) marcou a estréia do judô como modalidade integrante do evento. A direção do judô naquela Associação estava entregue ao prof. Nelson Barreiros.
Nessa época, também foi divulgado que alcançou grande êxito o Festival de Judô da VII Olimpíada do Clube Ginástico Português, sob a responsabilidade do prof. Masami Ogino, 6º dan e criador de quase mil judocas na Guanabara.
O Campeonato Carioca de Judô Infanto-Juvenil de 1964 contou com a participação de 800 atletas, suplantando a boa marca do ano anterior. Os atletas foram divididos nas classes: 7 a 8 anos, 9 a 10 anos, 11 a 12 anos, 13 a 14 anos, 15 a 16 anos, 17 a 18 anos.
Na classe 11 a 12 anos, categoria pena, o campeão e vice-campeão foram Minoru Ueda e Almir Vaccari, filhos respectivamente dos professores Takeshi Ueda e Enir Vaccari. Nesta mesma classe, na categoria pesado, o campeão foi Antônio Cesar Amarante, aluno do prof. Rudolf Hermanny
Antônio Cesar Amarante viria a se tornar, por um período na década de setenta, no peso médio número um do Rio de Janeiro. O fato de um competidor ser campeão mirim e continuar a brilhar nas classes mais avançadas não é muito corriqueiro no judô do Rio de Janeiro. Houve uma época em que os dirigentes da nossa Federação ficaram pensativos ao constatarem que, nas competições mirins nacionais, o Rio de Janeiro sempre se apresentava muito bem, suplantando muitas vezes as crianças de São Paulo. No entanto, quando se tratava de formar a Seleção Brasileira senior, poucos atletas do Rio de Janeiro nela figuravam.
Evidentemente, sempre há que se considerar que o número de praticantes paulistas é substancialmente maior, mas qual seria o motivo para o fenômeno da falta de continuidade dos bons resultados obtidos pelos cariocas apenas nas competições de mirins?
A questão é complexa e merece um estudo mais profundo, mas, sem dúvida, um fator que concorre para esse fato pode ser facilmente observável. Os resultados nas competições de mirins não deveriam ser perseguidos como algo definitivo, porque o atleta infantil e infanto-juvenil estão apenas no início e no decorrer de um processo que deve apresentar resultados positivos a longo prazo, ou seja, na fase adulta, quando se poderá almejar os títulos internacionais.
A pressão dos pais ou responsáveis e o açodamento de determinados técnicos e professores fazem com que o atleta mirim se acostume a vencer por meio de técnicas como o koshi-guruma, que possuem resultados positivos porque o adversário, nessa faixa etária, ainda não possui a velocidade de reação totalmente desenvolvida para dar o contragolpe (tani-otoshi).
Ora se o atleta consegue vencer dessa forma, para que vai se preocupar em desenvolver outras técnicas e enriquecer o seu repertório? Afinal o pai ou responsável ficou exultante e o professor orgulhoso apresentou seus parabéns.
O resultado, a longo prazo, é a formação de um adulto com judô muito limitado, o que pode fazer com que até desista de continuar na modalidade.
Em 1994, como parte da programação para a preparação dos praticantes que fariam exame de faixa naquele ano, a Escola Naval e a FJERJ promoveram uma palestra com o campeão olímpico Aurélio Fernandes Miguel, de São Paulo, que fez importantes revelações. O destacado atleta criticou com veemência os lutadores que se limitam a fazer um judô de menor qualidade, limitando-se a caçar a perna do adversário. Citou como exemplo Ezequiel Paraguaçu, que poderia alcançar posição muito melhor no cenário desportivo, se modificasse o seu treinamento.
Outra questão abordada foi a barreira psicológica ao enfrentar atletas de centros mais avançados no judô. Aurélio Miguel só venceu essa barreira quando passou a disputar o circuito europeu e a treinar no Japão. Passou a ter confiança no seu potencial e os resultados apareceram.
Em 1964, foi realizado ainda o 1º Campeonato Brasileiro Militar de Judô, que serviu para selecionar os atletas que representariam o Brasil no Campeonato Mundial Militar.
Os atletas vencedores foram:
Leve: campeão Washington Cerqueira (Marinha); vice campeão Darcy Goes (Aeronáutica).
Médio: campeão Manoel Pacheco (Exército); vice campeão Pedro Teixeira (Marinha).
Pesado: campeão Milton Assis (Marinha); vice campeão Dirceu Ferreira (Exército).
Absoluto: campeão Manoel Ramos Pacheco (Exército).
A arbitragem do evento esteve a cargo dos professores Augusto Cordeiro, Osvaldo Duncan e Takeshi Ueda.
A equipe do Exército foi a primeira colocada, ficando a da Marinha em segundo lugar e a da Aeronáutica em terceiro.
O Campeonato Carioca de 1965 foi o primeiro a ser realizado apenas por categoria de peso corporal, de acordo com a orientação internacional. As categorias eram três: leve - até 68 kg; médio - até 80 kg e pesado - acima de 80 kg.
Os campeões e vice-campeões cariocas de 1965 foram:
Faixa Marrom
Leve: campeão - Henrique Santos; vice-campeão - Frederico Reicher.
Médio: campeão - Arthur Duarte; vice-campeão - Hermano Santos.
Pesado: campeão - M.A. Mendonça; vice-campeão - A.C. Burlamarqui.
Faixa Preta
Leve: campeão - Shunji Hinata; vice-campeão L. Queiroz.
Médio: campeão - Roberto david; vice-campeão - Alípio Amaral.
Pesado: campeão - George Mehdi; vice-campeão - Valter Tourinho.
(Revista "High Sport" - nº 18 de 1965).
Neste ano, o mundo do judô perdeu um de seus maiores ídolos, o mestre Kiuzo Mifune, que faleceu em 27 de janeiro de 1965, aos 82 anos de idade. Mifune, em 1948, recebeu o 10º Dan, categoria que desaparecia com a sua morte, já que o outro possuidor desse grau, Kaiishiro Sumara, falecera no ano anterior. A sua arte pode ser admirada em fitas de vídeo que correm o Mundo todo. Mifune faleceu no Hospital de Nichidai, em Tóquio, onde se internara no dia 4 de dezembro de 1964, com câncer na garganta e complicações bronquiais. Este grande ás do judô era de estatura baixa, media 1m59cm e pesava cerca de 55 kg. Foi o criador do sumi-otoshi, uma técnica de puro desequilíbrio em que somente as mãos tocam no corpo do adversário.
No Campeonato Brasileiro desse ano, a grande atração foi George Mehdi, da Guanabara, que venceu as categorias de pesado e absoluto. O outro carioca que brilhou nesse certame foi Eduardo Kalache, vice-campeão na categoria dos médios, tendo perdido a luta final para Harua Nishimura, de São Paulo.
Na arbitragem atuaram os cariocas Takeshi Ueda, Osvaldo Duncan, Antônio Afonso Alves e Augusto Cordeiro; os paulistas Kihara e Tani; João Graff, do Rio Grande do Sul; Ninomya, do Distrito federal, e Yoshida, da Bahia.
No ano de 1965, o Rio de Janeiro completou o seu IV Centenário, o que concorreu para que o Brasil, no Mundial de Paris, em 1961, fosse aceito para sediar o IV Mundial de Judô. No Congresso de Tóquio houve a confirmação, com a aprovação unânime. O Rio de Janeiro recebeu o apoio das forças políticas e governamentais, preparando-se de maneira ímpar para receber os grandes nomes internacionais do judô.
É muito importante que sejam lembrados alguns detalhes e atuações de dirigentes, desportistas e pessoas que estiveram envolvidas na organização e que contribuíram para o inteiro sucesso do evento.
As versões anteriores ocorreram em Tóquio, duas vezes, e Paris, grandes centros mundiais da modalidade.
Convém lembrar também que a responsabilidade aumentava também pelo fato de, em 1964, 74 representantes de 26 nações atenderam a primeira convocação olímpica. Uma evidência da velocidade impressionante com que o judô se expandia mundialmente.
Para o Mundial do Rio de Janeiro compareceram mais de 150 representantes, de mais de 43 nações.(Dados colhidos na revista do evento, editada simultaneamente em português e inglês).
A grande empreitada exigia elementos de real competência nas diversas comissões organizadoras e técnicas.
A Comissão Organizadora e Executiva estava constituída por:
- Paschoal Segreto Sobrinho (Presidente da Confederação Brasileira de Pugilismo)
- Jamil Calil Nasser (Vice-Presidente da Confederação Brasileira de Pugilismo)
- Augusto de Oliveira Cordeiro
- Jorge Luiz de Souza e Silva
- Vicente Leitão da Rocha
A Comissão Organizadora e Executiva do Simpósio Internacional de Medicina Desportiva foi presidida pelo professor Waldemar Areno.
A Comissão de Recepção e Atendimentos foi presidida por Dylson Rabelo.
O Delegado Junto ao Congresso Técnico foi o professor Rudolf de Otero Hermanny.
As primeiras providências diziam respeito ao cálculo e obtenção da verba necessária para fazer face as despesas com o evento; a definição do local de alojamento das delegações e a elaboração do programa a ser remetido à Federação Internacional de Judô (FIJ).
O custo foi orçado em 70 milhões de cruzeiros e a Confederação Brasileira de Pugilismo conseguiu angariar tal importância. A questão do alojamento foi resolvida acomodando as delegações no Maracanã, onde as lutas seriam realizadas. (Zuleida, 1965)
O programa foi elaborado pelo prof. Rudolf Hermanny e encaminhado à sede da FIJ na França, onde foi submetido à apreciação dos órgãos europeus e da Federação Japonesa.
A CBP reservou passagens para as cinco Uniões, que foram assim distribuídas: Europa, 21; Pan-americana, 18; Ásia, 15; África, 3; Oceania, 3.
O número máximo de inscrições por nação era de oito competidores, sendo que poderiam inscrever até dois em cada categoria. Um competidor poderia ser inscrito numa categoria de peso e também na categoria de todos os pesos (absoluto).
As categorias de peso eram: peso leve, até 68 kg; peso médio, até 80 kg; peso pesado, acima de 80 kg, e absoluto, sem limite de peso. O sistema proposto era o de rodízio, proporcionando a todos o direito de uma derrota. As chaves seriam duas e as lutas realizadas sobre dois tablados, que seriam usados simultaneamente, sem que dois competidores do mesmo país lutassem na mesma área, obedecendo a um sorteio prévio.
Observa-se, portanto, só em abordar as medidas preliminares essenciais, o quanto é difícil organizar um certame dessa natureza, além do que representa como despesa. A Argentina chegou a aspirar o privilégio de promovê-lo, mas, após avaliar bem as dificuldades, acabou desistindo.
As exigências eram muitas, inclusive até quanto a qualidade do tablado das lutas, com a altura de cerca de 1 metro e 60 centímetros, segundo Nivaldo Pereira de Rezende Filho, que auxiliou na montagem.
O sr. Paschoal Segreto Sobrinho conhecia o trabalho do marceneiro Nivaldo Pereira de Rezende, que construíra cenários para várias peças teatrais, em estabelecimentos de propriedade da família do presidente da CBP. O professor Cordeiro também usara os trabalhos do mestre Nivaldo, que construiu o estrado da Academia do prof. Hermanny.
Mestre Nivaldo contou com o auxílio de seu filho, Nivaldo Pereira de Rezende Filho, praticante de judô, e do funcionário Josuel. A empreitada não era fácil visto que os representantes da FIJ exigiam total segurança mas, ao mesmo tempo, queriam flexibilidade relativa no local em que as lutas seriam desenroladas (shiai-jo). Evidentemente, não se dispunha da tecnologia atual e a solução foi usar muita criatividade. Mestre Nivaldo utilizou engradados de refrigerantes superpostos, prendendo-os por ripas de madeira lateralmente. Em cima desta base, colocou o estrado e os tatames. A instalação foi inteiramente aprovada e elogiada pelas autoridades internacionais da modalidade. O dojô (toda a área de competição) tinha 320 metros quadrados e foi o maior instalado no Brasil até aquela data.
Uma frota de automóveis, com motoristas uniformizados, foi contratada para fazer o transporte das delegações participantes, do Aeroporto do Galeão até o local que lhes fossem reservados, bem como no regresso para embarcarem.
Os detalhes foram minuciosamente estudados e executados de modo a não comprometer a organização do evento, que tinha como pano de fundo a Cidade Maravilhosa.
O jornalista Jorge Luís de Souza, da revista "High Sport", fez a cobertura completa dos 12 dias que levaram o evento, num artigo que intitulou de "Doze Dias Vertiginosos". Muitas informações ora reproduzidas têm como base o trabalho do citado jornalista.
No dia 9 de outubro, às 9 horas, o presidente da CBP, Paschoal Segreto Sobrinho, recebia os delegados técnicos das diversas nações filiadas, para uma reunião no grande salão do Automóvel Clube do Brasil (ACB). Esta reunião, presidida por Teixo Kawamura, não teve caráter deliberativo, mas serviu de preliminar para verificar as sugestões que seriam apresentadas na V Assembléia Geral da FIJ, a ser realizada no dia 12.
Nessa primeira reunião, foi aprovada a proposição brasileira para a forma de disputa do Campeonato. Também ficou estabelecido que para o próximo Campeonato Mundial de Judô seriam adotadas cinco novas categorias de peso, em lugar das três que estavam em vigor. Em dado momento, a reunião foi suspensa e ficou de ter continuidade no dia seguinte.
Nesta mesma noite, chegou a notícia que o judô não participaria dos Jogos Olímpicos de 1968, mas que a partir de 1970 estaria definitivamente incluído no calendário olímpico.
No dia 10 de outubro, às 9h30min, no mesmo local (ACB), teve reinicio a reunião. Ficou acertado que as classes, além da senior, seriam de 16 a 18 anos (esperanças) e de 19 a 21 anos (júnior), cada uma com 5 categorias de peso. A seguir, ficou decidido que a pesagem do IV Mundial seria feita no dia da competição.
No dia 11 de outubro, chegaram outras delegações e o comentário era da indicação do venezuelano Simoneti, como candidato dos europeus à presidência da FIJ. Estava claro, portanto, que o presidente Risei Kano, filho do criador do judô, não seria mantido no cargo. Talvez por esse motivo, o então presidente da FIJ não compareceu ao evento, alegando doença, fazendo-se representar pelo 1º vice, André Ertel.
No dia 12 de outubro, no mesmo horário e local, foi instalada a V Assembléia Ordinária da FIJ e, como era esperado, o sr. André Ertel dirigiu os trabalhos. Inicialmente foi ratificada a aprovação da proposta brasileira quanto ao sistema de disputa do Campeonato. A seguir, ficou determinado a necessidade de pesagem dos atletas da categoria peso pesado, ficando os da categoria absoluto dispensados dessa exigência.
Houve um intervalo e a segunda parte da Assembléia iniciou-se às 15 horas, tendo como assunto principal a eleição da diretoria da FIJ. Antes porém, o sr Risei Kano foi eleito presidente-honorário, mas os demais diretores foram mantidos nos seus respectivos cargos, a saber: Paul Bonnet-Maury, secretário geral; Delforge, tesoureiro; Kawakura, diretor esportivo; Nauwelaerts, diretor esportivo adjunto; com exceção do secretário adjunto, o cubano Guardia, que foi substituído por outro cubano Kapierc, radicado na Guatemala.
Afastado Risei Kano, a questão agora era eleger o novo presidente da FIJ. A candidatura de Simoneti foi rejeitada por 21 dos 38 votantes presentes e os trabalhos foram suspensos.
No dia 13 de outubro, a Assembléia foi reiniciada no ponto do dia anterior. A eleição era feita da seguinte forma: um delegado propunha o nome de outro e os demais aprovariam ou não. De modo que não havia o confronto direto de um candidato contra outro.
Nesse contexto, o delegado inglês, Mr. Charles Stuart Palmer lançou a candidatura do brasileiro Rudol Hermanny, que obteve votação expressiva, apesar de não conseguir a maioria indispensável. O prof. Hermanny recebeu 17 votos à favor e 24 contra, com 2 abstenções. Foi quem recebeu melhor votação nesta fase da disputa, já que o delegado lançado a seguir, o australiano Savenchanos, obteve apenas 6 votos favoráveis e 36 contrários, com uma abstenção.
Este registro é interessante que seja feito, porque foi o único brasileiro, até o momento, que esteve perto de alcançar o cargo mais alto do judô mundial. Não sabemos se o objetivo do lançamento da candidatura do brasileiro foi realmente elegê-lo, mas, de qualquer forma, o número de votos favoráveis não foi certamente desprezível.
A seguir, uma das correntes presentes, liderada pelo delegado chinês, manifestou-se favorável a Kano e outra, liderada pelo delegado russo, defendia que o vice-presidente assumisse até o próximo Congresso. Foi então que o delegado da Guatemala lançou a candidatura de Mr. Palmer e este afirmou que aceitaria, desde que o seu mandato fosse apenas até o próximo Congresso.
A votação pelo nome de Palmer registrou um empate de 18 votos, mas no segundo escrutínio deu-se a aprovação por 32 votos a favor e 12 contra, com uma abstenção.
O inglês assumiu a presidência da FIJ e só deixou o cargo em 1979, tendo realizado um trabalho profícuo em prol do judô mundial.
Depois da votação para presidente da FIJ, tudo o mais foi de interesse menor, se bem que foram definidas os limites das novas categorias de peso: pena - até 63 kg; leve - até 70 kg; médio - até 80 kg; meio-pesado - até 93 kg e pesado - acima de 93 kg. A essas categorias se juntava a absoluto, que o representante dos Estados Unidos propôs que fosse eliminada.
No dia 14, ocorreu a disputa da categoria pesado, já que os atletas dessa categoria costumam ser os que também disputam o absoluto, que ficou de ser realizada no último dia, com tempo para a necessária recuperação física.
O vencedor dos pesados foi o holandês Anton Geesink, ficando em segundo lugar o japonês Mitsuo Matsunaga. Os brasileiros que disputaram essa categoria foram George Mehdi e Milton Lovato, que não obtiveram classificação.
No dia 15, ocorreu a disputa da categoria médio e o vencedor foi Isao Okano, do Japão, o segundo colocado foi Konichi Yamanaka, também do Japão. Os brasileiros que disputaram essa categoria foram Lhofei Shiosawa e Roberto David, que não conseguiram classificação.
Isao Okano, campeão da categoria médio, foi considerado o atleta mais técnico do evento.
No dia 16, ocorreu a disputa da categoria leve e o vencedor foi Hirofumi Matsuda, do Japão, o segundo colocado foi Horoshi Minotaya, também do Japão. Os brasileiros que disputaram essa categoria foram Manabu Kurachi e Akira Ono, que não lograram se classificar.
O dia 17 foi aguardado de maneira especial, pois esperava-se o encontro entre o holandês Anton Geesink e o japonês Isao Inokuma, que se prepara durante um ano para esse combate. Ocorreu que Geesink não participou do encontro, alegando contusão. O holandês se despedia também dos campeonatos mundiais, resolvendo se dedicar exclusivamente ao ensino de seus 3000 alunos. Isao Inokuma não teve dificuldade para ser o vencedor dessa categoria e o segundo colocado foi o soviético Kibrotsachvili. Os brasileiros que disputaram essa categoria foram Goro Saito e Haruo Nishimura que, a exemplo dos demais, também não lograram classificação.
Os brasileiros, no cômputo geral, venceram 5 lutas, mas poderiam ter alcançado resultado mais promissor se tivesse efetuado treinamento mais rigoroso e não de apenas dois meses.
O fator, no entanto, que mais pesou foi a falta de intercâmbio, ou o seja, o treinamento com atletas internacionais de maior vivência. As grandes seleções dos países mais adiantados desportivamente costumam fazer estágios de meses no Japão. O próprio Geesink progrediu dessa maneira. Anos depois os atletas brasileiros intensificariam os estágios no exterior e surgiram campeões que fizeram o pavilhão nacional tremular no lugar mais alto.
O ginásio do Maracanãzinho, com capacidade para mais de 20 mil pessoas, recebeu, segundo os cálculos de Francisco Cupolillo, então assistente da presidência da ADEG (Administração dos Estádios da Guanabara), mais de 40 mil pessoas, nos 4 dias de provas. O IV Mundial foi realmente um espetáculo que deixou imensa saudade nos privilegiados que tiveram a felicidade de estar presentes, mas todos desportistas devem ter reconhecimento pelos brasileiros que provaram possuir capacidade organizadora. O Rio de Janeiro deu um exemplo de hospitalidade que deixou os visitantes encantados. A boa impressão deixada certamente influiu para que, posteriormente, o Rio de Janeiro fosse sede do 1º Campeonato Mundial Júnior, em 1974, e do Campeonato Mundial Universitário de 1978.
Em 1966, o judô participou pela primeira vez do Torneio NAVAEMAR, evento tradicional das três escolas das Forças Armadas do Brasil. A competição de judô ocorreu no Clube Municipal e a Escola da Aeronáutica foi a campeã com 62 pontos, contra 58 da Escola Naval e 29 da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).
O cadete da Aeronáutica Sandi Miyake, faixa roxa, foi o campeão absoluto, derrotando na luta final o cadete Naval José Carlos, também faixa roxa.
O evento teve a direção da Federação Guanabarina de Judô (FGJ), com a supervisão da Comissão Desportiva das Forças Armadas. Os árbitros que atuaram nesse encontro foram: Augusto Cordeiro, Avany Magalhães, Osvaldo Duncan, Germano Matos, Yoshimasa Nagashima, Antônio Afonso Alves, Emmanuel Pacheco, Theófanes Mesquita e Ítalo de Poli.
Neste mesmo ano ocorreu o Campeonato Brasileiro Universitário, em que a equipe da Guanabara foi vencedora, suplantando no encontro final a poderosa equipe de São Paulo.
A luta decisiva foi vencida por Eduardo Kalache, campeão carioca meio-pesado, que conseguiu derrotar o paulista Masaru Saito.
Os integrantes da equipe carioca campeã foram: Eduardo Kalache, Hélio Capelluto, Newton Tuim, Glauco de Lorenzi, Ricardo Vaz, Augusto Acioli, Ângelo Cruz, Alípio Amaral, Petrúcio Monteiro e Ronaldo Campos.
A revista "High Sport" divulgou, nessa época, a realização de um Torneio Quadrangular de Judô, reunindo atletas de São Paulo, Minas Gerais, Brasília e Guanabara, ocorrido no Clube Municipal.
Esse torneio, promovido pela Confederação Brasileira de Pugilismo (CBP), fazia parte do programa de preparativos para o Campeonato Pan-Americano, que seria disputado em Winnipeg, Canadá.
A grande surpresa do evento foi a vitória do faixa marrom Arnaldo Artilheiro, no absoluto, derrotando o paulista Miguel Saganuma, 4º dan, e Álvaro Loureiro, de Minas Gerais, um dos mais experientes da competição, detentor dos títulos de campeão brasileiro dos pesados e vice-campeão pan-americano.
A mídia que cobria as atividades judoístas reclamou que o professor Haroldo Britto, treinador de Arnaldo Artilheiro, estava demorando em promover o seu aluno à faixa preta.
Esta notícia demonstra que a faixa preta, naquela ocasião, ainda era outorgada pelo professor. Só em 1970 é que a FGJ realizou o seu primeiro exame de promoção para faixa preta.
Os destaques da Guanabara apontados pela revista "High Sport", além do faixa marrom Arnaldo Artilheiro, foram os lutadores George Mehdi, Shunji Hinata, Luiz Alberto Mendonça, Santo Marzullo e Artur Duarte.
Em 1967, Jorge França, conhecido campeão carioca de judô, 3º dan, comprou e dinamizou a Academia Romana, implementando, além do judô, outras atividades como yoga, danças e práticas diversas.
Jorge França, posteriormente, apresentou trabalho eficiente como treinador, tendo orientado a preparação do campeão universitário mundial Oswaldo Cupertino Simões e da atleta Patrícia Beviláqua, campeã carioca e integrante da Seleção Brasileira em campeonatos internacionais.
Neste mesmo ano de 1967, a Escola da Aeronáutica conquistou o bi-campeonato do Torneio NAVAEMAR e os resultados na classificação individual, por peso, foram os seguintes:
Leve: campeão - Suzuki, da Aeronáutica; vice-campeão - Felipe, da Aeronáutica;
Médio: campeão - Takashi, da Aeronáutica; vice-campeão - Cunha, na Escola Naval;
Pesado: campeão Carlos Alberto, da Aeronáutica; vice-campeão Correia Lima, da AMAN;
Absoluto: campeão - Suzuki, da Aeronáutica; vice-campeão - Takashi, da Aeronáutica.
No XIV Campeonato Brasileiro, realizado em 1967, no ginásio do Automóvel Clube Fluminense, os atletas cariocas brilharam intensamente. O evento foi disputado em 5 categorias de peso corporal mais o absoluto. Os resultados foram:
Pena (até 63 kg) - campeão Liogi Suzuki, do (PR);
Leve (até 70 kg) - campeão Santo Marzullo (GB); vice-campeão Jorge Saito (GB);
Médio (até 80 kg) - campeão Lhofei Shiozawa (SP); vice-campeão Sibuki Kitani (GO) e 3º colocado Luís Carlos Morais (GB);
Meio-pesado (até 90 kg) - campeão George Mehdi, que venceu todos adversários por ippon em menos de um minuto; vice-campeão Milton Lovato (SP), 3º colocado Artur Duarte (GB);
Pesado (acima de 90 kg) - campeão Durval Rente (SP); vice-campeão Eurico Versari(GB) e 3º colocado Arnaldo Artilheiro (GB).
Absoluto - campeão Goro Saito (SP); vice-campeão George Mehdi (GB) e 3º colocado Milton Lovato (SP).
A imprensa esportiva reclamava muito que a Confederação Brasileira de Judô estava demorando a ser fundada, pois a modalidade tinha alcançado grau de desenvolvimento apreciável, não permitindo mais a diversificação de comando.
Ainda em 1967, George Mehdi conquistou a medalha de bronze na categoria absoluto, no Pan-Americano de Winnepeg, no Canadá.
Neste ano, o professor Hélcio Gama, que lecionava no Clube Naval, abriu a sua Academia no bairro do Leblon. Este professor contou com a colaboração do prof. Henrique Pereira da Fonseca Neto, atuante competidor que levantou o título de campeão carioca na categoria pena.
O prof. Hélcio Gama se notabilizou como professor de mirins, empreendendo trabalho notável, principalmente, nessa faixa etária. Era primo do peso pesado Júlio Cesar da Gama e Silva, tetra-campeão brasileiro juvenil, e do vice-campeão carioca, na década de 70, Marco Aurélio da Gama e Silva, posteriormente professor universitário e vice-presidente da FJERJ.
Dentre os alunos de Hécio Gama e Henrique Pereira não deve deixar de ser citado Ney Wilson Pereira da Silva, campeão carioca na década de 70 e posteriormente presidente da FJERJ.
O prof. Henrique Pereira ensinou os rolamentos ao grande campeão da década de 70, Edson Leandro, o "Sansão", segundo depoimento do próprio, em 15 de setembro de 2001, por ocasião do Torneio de Beneméritos, em que foi homenageado..
Ainda em 1967, a Guanabara conquistou, pela segunda vez, o Campeonato Brasileiro Juvenil, realizado em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Deste evento participaram as representações de São Paulo, Minas Gerais, Brasília, Guanabara, Estado do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
O título foi conseguido pela contagem geral. A equipe campeã teve a frente o técnico Leopoldo Levindo de Lucca e o preparador físico Orlando Machado Duarte. Os atletas que compunham a delegação da Guanabara foram: Sérgio Tanaka e Murilo Coutinho, penas; João Carlos Padilha e Agnaldo Acioli, leves; Vitor Alencar e Ivan Devoto, médios; Jorge Barros e Ivan Dias, meio-pesados; Osvaldo Paiva, pesado.
Em 1968, o 1º Triangular de Judô por Zona, patrocinado pela ADEG, contou com os melhores atletas classificados nas três zonas (norte, sul e centro), alcançando grande sucesso. O evento ocorreu no ginásio da Associação Cristã de Moços e a Zona Norte suplantou as demais. A força do judô carioca não estava mais restrita apenas à Zona Sul.
A coordenação da competição ficou a cargo da Associação de Faixas Pretas da Guanabara. O atleta Hernani França, vencedor nas classes juvenil e adulto, foi considerado o mais eficiente do certame, recebendo o Troféu Diário de notícias. Carlos Eduardo Batista, destaque entre os juvenis, ficou com o Troféu Oswaldo de Castro.
Os resultados foram os seguintes:
Juvenil
Pena: campeão - José Clodomiro; vice - Alberto Luiz.
Leve: campeão - Hernani França; vice - Chuno Mesquita; 3º colocado Fernando Carlos..
Médio: campeão - Carlos Eduardo Batista; vice - Antônio Cesar Amarante; 3º colocado Paulo Motta.
Meio-pesado - campeão Vitor Alencar; vice - Flávio Tasaka; 3º colocado Fernando Luiz.
Pesado: campeão - Rubens Odilon; vice - Cláudio Mendonça.
Adultos
Pena: campeão - Hernani França; vice - Edmundo Novais; 3º colocado - Wagner Bueno.
Leve: campeão - Hirofumi Fugikawa; vice - Edson Leandro; 3º colocado Pedro Batista.
Médio: campeão - Alípio Amaral; vice - Nilson Dias; 3º colocado - Flávio Tasaka.
Meio-pesado: campeão - Nivaldo Rezende; vice - Ricardo Blanco; 3º colocado - Sérgio Bezzi.
Pesado: campeão - Manoel Meireles; vice - Jorge Dazio;3º colocado Cláudio Mendonça.
O Diário de Notícias, de 7 de janeiro de 1968, trazia uma reclamação dos clubes com referência as exigências feitas pela CBP para o registro dos faixas pretas. Alegavam que as exigências chegavam sem uma orientação precisa e faziam uma sugestão para que o prazo de inscrição fosse prorrogado, pois o período de fim de ano não era a época mais apropriada para registros.
Nota-se aqui, mais uma vez, que a necessidade da fundação da CBJ era cada vez mais premente.
O Diário de notícias, de 11 de fevereiro de 1968, divulgava que a FGJ colocava como objetivo primeiro a construção do "Palácio do Judô", descrevendo como um lugar onde seriam realizadas competições, os atletas seriam alojados com todo conforto, haveria salas de reuniões, escritórios e local para treinamentos especiais. Para tanto, a Federação contava com a colaboração federal, estadual e da iniciativa privada, ou seja, clubes e agremiações desportivas.
Em 1968, os cariocas somando 18 pontos conquistaram, pela terceira vez consecutiva, o Campeonato Brasileiro Juvenil. Os resultados individuais foram:
Pena: campeão - Hernani França (GB).
Leve: campeão - Mário Sakurai (PA); vice - Carlos Eduardo santos (GB).
Médio: campeão - Tetsuo Fusisaka (SP); vice - Antônio Cesar Amarante (GB).
Meio-pesado: campeão - Vitor Alencar (GB).
Pesado: campeão - Ciro Cordeiro (SP); vice - Rubens Odilon (GB).
Na segunda metade da década de 60, a Universidade Gama Filho (UGF) se projetou definitivamente como uma das grandes forças do judô carioca. O professor Pedro Ernesto da Gama Filho esteve a frente do processo, incentivado por seu pai Luís Gama Filho, Ministro do Tribunal de Contas e fundador da Universidade Gama Filho.
Em 1968, por iniciativa da UGF e o apoio da FGJ e da ADEG foi realizado o 1º JUDOGAM, no Maracanãzinho, com inteiro sucesso, sendo assistido por uma platéia de cerca de 12 mil pessoas. Participaram delegações da Guanabara, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Brasília. A Guanabara foi campeã por equipe, vencendo na final a representação de Brasília por 4 x 3.
Os resultados individuais foram:
Pena: campeão - Liogi Suzuki (PR); vice - Jorge França (GB).
Leve: campeão - Takeshi Miura (BR); vice - Edson Leandro (GB).
Médio: campeão - Lhofei Shiozawa (BR); vice - Alípio Amaral (GB).
Meio-pesado: campeão - Koki Tani (BR); vice - Nilson Rodrigues (PR).
Pesado: campeão - José Casimiro (BR); vice - Eurico Versari.(GB).
Absoluto: campeão José Casimiro (BR); vice - Alípio Amaral (GB).
Uma passagem de ida e volta ao Japão foi entregue ao atleta José Casimiro, vencedor da categoria pesado. O Ministro Luís Gama Filho, reconhecendo a grande qualidade técnica apresentada por Shiozawa, resolveu presenteá-lo com outra passagem de ida e volta ao Japão.
No dia 8 de novembro de 1968, o Diário de Notícias divulgava o resultado do Campeonato Carioca de Faixas Pretas, por equipe, em que saiu vencedora a delegação do Judô Clube Haroldo de Britto e vice-campeã a equipe do Judô Clube Rudolf Hermanny.
O evento ocorreu no ginásio da Associação Atlética Souza Cruz. A equipe campeã estava constituída pelos seguintes atletas: Eurico Versari, Saito, Arnaldo Artilheiro, Edson Leandro e Melo. Seus reservas eram Kalache e Antônio Carlos.
A equipe vice-campeã estava assim formada: Alípio Olímpio, Fugikawa, Marco Antônio e Nivaldo. O atleta Fugikawa foi apontado como o judoca mais técnico do evento.
Um fato a ser registrado é que na segunda metade da década de 60, o nível técnico dos juvenis cariocas era notável e se refletia nas inúmeras conquistas alcançadas na esfera nacional. Os juvenis cariocas foram tetra-campeões nacionais.
Os bons atletas provinham indistintamente dos centros localizados nas diversas zonas em que estava dividida a Cidade, como comprova os resultados individuais de 1969:
Pena: 1) Paulo Padilha (Hermanny), 2) Almir Vaccari (Ren-Sei-Kan), 3) Olavo Ribeiro (Augusto Cordeiro), 4) Marcelo Kaufman (Hebraica).
Leve: 1) Euclides Meireles (Bento Lisboa), 2) Chuno Mesquita (Marechal Hermes), 3) Manuel Filho (RenSei-Kan), 4) André Flores (Juventude).
Médio: 1) Antônio Cesar Amarante (Hermanny), 2) Jorge Alexandre (Ren-Sei-Kan), 3) Ricardo Britto (Britto), 4) Antônio Farias (Tijuca).
Meio-pesado: 1) Ricardo de Oliveira Campos (Hermanny), 2) Vitor Alencar (Juventude), 3) Paulo Cesar Aguiar (Vasco), 4) Antônio José (Juventude).
Pesado: 1) Júlio Cesar da Gama e Silva (Clube Naval), 2) Rubens Odilon (Satélite), 3) Melick Afiff (Nipon), 4) Luís Gonzaga (João Vicente).
No cômputo geral, o campeão foi o Judô Clube Hermanny, com 15 pontos, ficando em segundo lugar a Ren-Sei-Kan com 8. O primeiro estava localizado em Ipanema e o segundo em Cascadura.
Finalmente, em 18 de março de 1969, foi fundada a Confederação Brasileira de Judô, reconhecida pelo Decreto nº 71.135 de 22 de setembro de 1972.
O presidente escolhido inicialmente para dirigir a CBJ foi Paschoal Segreto Sobrinho, mas em 1972 foi eleito o prof. Augusto de Oliveira Cordeiro.
No dia 9 de abril de 1969, o Diário de Notícias divulgava a constituição da nova diretoria da FGJ, classificando os seus integrantes como "jovens e dinâmicos".
A diretoria era a seguinte: presidente - Dr. Francisco de Almeida Lira; vice-presidente - José de Almeida; 2º vice-presidente - Dr. Noilon Gravé; secretário - Enir Vaccari.
Em 16 de junho de 1969, a sede da FGJ passou a ser na Rua Visconde de Inhaúma, 134, grupo 305 - Centro - quase esquina com a Avenida Rio Branco.
O II Judogam foi realizado em 1969, com o brilhantismo próprio de uma olimpíada nacional de judô. O Maracanãzinho, mais uma vez, foi o local para este Torneio Interestadual promovido pela Universidade Gama Filho.
Os paulistas foram os grandes vencedores e as melhores colocações do Rio de Janeiro foram conseguidas por Santo Marzullo (2º na categoria leve), Artur Duarte (2º na categoria pesado) e Olímpio Uchoa (3º na categoria leve).
Houve o sorteio de passagens para o Japão e os ganhadores foram o carioca Edmundo Novais e o paulista Oldair Borges, sendo oferecida uma também ao técnico Leopoldo Levindo de Lucca.
4.2 - A Década de 70
A década de 70 apresentou, dentre os fatos significativos, a conquista da primeira medalha olímpica pelo Brasil, por meio de Chiaki Ichi, um japonês naturalizado brasileiro que, em 1972, na Olimpíada de Munique, alcançou o terceiro lugar e a medalha de bronze, na categoria meio-pesado. Os outros acontecimentos mais importantes foram os campeonatos mundiais de júnior e universitário de judô realizados no Rio de Janeiro. Ocorreu ainda a fusão das FGJ e FFJ criando a FJERJ.
Em 28 de agosto de 1970, a imprensa divulgava que duas gratas revelações do judô carioca passavam para a categoria dos adultos (seniores), eram eles Antônio Cesar Amarante e Ricardo Campos. O técnico da seleção carioca era George Mehdi.
No dia 3 de agosto de 1970, o jornal O Globo (Edição Esportiva, p.8) divulgava o resultado do 1º Exame Oficial para Faixas Pretas 1º Dan (Sho-Dan) promovido pela Federação Guanabarina de Judô:
Grupo A
1º Marcos Almeida (Cordeiro) seguido de Rui Lopes (Bento Lisboa);
2º Sérgio Coelho (Satélite)
3º Antônio Mendonça (Hermanny).
Grupo B
1º Ricardo de Oliveira Campos, Antônio Cesar Amarante e Walquenares de Oliveira, todos do Judô Clube Hermanny.
2º Augusto Eduardo Ramos (Bento Lisboa) e Auro C. (Portuária);
4º Wilson dos Santos (Judô Clube Avany Magalhães).
A comissão técnica estava formada com os professores: Rudolf Hermanny, Masami Ogino, Enir Vaccari, Vicente Cândido, Avany Magalhães, Takeshi Ueda e Teóphanes Mesquita.
As inscrições foram feitas nos próprios judô clubes.
Em 20 de junho de 1971, o Diário de Notícias divulgava os resultados do Campeonato Carioca de Judô, ocorrido no ginásio do Colégio Anglo-Americano, com a participação de 40 atletas:
Peso pena: campeão - Hiroshi Suzuki (Gama Filho); vice - Edmundo Novais (Gama Filho) e terceiros colocados: José Carlos Sarkis ((Gama Filho) e Antônio Mendonça Silva (Hermanny).
Peso leve: campeão - Edson Leandro da Silva (Gama Filho); vice - Hernani França de Faria Jr. (Britto) e terceiros colocados: Jorge Bichara (Shu-Yo-Kan) e Frederico Reichler (Flamengo).
Peso médio: campeão - Antônio Cesar de Azevedo Duffles Amarante (Mehdi); vice - Valdir Lins de Castro (Campanela) e terceiros colocados: Olímpio Uchoa Viana (Mehdi) e Hirofumi Fugikawa (Hermanny).
Peso meio-pesado: campeão - George Mehdi (Mehdi); vice - Antônio Carlos de Oliveira (Gama Filho) e terceiros colocados: Vitor Alencar (Britto) e Carlos Alberto Y Trillo (Britto).
Peso pesado: campeão - Artur José Duarte (Mehdi); vice - Eurico Versari (Gama Filho) e terceiro colocado Nivaldo Rezende (Hermanny).
Em 9 de agosto de 1971, o jornal O Globo divulgava os resultados do Campeonato Brasileiro de Judô, realizado na Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB), no Rio de Janeiro. A grande surpresa foi a vitória de Lhofei Shiozawa sobre Chiak Ichi na categoria absoluto. Os resultados foram:
Pena: campeão - Nelson Guerra (BR); vice - Kenitiro Kurihara (SP);
Leve: - campeão - Luciano Sampaio (BR); vice - Edson Leandro (GB);
Médio: campeão - Massanori Yanaginori (SP); vice - Odair Borges (SP); 3º colocado Lhofei Shiozawa;
Meio-pesado: campeão - Chiaki Ichi (SP); vice - Gilson Pinto (Estado do Rio de Janeiro); 3º colocado Sérgio dos Santos (SP);
Pesado: campeão - José Casimiro (BR); vice - Arnaldo Artilheiro (GB); 3º colocado Natanael Tolosa.
Uma idéia sobre os atletas cariocas, que estavam em melhores condições no início da década de 70, pode ser auferida pela criteriosa convocação feita pelo então presidente da FGJ, prof. Enir Vaccari.
A FGJ, no ofício nº 15/71, de 26 de julho de 1971, por meio do seu Departamento Técnico e de acordo com o disposto na Circular nº 04/71, convocou os atletas que participariam da seletiva para formar a equipe representativa da Guanabara no Campeonato Brasileiro de Judô.
A eliminatória ocorreu na Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx), no dia 31 de julho de 1971, com início as 13 horas. Os atletas convocados foram:
Pena: Hiroshi Suzuki, Edmundo Veites Novaes, Waldemiro Lins, Henrique Pereira da Fonseca Neto, José Carlos Sarkis, José Antônio Possebon e Antônio Mendonça da Silva.
Leve; Edson Leandro, Hernani França, Santo Marzullo, Wilson Lins, Edmundo Drumond, Antônio J. Bichara, Frederico Reichler.
Médio: Antônio Cesar Amarante, Olímpio Uchôa, Hirofumi Fujikawa, Ricardo de Oliveira Campos e Luiz Virgílio Castro de Moura.
Meio-pesado: George Mehdi, Vitor R. Alencar, Antônio Carlos Melo de Oliveira, Carlos Alberto y Trillo e Francisco José Garcia de Magalhães.
Pesado: Nivaldo Rezende, Eurico Versari, Roberto de Oliveira Melo e Carlos Tarquínio de Souza.
Em 22 de setembro de 1971, a FGJ, por meio da Circular nº 24/71, convocou três atletas de cada categoria para formarem a equipe da Guanabara que participaria do torneio promovido pela faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis e Administrativas de Campo Grande. Este torneio também contou com a presença das equipes representativas de São Paulo e Brasília.
O evento ocorreu nos dias 29, 30 e 31 de outubro e a convocação confirma a presença de muitos citados anteriormente:
Pena: Hiroshi Suzuki, Edmundo V. Novaes, Henrique Pereira.
Leve: Santo Marzullo, Edson Leandro e Hernani França.
Médio: Antônio Cesar Amarante, Ricardo de Oliveira Campos e Hirofumi Fujikawa,
Meio-pesado: Vitor R. de Alencar, Nivaldo Rezende, Antônio Carlos de º Mello.
Pesado: Eurico Versari e Carlos Tarquínio de Souza.
Em 1972, a FGJ, por meio do seu presidente, Dr. Francisco Almeida de Lira, convocou dois atletas de cada categoria para representar a Guanabara no Festival Desportivo de Recife. Os atletas convocados foram:
Pena: Hiroshi Suzuki e Henrique Pereira.
Leve: Edson Leandro da Silva e Santo Marzullo.
Médio: Luis Virgílio de Castro Moura e Antônio Cesar Duffles Amarante.
Meio-pesado: Vítor Ricciulli Alencar e Francisco José Garcia Magalhães.
Pesado: Eurico Versari e Nivaldo Rezende.
O peso pesado Arnaldo Wylmori Artilheiro, que fora convocado, não pode comparecer ao avente, sendo substituído por Nivaldo Rezende.
No dia 9 de outubro de 1972, o presidente da FGJ, Dr. Francisco Almeida Lira, por meio da Circular nº 40/72, convocou para uma eliminatória final os atletas que se classificaram nas disputas realizadas em 7 e 8 daquele mês, no ginásio do Satélite Clube. As eliminatórias finais foram realizadas no dia 22 de outubro, no mesmo local das lutas anteriores.
Os atletas classificados foram:
Pena: Marcelo Lachtermacher, Júlio Cesar Avena, Waldemiro Lins de Castro e Washigton Cerqueira Lima.
Leve; Santo Marzullo, Euclides Menezes Reis, Francisco Bandeira de Almeida, Carlos Alberto Rodrigues Kalil e Roberto Bezerra Mello.
Médio: Edson Leandro da Silva, Antônio Amarante, Walquenares Corrêa de Oliveira e Paulo Roberto Carvalho.
Meio-Pesado: Luiz Virgílio de Castro Moura, Francisco José G. de Magalhães. Ricardo Blanco Bittencourt e Francisco Dantas da Silva.
No dia 23 de outubro de 1972, a FGJ, por meio da Circular nº 41/72, faz a divulgação do Decreto nº 71.135, de 22 de setembro de 1972, assinado pelo Presidente Emílio G. Médici e o Ministro Jarbas G. Passarinho, que reconhece a CBJ, aprovada que fora pelo Conselho Nacional de Desportos (CND) e homologada pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC).
Em 18 de junho de 1973, a imprensa divulgava o resultado do Campeonato Carioca por Equipes. O evento ocorreu no ginásio do Clube Municipal e o vencedor foi o Judô Clube Rudolf Hermanny, com os seguintes atletas: Antônio Mendonça, Henrique Pereira, Walquenares de Oliveira, Ricardo Campos e Nivaldo Rezende. O titulo foi conquistado no combate final contra a equipe da Universidade Gama Filho, que contava com os seguintes atletas: Hiroshi Suzuki, Carlos Fernando, Euclides Meireles, Luís Virgílio, Arnaldo Artilheiro, Eurico Versari e Vitor Alencar.
O registro interessante que pode ser feito dessa competição é que na semi-final encontraram-se as equipes da Gama Filho e do Judô Clube George Mehdi e a luta decisiva ocorreu entre o próprio Mehdi e Eurico Versari. Para espanto de todos que estavam no ginásio, Eurico Versari venceu com um perfeito osoto-gari, fazendo Mehdi cair estrondosamente. Essa luta foi a despedida de George Mehdi das competições cariocas. Anteriormente, ele já deixara de competir no Campeonato Brasileiro. O peso da idade é inclemente até mesmo para os grandes campeões.
Em 4 de janeiro de 1974, tomou posse como presidente da FGJ o Major Orlando Duarte Machado, para dirigir a entidade no biênio 74/75. O professor Raimundo Faustino Sobrinho assumiu como Diretor Técnico. A Comissão de Outorga de Faixas estava constituída com os seguintes nomes: Masami Ogino, Teófanes Mesquita, Leopoldo Levindo de Lucca, Raimundo Faustino Sobrinho, Avany Nunes Magalhães e Artur José da Silva.
O Major Orlando tinha como objetivo inicial conseguir do Governador da Guanabara, sr. Chagas Freitas, e de órgãos federais como o CND e outros, o indispensável apoio para construção de um ginásio exclusivamente para competições e treinamentos de judô. Para que esse projeto fosse viabilizado seria necessário receber um percentual da Loteria Esportiva. (Custódio, 2000).
Esta foi a segunda vez que partiu da Federação a emissão do desejo de construir o seu complexo esportivo. Trata-se de um empreendimento vultoso que, além do custo da aquisição do terreno e da construção, também irá requerer despesa regular de conservação e funcionamento. A ajuda da Loteria Esportiva não se efetivou na escala almejada e nem a participação na arrecadação dos bingos chegou a ser direcionada à FJERJ.
O ano de 1974 foi de realizações para o judô nacional e a colaboração dos atletas e dirigentes da Guanabara foi das mais importantes. O professor Cordeiro estava a frente da CBJ, contando com uma invejável Comissão Técnica formada pelos seguintes nomes: Rudolf Hermanny, Katsuhiro Naito, Ninomya, Yamamoto, Petrúcio Monteiro e Yashio Kihara.
De 10 a 13 de julho, foi realizado o Campeonato Brasileiro de Júnior, em Vitória, Espírito Santo. O carioca Júlio Cesar Avena foi campeão na categoria pena, suplantando dois nomes consagrados: Luiz Juniti Shinohara (SP) e Anelson Guerra (ES).
O Jornal do Brasil, em 15 de julho de 1974, divulgou os resultados do Campeonato Carioca, que ocorreu no ginásio do Tijuca Tênis Clube:
Peso pena: campeão - Waldemiro Lins (Campanela); vice - Henrique Pereira (Hélcio Gama) e 3º colocado - Antônio Mendonça (Hermanny).
Peso leve: campeão - Manoel Senhor Galdino (Bandeirantes); vice - Carlos dos Santos (Gama Filho); 3º colocado - Euclides Meireles.
Peso médio: campeão - Edson Leandro da Silva (Gama Filho); vice - Walquenares Oliveira (Hermanny); 3º colocado - Paulo Moreira (Gama Filho).
Peso meio-pesado: campeão - Ricardo Campos (Hermanny); vice - Ricardo Branco (Gama Filho).
Peso pesado: campeão - Nivaldo Rezende (Hermanny); vice - Eurico Versari (Gama Filho); 3º colocado - Jorge Azevedo (Sanshiro).
Em 30 de julho de 1974, o Jornal dos Sports divulgou que o Judô Clube Rudolf Hermnny foi bi-campeão do Campeonato Carioca por Equipe, ficando em segundo lugar a equipe da Gama Filho. A comemoração foi um jantar oferecido pelo Judô Clube Rudolf Hermanny aos seus atletas bi-campeões, na Churrascaria Carreta, em 1º de agosto de 1974.
De 14 a 15 de setembro de 1974, foi realizado no Maracanãzinho o 1º Campeonato Mundial de Judô Júnior. A CBJ idealizou e propôs à FIJ, obtendo a licença para realizá-lo.
A organização ficou a cargo do prof. Cordeiro e do presidente da FIJ, Mr. Charles Stuart Palmer. A Comissão Técnica estava formada com os professores Rudolf Hermanny e Enir Vaccari. Compareceram 22 países e 67 atletas. O paulista Roberto Zuasnabar Machusso foi vice-campeão na categoria leve e Anelson Guerra, do Distrito Federal, foi 3º colocada na categoria pena.
Este evento serviu para mostrar ao mundo do judô o desenvolvimento organizacional conseguido pelos dirigentes brasileiros, representados pelos cariocas. O público, que foi de cerca de 15 mil pessoas, soube aplaudir os lances mais sensacionais; respeitar com o silêncio as poucas lutas desinteressantes e apupar na hora certa. A assistência, formada por aficionados e conhecedores, repudiou a equivocada desclassificação do lutador da União Soviética.
A revista "Judô" (nº 1 de janeiro de 1975) ressalta o grande apoio dado pelo Major Brigadeiro Jerônymo Baptista Bastos, Presidente do Conselho Nacional de Desportos (CND).
A delegação do Japão contou com apenas três atletas: o peso leve Katsunori Akimoto, o médio Kami Hichijo e o pesado Tsuyoshi Yoshioka. Os três foram campeões de suas categorias.
De 10 a 13 de outubro de 1974, ocorreu o Campeonato Brasileiro de Senior, no Clube Curitibano, no Paraná. O número de árbitros para esse evento foi de 17, sendo que apenas um era do Rio de Janeiro : o árbitro Gilberto Cheble. Um dos destaques da competição foi o carioca Luiz Virgílio Castro de Moura, que venceu nas classes meio pesado e absoluto. Os outros cariocas que obtiveram classificações foram: Edson Leandro da Silva, 2º colocado nas classes médio e absoluto, Vitor Riuciulli Alencar, medalha de bronze na classe médio, e Júlio Cesar da Gama e Silva, medalha de bronze na classe pesado.
De 26 a 28 de novembro de1974, foi realizado o 9º Campeonato Pan-Americano de Judô, no Panamá. Aproveitando a presença de delegados dos países fundadores, a Federação Sul-americana de Judô realizou uma reunião, em que foram eleitos os cariocas Augusto Cordeiro, para vice-presidente e Enir Vaccari, para Diretor Técnico.
No dia 3 de dezembro de 1974, em Caracas, Venezuela, foi realizado o 2º Campeonato ibero-americano. O carioca Ricardo de Oliveira Campos, então com 23 anos e que fora Campeão Brasileiro Juvenil, em 1969, teve atuação marcante vencendo nas classes meio-pesado e absoluto.
No dia 10 de março de 1975, o Jornal do Brasil divulgou os resultados do Campeonato Carioca Juvenil de Judô, disputado na Universidade Gama Filho. Participaram da competição 151 atletas e 50 árbitros. As lutas foram realizadas em quatro áreas e o público presente foi numeroso, apesar do forte calor reinante.
A faixa etária era de 15 a 17 anos e os resultados foram:
Pena: 1º Abreu Cavazza (Mesquita); 2º Luís Sérgio Jesus (Nisei); 3º José Renato Nunes (Hermanny); 4º Carlos Fernandes Gonçalves (Olaria).
Leve: 1º Léo Oberstein (tetra-campeão) (Hebraica); 2º Sérgio Renato de Brito (Gama Filho); 3º Manuel de Oliveira (COVM); 4º Sérgio D'Almeida (Flamengo).
Médio: 1º Carlos Alberto S. Rocha (penta-campeão) (Hermanny); 2º Marcos André Camarra (Satélite); 3º Alexandre Cardoso (Cardoso Júnior); 4º Ney Wilson Pereira da Silva (Hélcio Gama).
Meio-pesado: 1º Luís Fernando Peletero (Mesquita); 2º Hélcio Moreira (Petrúcio Monteiro); 3º Daniel Fariguelernit (Hebraica); 4º Antônio Silvino Teixeira (COVM).
Pesado: 1º Rodolfo Antônio Póvoas (Hermanny); 2º Cláudio Cesar Campos (Petrúcio Monteiro); 3º José Renato Barroco (Avany Magalhães); 4º Angel José Teigeiro (Ren-Sei-Kan).
No decorrer da competição, as atletas Kazue Ueda e Cristina Maria Carvalho e Silva, ambas com a graduação de faixa marrom, fizeram uma exibição de Juno-Kata. A primeira, filha do prof. Takeshi Ueda, era praticante de judô há 10 anos e estava com 23 anos de idade. A segunda, filha do prof. Joaquim Mamede, estava com 17 anos de idade. Ambas, portanto, na idade de produzir bons desempenhos e conseguir colocações honrosas para o Brasil, mas o CND proibia a prática do judô feminino em nosso país.
O Campeonato Carioca de Judô por Equipe, de 1975, foi vencido nas classes senior e júnior pela Gama Filho, ficando o Judô Clube Hermanny com o título da classe juvenil.
A equipe de seniores da Gama Filho estava formada com os seguintes atletas: Fernando, Edson Leandro (Sansão), Euclides Meireles, Luiz Virgílio, Eurico Versari, Vitor Alencar, Geraldo Bernardes e Paulo Roberto.
A equipe de juniores contava com: Avena, Alfredo, Adolfo, Fernando, Hilton, Marteliano, Cézar e Joicine. (JB, 07/4/75).
Em 28 de abril de 1975, o Jornal do Brasil e O Globo divulgaram os resultados do Campeonato Carioca:
Peso pena: campeão - Wilson Lins de Castro (Campanela).
Peso leve: campeão - Edson Leandro (Gama Filho).
Peso médio: campeão - Walquenares de Oliveira (Hermanny).
Peso meio-pesado: campeão - Ricardo Campos (Hermanny).
Peso pesado: campeão - Nivaldo Rezende (Hermanny).
Walquenares de Oliveira foi considerado o lutador mais técnico do evento.
Em 1976, o Rio de Janeiro recebeu a visita do técnico da Kodokan, prof. Toshitaka Yamamoto, sob os auspícios da Universidade Gama Filho. (Custódio, 2000)
Em 1977, o então presidente da FGJ, prof. Joaquim Mamede, viajou para o Japão, onde permaneceu por 27 dias como hóspede oficial da Kodokan. Nesta ocasião, autorizado pelo prof. Pedro Gama Filho, segundo palavras do presidente, no Boletim Informativo nº 02 de junho de 1977, convidou os professores Risei Kano e Ishiro Abe para visitarem o Brasil.
Em novembro de 1977, conforme o Ofício Circular nº 29/77, o citado presidente da FGJ, acompanhado do técnico da Kodokan, prof. Kunitaka Matsuda, visitou as Federações da Bahia, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Pará e Amazonas, para efetuar treinamento com atletas e professores locais. As despesas foram custeadas pela Universidade Gama Filho, por gentileza do seu Vice-Chanceler prof. Pedro Gama Filho.
A Gama Filho foi a grande campeã de pontos do Campeonato Carioca de 1977, totalizando 764 pontos contra 213 do segundo colocado, o Satélite Clube. O número de agremiações participantes foi de 39. Neste ano, a Gama Filho foi também a agremiação que mais inscreveu atletas na Federação. A citada agremiação inscreveu 348 atletas, o segundo lugar ficou o Judô Clube Mamede com 306.
Em 1978, foi realizado o XXIII Campeonato Brasileiro de Judô, no dojô da Universidade Gama Filho. Os cariocas Luís Virgílio de Castro Moura, peso médio, e Oscar Fenelon, peso pesado, foram campeões.
Os atletas Edson Leandro e Júlio Cesar Avena foram cortados da equipe da Guanabara por terem faltado aos treinos. Ricardo Campos também foi dispensado por contusão no ombro.
O atleta Santo Marzullo, da Federação Fluminense de Judô, foi campeão na categoria leve.
O Boletim Informativo nº 1da FGJ, de março de 1978, faz referência a um contrato, que passou a vigir em 18 de fevereiro daquele ano, em que a Federação admitiu o prof. George Mehdi para treinar atletas cariocas, todos os sábados, a partir das 15h00, no dojô da Universidade Gama Filho. Os treinos, que teriam a presença diária de cerca de 150 atletas, tinha por objetivo selecionar um grupo dos mais destacados para participar de encontros com atletas de outros estados.
No dia 1º de novembro de 1978, o Ginásio Gilberto Cardoso, Maracanãzinho, foi palco de um feito notável para o judô do Rio de Janeiro e do Brasil: começava o V Campeonato Mundial Universitário de Judô e nesse dia foi disputada a categoria pesado. O Campeonato teve o apoio do MEC e do Governo do Estado do Rio de Janeiro. O representante brasileiro foi Oswaldo Cupertino Simões, da Universidade Gama Filho.
Simões começou a praticar judô na Bahia, em abril de 1969, com o prof. Kazue Yoshida. Da Bahia foi para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro, contratado, em 1976, pela UGF, onde fez o curso de Fisioterapia. Pesava 110 kg e venceu, na primeira fase, os seguintes adversários: Wriht (EUA), Zompi (Itália) e Del Colombo (França). Perdeu por chave de braço para o polonês Resko. Mas o regulamento permitia uma derrota, de modo que teve a oportunidade de vencer a repescagem e voltar para a fazer a luta final contra o japonês Yoshioka que, pesava 145 kg e possuía um impressionante retrospecto como lutador: bi-campeão olímpico, campeão mundial de juniores e campeão do Japão.
O brasileiro derrotou o campeão japonês que ficou sentado no tatame, depois de derrotado, como se estivesse sem acreditar no que tinha acontecido.
Oswaldo Simões conquistou a medalha de ouro do Mundial Universitário, feito que até então só tinha sido alcançado por Matheus Sugizaki, na categoria meio-médio, em 1968..
Em 30 de abril de 1979, a circular nº 06/79 era emitida pela Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro (FJERJ), evidenciando que já estavam concluídas as medidas burocráticas referentes a fusão. Esta circular, no item E, informava que no dia 5 de maio, às 9 horas, no dojô da Universidade Gama Filho, seria ministrada pelo prof. Hisashi Yanagisawa a primeira aula do Curso Técnico, destinado a professores convidados.
A relação dos professores convidados era a seguinte: Masami Ogino, Yoshimasa Nagashima, Takeshi Ueda, Leopoldo de Lucca, José Carlos Mafra, Raimundo Faustino Sobrinho, Avany Magalhães, Teófanes Mesquita, Geraldo Bernardes, Antônio Gomes (Academia Líder), Walter Russo, Iwata, Togashi, Antônio Costa, Joaquim Mamede, Enir Vaccari, Suzuki, Batista, Eurico Versari, Kawata, Edicléio, Ceny Peres, Santo Marzullo, Almir Vaccari, Oswaldo Simões, Paulo Wanderley, Walquenares de Oliveira, Nivaldo Rezende Filho, Augusto Eduardo Ramos e Gerson Paulino.
Outro professor da Kodokan que esteve no Rio de Janeiro em 1979, sob os auspícios da Universidade Gama Filho, foi Motonubu Isomura. (Custódio, 2000).
No Boletim nº2, de 20/12/1979 (página 6), o presidente Joaquim Mamede destaca Luiz Virgílio de Castro Moura como o melhor atleta competidor do Rio de Janeiro em 1979.
Até aquela data o referido atleta conquistara os seguintes títulos: campeão carioca, campeão brasileiro e campeão sul-americano.
4.3 - A Década de 80
A década de 80 representou um marco das grandes conquistas do judô brasileiro no âmbito mundial. Uma conseqüência da participação e do intercâmbio de atletas brasileiros com os grandes centros praticantes de judô. O circuito europeu e os estágios no Japão ficaram acessíveis aos nossos atletas de primeira linha. Os bons resultados nos jogos olímpicos tornaram-se uma constante, fazendo com que muitas crianças se interessassem em praticar a modalidade.
Outro acontecimento da maior importância foi a liberação definitiva do judô feminino pelo CND. A proibição era algo quase que inacreditável, pois muitas atletas treinavam assim mesmo embora não houvesse competições para elas.
Convém registrar que, em 1979, o sr. Giulitte Coutinho, ex-presidente do CND, autorizou que uma equipe feminina brasileira participasse oficialmente do Campeonato Sul Americano, realizado em Montevidéu. Logo depois, o Dr. Nelson Mallemont Rebelo Filho, funcionário da Caixa Econômica Federal e vice-presidente do CND, em exercício na Presidência, autorizou a prática do judô pelas mulheres, por meio da deliberação nº 10/79, que foi publicada no Diário Oficial de 31 de dezembro de 1979.
O Dr. Mallemont era mais ligado ao remo e chefiou várias delegações brasileiras em disputas internacionais. Esteve presente na Olimpíada de Moscou, onde foi o responsável pela equipe de remo. Era, portanto, pessoa identificada com a prática desportiva e entendeu que o Brasil estava sendo prejudicado pela proibição do judô feminino. Muitos títulos internacionais certamente deixaram de ser conquistados em virtude da citada proibição.
Os professores Ueda e Mamede, que tinham filhas praticantes de judô, foram os maiores incentivadores do judô feminino no Rio de Janeiro. As filhas desses professores, como foi dito anteriormente, fizeram várias exibições de kata, por ocasião de campeonatos de judô realizados em todo o Brasil.
De modo que é interessante ressaltar que a primeira apresentação de uma equipe brasileira feminina de judô ocorreu no campeonato sul-americano de 1979. As atletas que formaram essa equipe foram: Kazue Ueda, Cristina Maria de Carvalho e Silva, Ana Maria de Carvalho e Silva e Patrícia Maria de Carvalho e Silva.
Essas atletas participaram de uma competição internacional sem, anteriormente, terem disputado qualquer campeonato interno.
No dia 16 de janeiro de 1980, chegava a Tóquio uma delegação brasileira com 21 pessoas, sendo que 18 eram atletas. O retorno ocorreu em 24 de março de 1980. O longo estágio técnico-prático teve como principal objetivo a luta no solo (ne-waza), em que os brasileiros apresentavam acentuada deficiência. O Chefe da delegação foi o prof. Joaquim Mamede, que permaneceu no Japão por mais 7 dias.
Nessa ocasião, foram feitas sondagens para a contratação pela CBJ do prof. Yamamoto, por 3 meses, para treinar a Seleção Brasileira que participaria da Olimpíada de Moscou.
O prof. Pedro Gama Filho também fez contatos visando contratar o campeão mundial Endo para ser técnico da Universidade Gama Filho. O professor japonês chegaria ao Brasil em maio de 1981.
O prof. Mamede, que teve alguns problemas com determinados atletas da delegação, concluiu que aquele tipo de treinamento não deveria ultrapassar 15 dias e que considerava um desperdício financeiro esses estágios muito prolongados. (Boletim nº 1/80, p. 36).
O Campeonato Estadual de 1980 reuniu 50 faixas pretas, o maior número de participantes de todos campeonatos estaduais realizados até aquela data. Os resultados foram:
Peso pluma: campeão - Hirton Luiz Sant'ana (Hirton); vice - Rogério Duarte da Costa (UGF); 3º colocado - Ormindo Gomes Bastos (Campanela).
Peso pena: campeão - Carlos Fernando da Costa (UGF); vice - Waldemiro Lins de Castro (Campanela); 3º colocado - Mizael Vicente de Oliveira (Zen).
Peso leve: campeão - Jorge Mendonça Pereira (Marzullo); vice - José de Almeida Souza (Zen); 3º colocado - Evandro Yamagata (Mehdi).
Peso meio-médio; campeão - Delmo Fernandes (UGF); vice - Edson Leandro da Silva (UGF); 3º colocado - Alfredo Gonçalves Dornelles (UGF).
Peso médio: campeão - José Antônio Guimarães (Nivaldo); vice - Paulo Fernandes Gomes (UGF); 3º colocado - Cesar Romeu da Silva (Mesquita).
Peso meio-pesado: campeão - Walquenares Corrêa de Oliveira (Nivaldo); vice - Frederico Carlos Câmara (UGF); 3º colocado - Marcelo Oliveira Pequeno (Campanela).
Peso pesado: campeão - Nivaldo Rezende Filho (Nivaldo); vice - Nilton Pinto Ribeiro (UGF); 3º colocado - Ivano Menezes Reis (UGF).
Absoluto: campeão - Luiz Virgílio (UGF); vice - Oswaldo Simões (UGF), 3º colocado Waldomiro Lins (Campanela).
O resultado por equipe foi o seguinte:
1º - Gama Filho;
2º - Nivaldo Rezende;
3º - Mesquita.
Realizou-se no dia 27 de abril de 1980, no ginásio da Universidade Gama Filho, o Campeonato Estadual Infanto-Juvenil e Juvenil. Os atletas foram divididos em três grupos de acordo com a idade. O primeiro grupo estava composto por atletas de 14 anos e contou com a participação de 127 concorrentes; o segundo grupo, de atletas de 15 anos, contou com 130 concorrentes e no terceiro grupo, de atletas de 16 e 17 anos, o número de competidores foi de 127. O total, portanto, foi de 491 atletas, superando totalmente a expectativa e quebrando os recordes, até então, de inscrições nos campeonatos dessa natureza.
O campeonato foi realizado em 5 áreas e 40 foram os árbitros que trabalharam no evento.
Convém registrar que, nessa ocasião, foi homenageado, com inteira justiça, o sr. Antônio Afonso Alves, atleta da década de 50 e início da de 60, tendo sido grande colaborador do prof. Augusto Cordeiro na implementação do judô esportivo no Rio de Janeiro.
Os resultados do Campeonato foram:
Infanto juvenil - 14 anos
Pluma
1º) Jomar Machado Gomes Carneiro (AABB)
2º) Alan Roberto Santana (UGF)
3º) Ricardo Werneck da Silva (CIC)
Pena
1º) Carlos Emílio Molinaro (UGF)
2º) Eduardo R. Rodrigues (Bonsucesso)
3º) Marcelo Hermes Ramalho (Bandeirante)
Leve
1º) Flávio Henrique Tenório (AABB)
2º) Eduardo R. (Petrúcio M.)
3º) Júlio Rosental (Hebraica)
Meio médio
1º) Ademilson Rocha Silva (J. Soares)
2º) Ricardo B. G. Alves (Cordeiro)
3º) José Pereira da Fonseca (CIC)
Médio
1º) Márcio Pereira Rocha (W. Russo)
2º) Anselmo Cláudio Santos (UGF)
3º) Sérgio Silva Moreira (Hirton)
Meio pesado
1º) Marcos R. da Silva Jr. (Sanshiro)
2º) Júlio Sérgio A . Santos (AABB)
3º) Edilson da Silva Nunes Neto (ABEL)
Pesado
1º) José Carlos A . Oliveira (UGF)
2º) Paulo Cesar R. Moreira (UGF)
3º) Júlio Marcelo Banbino (Grajaú)
Infanto Juvenil - 15 anos
Pluma
1º) Roberto Corrêa dos Anjos (UGF)
2º) Maurício Sérgio M. (UGF)
3º) Álvaro Silva Bernardo (Petrúcio M.)
Pena
1º) Júlio Cesar (UGF)
3º) Rogério Abelha (Bandeirante)
3º) Marcelo Pagani V. (AABB)
Leve
1º) Ricardo Freitas Ribeiro (Bandeirante)
2º) Roberto Cláudio Leitão (UGF)
3º) Adir Silva (Líder)
Meio médio
1º) Cesar Guimarães (UGF)
2º) Flávio dos Santos (ITU)
3º) Alexandre Maria da Silva (Marzullo)
Médio
1º) Maurílio Moreira neves (UGF)
2º) Jorge Luiz V. Borges (UGF)
3º) Carlos Alberto N. Vieira (Flamengo)
Meio Pesado
1º) Amilcar Guimarães J. Jr. (Ren-Sei-Kan)
2º) Mário E. Cupello (Sanshiro)
3º) Carlos Alberto M. (Mikonozuke)
Pesado
1º) Maurício Rocha Macedo (Líder)
Juvenil 16 e 17 anos
Pluma
1º) Luiz Carlos Moraes (Olaria)
2º) Luiz Antônio da Silva (ITU)
3º) Demétrius Nogueira (Olaria)
Pena
1º) Marco Braga de Oliveira (UGF)
2º) Ricardo L. (UGF)
3º) João de Lucca Sobrinho (UGF)
Meio médio
1º) Santo Jorge Esperança (AABB)
2º) Cesar Felipe S. (Flamengo)
3º) José Henrique Aiva (UGF)
Médio
1º) Gilmar Domingues (UGF)
2º) Flávio Alves Odilon (UGF)
3º) Altamiro L. Gomes (UGF)
Meio pesado
1º) Frederico Fernando Alfredo (AABB)
2º) Aurimar L Brito (UGF)
3º) Jorge Wilmar Farias Ferreira (Olaria)
Pesado
1º) João B. Nunes Brandão Fº. (Cordeiro)
2º) Jurandir Germano Brito (Líder)
3º) Eduardo Jochen (J. C. Serrano)
O 1º Campeonato Feminino de Judô do Estado do Rio de Janeiro ocorreu em 25 de maio de 1980 e participaram 56 atletas. Este Campeonato foi realizado juntamente com os campeonatos de faixa branca a verde e de roxa e marrom. Foram ocupadas 6 áreas de combate e atuaram 41 árbitros.
O primeiro campeonato feminino oficial de judô foi realizado pela Federação Paraense e reuniu 32 atletas. A segunda Federação a organizar um campeonato feminino de judô foi a FJERJ.
Os resultados foram:
Peso pluma: campeã - Cristina Maria de Carvalho e Silva (Mamede); vice - Maria Aparecida L. de Souza (BTC); 3ªs colocadas - Simone M. de Oliveira Pinto (Galdino) e Mônica Lindoso Soares (AABB).
Peso pena: campeã - Ana Maria de Carvalho e Silva (Mamede); vice - Nilza Maria dos Santos Guimarães (Santa Luzia); 3ªs colocadas - Ivone Cerveira (CSSEX) e Regina Célia L. Cabral (AABB).
Peso leve: campeã - Eva Ferreira Cerveira (M. Ribeiro); vice - Lilian Mara Alves Siqueira (ITU); 3ªs colocadas - Rosana Ferreira Lazari (Santa Luzia) e Maria A. Pereira (P. Ferreira).
Peso meio-médio: campeão - Maria Garcia de Paiva (BTC); vice - Célia Maranhão Teixeira (Líder); 3ªs colocadas - Melania Estelina M. de Atayde (Ren-Sei-Kan) e Grace Frish (Ilha).
Peso médio: campeã - Rosa Maria de Oliveira (Resende); vice - Lenir Cosme de Souza (BTC); 3ªs colocadas Isabel Vidal (AABB) e Denair Campanha (Ventapane).
Peso meio-pesado: campeã - Patrícia Maria de Carvalho e Silva (Mamede); vice - Therezinha Fernandes (Ren-Sei-Kan); 3ªs colocadas - Ivete Madeira da Silva (Cavalcante) e Mônica P. do Nascimento Guerra (Fuji Yama).
Peso pesado: campeã - Maria José C. da Silva (Líder); vice - Maria Cristina Alonso (3º SGI/2º GI); 3ªs colocadas - Cenira Soares Matta (Shidokan) e Maria Conceição R. Faria (Santa Luzia).
As primeiras atletas faixas pretas registradas na CBJ foram: Kazue Ueda (2º dan), Beatriz Maria de Carvalho e Silva (2º dan), Cristina Maria de Carvalho e Silva (2º dan), Margarida Maria de Carvalho e Silva (2º dan), Ana Maria de Carvalho e Silva (1º dan), Patrícia Maria de carvalho e Silva (1º dan).
Em 1980, o prof. Toshitaka Yamamoto, do Instituto Kodokan, ministrou um curso de aperfeiçoamento técnico para atletas e professores, promovido pela FJERJ. O curso foi realizado em 6 aulas e 52 professores participaram entusiasticamente, inclusive o mestre Masami Ogino, que tirou duvidas com o professor nipônico.
O 1º Campeonato Brasileiro Feminino de Judô ocorreu no dojô da Universidade Gama Filho, em setembro de 1980. O destaque assinalado pelo Jornal do Brasil foi a paulista Soraia André Guimarães, que venceu nas categorias pesado e absoluta, derrotando todas adversárias por ippon.
A principal adversária de Soraia Guimarães foi a carioca Mara Cristina Alonso, com quem se defrontou no final das duas citadas categorias.
Em 22 de agosto de 1981, o jornal O Globo divulgou os resultados do XXV Campeonato Brasileiro, disputado no Ibirapuera, em São Paulo. Os cariocas que se sagraram campeões foram Delmo Fernandes, na categoria meio-médio, e Luiz Virgílio, na absoluto. Os vencedores desse Campeonato formavam a Seleção Brasileira para o Campeonato Mundial de Judô, que seria realizado de 15 a 20 de setembro na Holanda.
Em novembro de 1981, ocorreu a III Copa Pedro Gama Filho de Judô, no dojô da Universidade Gama Filho. Este evento contou com a participação de 1400 competidores, divididos em várias classes e categorias de peso. Os atletas que obtiveram maior destaque foram Cassiano Garvaza, peso-pena, e Luiz Virgílio, meio-pesado.
O Campeonato Brasileiro de 1982 encontrou o peso pesado carioca Oswaldo Cupertino Simões em muito boa forma. O Rio de Janeiro foi o segundo colocado na categoria masculino, com 46 pontos, e no feminino, com 24 pontos.
Oswaldo Simões obteve cinco vitórias, derrotando na luta final o paulista Thales Solon de Melo. Este Campeonato foi realizado no Ginásio Mauro Pinheiro, no Ibirapuera, e serviu para comemorar o centenário da criação do judô.
Nesse ano, o jornal O Dia publicou um excelente trabalho sobre a criação do judô, constituindo-se numa fonte para quem deseja um referencial histórico sobre o assunto.
Em 1983, o atleta Frederico Flexa, então com 19 anos de idade (júnior), conquistou a medalha de prata no Pan-Americano de Caracas. Flexa, da categoria pesado, ligado essencialmente ao judô carioca, embora tenha passado uma temporada em Brasília, veio a ser um grande competidor internacional integrando por diversas vezes a Seleção Brasileira de Judô. Neste ano, ele viajou para o Japão, na companhia de Sérgio Sano, outro destaque carioca, para realizar estágio técnico. (Custódio, 2000)
Em 1983, Aurélio Fernandes Miguel, que viria a ser contratado pelo Clube de Regatas Flamengo em 2000, permanecendo até 2001, sagrou-se Campeão Mundial Júnior. Em 1984, foi o terceiro brasileiro a conseguir o título de Campeão Mundial Universitário. Nesse mesmo Campeonato de Júnior, que foi realizado em Porto Rico, o atleta Frederico Flexa conquistou a medalha de bronze.
Em 24 de março de 1984, foi realizado o Campeonato Carioca de Judô das classes juvenil júnior e senior. Nos resultados da classe júnior figuram alguns atletas que posteriormente se destacaram no âmbito nacional e vieram até a integrar a Seleção Brasileira.
Júnior
Ligeiro
Campeão: Allan Robert S. Franco (UGF)
Vice: Luiz Cláudio G. Ferreira (UGF)
Terceiro: Carlos Antônio T. de Melo (UGF)
Meio leve
Campeão: Marcelo Pagani Vivacqua (Flamengo)
Vice: Marcos Soares (Sanshiro)
Terceiro: José Samuel (UGF)
Leve
Campeão: Roberto Corrêa dos Anjos (UGF)
Vice: Carlos Eduardo Hespanha Matt (UGF)
Terceiro: Aldair Neves Pinto Júnior (Galdino)
Meio médio
Campeão: Júlio Cesar S. Lapa (UGF)
Vice: Edson Gomes (UGF)
Terceiro: Álvaro Gama Furtado (UGF)
Médio
Campeão: Roberto Leitão Filho (UGF)
Vice: Frank Trilles Duarte (UGF)
Terceiro: Rogério Vicente de Oliveira (Flamengo)
Meio pesado
Campeão: Marco Tinoco Falcão (AABB - Tijuca)
Vice: José Carlos A . de Oliveira (UGF)
Terceiro: Jorge Luiz S. Ribeiro (UGF)
Pesado
Campeão: Frederico Flexa (Flamengo)
Vice: José Pereira da Fonseca (AABB - Tijuca)
Terceiro: Luiz Alberto Conceição (Galdino)
Senior
Ligeiro
Campeão: Maurício Sabbatini (Flamengo)
Vice: Francisco Maciel (Flamengo)
Terceiro: Leopoldo de Lucca (UGF)
Meio leve
Campeão: Sérgio Sano (Flamengo)
Vice: Luís Marcos freire (UGF)
Terceiro: Mauro Cesar Pinheiro (UGF)
Leve
Campeão: Thaciano A . Gavazza (UGF)
Vice: Luiz Cláudio Reis (UGF)
Terceiro: José Renato Freitas (Santa Luzia)
Meio médio
Campeão: Delmo Fernandes (Flamengo)
Vice: Gilson de Souza (UGF)
Terceiro: Paulo Cesar B. Inácio (Flamengo)
Médio
Campeão: Marcus André Gaspar (Flamengo)
Vice: Júlio Fleitas (AABB - Tijuca)
Terceiro: Roque A . Teixeira (Ventapane)
Meio pesado
Campeão: Luiz Virgílio (UGF)
Vice: Paulo Fernando Gumes (Flamengo)
Terceiro: Rômulo José Queiroz (UGF)
Pesado
Campeão: Frederico Flexa
Vice: Carlos Otávio Nery
Terceiro: José Carlos Santos (UGF)
Em 1985, os atletas Euclides Meireles, da Gama Filho, e Isaltino Marcelino, da Marinha, foram considerados os mais técnicos do Campeonato Carioca de Judô. Os resultados foram os seguintes:
Pena: 1º Júlio Cesar Avena (UGF); 2º Vanderlei Dull (Mesquita); 3º Fernando Vieira (UGF).
Leve: 1º Euclides Meireles (UGF); 2º Wilson Lins (Campanela); 3º José de Almeida (Ren-Sei-Kan);
Médio: 1º Luiz Virgílio (UGF), 2º Walquenares de Oliveira (Hermanny); 3º Edmundo Alves (Campanela).
Meio pesado: 1º Paulo Moreira (UGF); 2º Jaci Filho (Avany); 3º Jorge Lara (Mesquita).
Pesado: Ricardo Bitencourt (UGF); 2º Alfredo Lima (Ren-Sei-Kan), 3º Nivaldo Pereira Rezende (Hermanny).
No dia 17 de dezembro de 1985, o presidente da FJERJ, sr. Márcio Molinaro, na Circular nº 19/85, reclamou do procedimento da "União Nacional dos Judocas" que estava organizando torneios, palestras e ministrando cursos, envolvendo atletas e judô clubes filiados a Federação. Segundo o presidente, tal atitude fere frontalmente os estatutos da Federação. De modo que se não houver mudança de procedimento, a FJERJ seria obrigada a assumir as sanções disciplinares cabíveis.
Em 1985, a FJERJ mudou a sua sede para a Rua Pedro I, nº 4, sala 404, onde se encontra até a presente data.
O presidente Márcio Molinaro, no Boletim nº 06/85, de 5 de agosto de 1985, determina que não será mais cobrada taxa de inscrição para os campeonatos de veteranos, chupeta e dos que estão competindo pela primeira vez.
No dia 16 de agosto de 1986, ocorreu a 1ª Copa Banerj de Judô, no dojô do Clube Municipal. Os resultados da classe senior masculino e feminino foram:
FEMININO MACULINO
Ligeiro Ligeiro
1ª Rosana Trigo (Irajá) 1º Leopoldo Pinto de Lucca (Fla)
2ª Marta Sobral (Zen) 2º Francisco M. Filho (Fla)
3ª Maria M. Machado (Fla) 3º Juarez Jesus Costa (ABEU)
Meio leve Meio leve
1ª Patrícia Bevilácqua (Fla) 1º Marcelo Vivacqua (UGF)
2ª Lilian A . Siqueira (Fla) 2º Wellington Dias (Fla)
3ª Liliane M. Silveira (Fla) 3º Hernani Yamata (Fla)
Leve Leve
1ª Kellin T. Taranto (Fla) 1º Sérgio R. Piedade (UGF)
2ª Ana Cátia A . Oliveira (UGF) 2º Jomar Gomes Carneiro UGF)
3ª Maria A . M. Rocha (Ren-Sei-Kan) 3º Carlos S. Brum (UGF)
Meio médio Meio médio
1ª Rosana F. Lazari (Sta. Luzia) 1º Júlio Cesar Lapa (UGF)
2ª Simone Rocha (Riva) 2º Delmo Batista (Fla)
3ª Marta S. Medeiros (Fla) 3º Douglas M. Pereira (Sta. Luzia)
Médio Médio
1ª Soraia S. carvalho (Fla) 1º Júlio F. Brito (Sta. Luzia)
2ª Andrea F. Moura (Shiai-Kan) 2º Kleber C. Gallart (Fla)
3ª Soraia G. Alledi (AABB - Lagoa) 3º Douglas M. Pereira (Sta. Luzia)
Meio pesado Meio pesado
1ª Sílvia Cristina Seda (Fla) 1º Frederico Crim (Fla)
2ª Rosicleia C. Campos (Ren-Sei-Kan) 2º Marcos T. Falcão (Sta. Luzia)
3ª Sandra Oliveira (Sta. Luzia0 3º Celso S. Castro (Fla)
Pesado Pesado
1ª Rosaurea Pinto (Uno Game) 1º Frederico Flexa (Fla)
2ª Odília M. Maria (Fla) 2º Stefan Wolgang (Sta. Luzia)
3º Francisco C. da Costa (CSSA)
Absoluto
1º Frederico Flexa (Fla)
2º José Carlos Anzolino (AABB - Lagoa)
3º Júlio Cesar Lapa (UGF).
Os atletas premiados com troféus de mais técnico desse certame foram: Anderson Santana (juvenil A , - UGF), Jefferson Nunes (júnior - UGF), Patrícia Beviláqua (Fla), Francisco Maciel (Fla) e Júlio Cesar Lapa (absoluto - UGF). (Circular da FJERJ nº 023/86, de 01/9/1986).
Em 1986, o atleta Sérgio Pessoa, então com 21anos de idade, conquistou o título de Campeão da Copa Jigoro Kano. Este registro é da maior importância visto que este evento ocorre no Japão e pode ser equiparado ao campeonato mundial. A mídia não costuma conceder a importância devida mas, ao menos no meio judoísta, este feito não deve ser ignorado, pois foi o único brasileiro, até o presente momento, que conseguiu tal façanha.
Na Copa Jigoro Kano, o Japão tem a prerrogativa de inscrever dois atletas em cada categoria, o que se constitui num complicador para os demais concorrentes.
Na luta final, Sérgio Pessoa derrotou o japonês Tatsuya Deguchi.
Em 24 de outubro de 1986, o Jornal do Brasil noticiava a fundação pela CBJ do Centro de Treinamento em Santa Cruz, no Rio de Janeiro. O dojô propriamente dito foi fundado em 1987. O presidente da CBJ era o prof. Joaquim Mamede, que o citado jornal afirmou que naquela época tinha 56 anos de idade e que fora ao Japão 16 vezes. O prof. Mamede, segundo alegações suas, tirara da Confederação o prof. Augusto Cordeiro, comprando a briga dos lutadores.
Segundo o jornal Estado de São Paulo, de 21 de dezembro de 1986, as instalações do Centro de Treinamento (CT) eram dois grandes galpões, um de 780 metros quadrados, destinado ao alojamento de 80 pessoas, onde também ficaria o dojô com 480 metros quadrados. O outro galpão é menor, com 240 metros quadrados, seria destinado a cozinha e aos escritórios. O terreno teria sido cedido como doação à CBJ.
Posteriormente, verificou-se que o local não era de fácil acesso nem oferecia as comodidades requeridas para a acomodação de atletas.
Em 29 de novembro de 1986, às 9h00, no dojô do CIAGA, foi realizado o exame para faixa preta. A FJERJ, na pessoa do presidente Márcio Molinaro, nomeou, por meio da Circular nº 034/86, a seguinte banca examinadora:
Raimundo Faustino Sobrinho - Roku dan (6º grau)
Antônio Vieira da Silva - Roku dan
Alcides Angelim de Lima - Yon dan (5º grau)
José Alves de Moura - Yon dan
Rubens Machado da Silva - Yon dan
Nivaldo Pereira de Rezende Filho - Yon dan
José de Almeida Souza - San dan (3º grau)
Raimundo João Gama - San dan
José Pereira Silva - San dan
Em 1986, outro brasileiro conquistou o título de Campeão Mundial Universitário, dessa vez o grande feito coube ao atleta paranaense Rogério Cherubim. O evento ocorreu em São Bernardo, São Paulo.
Em 1987, assumiu a presidência da FJERJ o prof. Emmanoel Andrade Mattar, que permaneceu no comando por dois períodos sucessivos, sendo substituído em 1991 pelo prof. Ney Wilson Pereira da Silva, que foi eleito para o cargo e que na gestão anterior exercera a função de Diretor Técnico.
No dia 28 de agosto de 1987, a FJRJ divulgou, por meio da Circular nº 030/87, os resultados de vários campeonatos dentre esses os de veteranos e senior que foram os seguintes:
Master
Ligeiro
1º Manoel Messias Costa
2º José Ferreira (Lebeis)
Leve
1º Edson Leandro (Copaleme)
2º Eduardo Kalache (Flamengo)
3º Roberto Farias (Flamengo)
Médio
1º Carlos Roberto Matoso (Marzullo)
2º Renato Alberto dos Santos (R. Alberto)
3º Célio Murilo de Lima (Riva)
Pesado
1º Nivaldo Rezende (N. Rezende)
2º João da Silva (Riva)
3º Ronaldo Cosmo Mello (N. Resende).
Super Master
Ligeiro
1º Walmir Dória Dias (ABEU)
2º Milton Alves de Mello (Riva)
3º Nilton Pereira Silva (SHIAI-Kan)
Leve
1º André Leal Webering (Riva)
2º Aluysio Augusto D'Abreu (N. Resende)
3º Plínio José Lopes Ramos (N. Resende).
Meio pesado
1º José Carlos Soares (AABB - Campos)
2º Deusdedit Henriques Pereira (Sanshiro)
3º Maurício de Souza (Bonsucesso).
Senior
Superligeiro
1º Glaucio Bernardes
2º Antônio José da Silva (Yama-Arachy)
Ligeiro
1º Cláudio Pinto (Flamengo)
2º Francisco Maciel (Flamengo)
3º Ricardo Guerra (AABB - Lagoa)
3º José H. Souza (Sta. Luzia)
Meio leve
1º Wellington Leal Dias (Flamengo)
2ºCelso F. da Silva (CSSA)
3º Ricardo Ruffoni (Sta. Luzia)
3º Aníbal Lourenço (Líder)
Leve
1º Marcos Sá Rego Fortes (Sta. Luzia)
2º Wilson Lins de Castro (Sta. Luzia)
3º Severino Felix de Lima (Sta. Luzia)
3º Robson Bandeira (Sta. Luzia)
Meio médio
1º Carlos Eduardo Hespanha Matt (Flamengo)
2º Júlio Fleitas (Sta. Luzia)
3º Marco Antônio Theodoro (Flamengo)
3º Alexandre Ferreira (CSSA)
Médio
1º Frank Trilles Duarte (Copaleme)
2º Marcos Tinoco Falcão (Sta. Luzia)
3º Douglas Motta Pereira (Sta. Luzia)
Meio pesado
1º Roberto Correia (Sta. Luzia)
2º Theozones Maria (Marzullo)
Pesado
1º Luiz Virgílio Castro de Moura (Copaleme)
2º Renco Van Munster (Sol Nascente)
3º Luiz Kawata (Grajaú T. C.)
Absoluto
1º Júlio Fleitas (Sta. Luzia)
2º Douglas Motta Pereira (Sta. Luzia)
3º Celso Silveira (Flamengo)
3º Frank Trilles Duarte (Copaleme).
Em 1987, Aurélio Miguel ficou com a medalha de bronze no Mundial da Alemanha.
Em 1988, o Brasil subiu pela primeira vez no lugar mais alto do pódio olímpico, quando Aurélio Miguel conquistou a tão sonhada medalha de ouro, na Olimpíada de Seul. Este acontecimento foi de enorme importância para o judô nacional. Em todos os pontos do Brasil, muitas crianças e jovens se sentiram estimulados para praticar o judô. Feitos como este ultrapassam barreiras e colocam definitivamente o seu autor na história desportiva de todos os tempos.
Em 23 de março de 1988, a FJERJ, por meio da Circular nº 06/88, forneceu os resultados do Torneio de Abertura, que foi realizado nos dias 12 e 13 de março, no Ginásio da AABB - Tijuca, com a participação de 43 filiadas e 808 atletas. Serão transcritos a seguir os resultados da classe senior masculino e feminino roxa/preta:
MASCULINO FEMININO
Super ligeiro
1º Gláucio Bernardes (CRF)
2º Luiz Carlos de Morais
Ligeiro Ligeiro
1º José Henrique Souza (AABB - Tijuca) 1ª Nágela Almeida (CRF)
2º Carlos Magno dos S. Maidano (AABB) 2ª Rosana Trigo (Irajá)
3º Francisco Maciel (CRF)
Meio leve Meio leve
1º Marcelo Pagani Vivacqua (AABB) 1ª Carla Santos Mello (CRF)
2º Hugo Uruguai Bentes Lobato (Sta. Luzia)
Leve Leve
1º Marco Antônio Theodoro (CRF) 1ª Lilian Mara Siqueira (UNO)
2º Robson Bastos Bandeira (Sta. Luzia) 2ª Valéria Martins (CRF)
3º Jomar Gomes Carneiro (Sta. Luzia)
Meio médio Meio médio
1º Delmo Fernandes Batista (CRF) 1ª Simone Rocha (CRF)
2º Josemar Aram Castro (CRF) 2ª Rosana Ferreira Lazari (Sta. Luzia)
3º Francisco Lopes Martins (BTC) 3ª Soraia Carvalho (CRF)
Médio Médio
1º Júlio Fleitas (AABB - Tijuca) 1ª Rosicleia Cardodso (CRF)
2º Helvécio Augusto Neto (Sta. Luzia) 2ª Cristiane Morem Gomes (Líder)
3º Robson de Souza Leão (CRF)
Meio pesado Meio pesado
1º Edson Gomes (CRF) 1ª Dayse Lucy (BTC)
2º Marcos Tinoco Falcão (AABB - Tijuca)
Pesado
1º Celso Silveira Castro (CRF)
No dia 14 de novembro de 1988, o Jornal do Brasil noticiava que o Brasil conquistara o Campeonato Sul-Americano de Judô pela 10ª vez. O carioca Frederico Flexa foi medalha de ouro nas classes pesado e absoluto. Entre as mulheres, as cariocas Rosicléia Cardoso, categoria médio, e Valéria Martins, categoria meio-leve, também conquistaram medalha de ouro.
O Campeonato Brasileiro de 1989, disputado no Esporte Clube Bahia, em Salvador, apresentou algumas curiosidades como os irmãos Lapa disputando por Santa Catarina e contribuindo decisivamente para que aquele estado fosse campeão geral do evento.
Um dos destaques da competição foi o peso leve Luís Onmura, do Clube de Regatas Flamengo (RJ), que venceu todos os seus adversários por ippon. Os outros cariocas que conseguiram ser campeões foram: Alexandre Garcia, super-ligeiro; Carlos Alexandre Lapa, meio-leve e Júlio Cesar Lapa, meio-médio. Os dois últimos, como foi dito, defenderam as cores de Santa Catarina.
4.4 - A Década de 90 e o Início dos Anos 2000
A década de 90 começou de maneira ruidosa com o campeão Aurélio Miguel denunciando irregularidades na CBJ. O Tribunal de Contas da União (TCU), conforme divulgado no Jornal do Brasil de 06 de abril de 1990, com base no exame de documentos da CBJ elaborou um processo que foi enviado a Secretaria Nacional de Desportos.
O jornal O Globo, de 13 de setembro de 1990, noticiou que o CND resolvera intervir na CBJ, depois que o TCU ter condenado o presidente Joaquim Mamede a pagar cr$5,9 milhões que desviara da Confederação.
O interventor nomeado pelo CND foi o Professor de Educação Física do Exército Luís Carlos Calomino. O presidente Mamede, ao tomar conhecimento do ocorrido, informou que recorreria à Justiça contra a decisão do CND.
Outro caso que tomou as manchetes policiais envolveu o ex-campeão carioca de judô Edgar Wallace, que foi preso quando assaltava, na companhia de um meliante, uma residência localizada no Condomínio Beton, na Barra da Tijuca. Felizmente, casos tristes como esses são raríssimos entre praticantes da modalidade, mas o registro é importante porque é um alerta para se ficar sempre atento, pois o ídolo esportivo é motivo de admiração de todos, principalmente das crianças.
A década de 90 foi de grande renovação no judô do Rio de Janeiro, quer com o surgimento de jovens atletas que despontaram para o cenário internacional, quer pela assunção de jovens e competentes valores que assumiram a direção da FJERJ.
Em 1991, a Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro introduziu em seu calendário uma inovação: o Circuito de Faixas Pretas disputado na sua primeira rodada, no Município de Duque de Caxias e que teve continuidade, na sua segunda apresentação, na AABB - Lagoa.
O circuito consta de dez rodadas em que competem, somente, faixas pretas contando pontos os classificados até o quinto lugar e, ao final, serão conferidos prêmios aos três primeiros colocados. A experiência surtiu o efeito desejado e foi a primeira medida, visando dinamizar a participação dos atletas do Rio de Janeiro, tomada pela administração do presidente Ney Wilson Pereira da Silva.
Convém salientar que a nova administração teve de tomar providências fundamentais, tão logo assumiu o comando da Federação. A linha telefônica estava em nome de particular e teve de ser regularizada. A Federação estava deixando de usufruir de isenções fiscais porque não tinha a sua situação atualizada junto a Prefeitura. A casa teve de ser arrumada, antes de qualquer coisa, de modo a permitir que a Federação pudesse deslanchar em outras áreas.
A FJERJ, por meio da Circular nº 021/91, de 26 de março de 1991, divulgou os resultados do Torneio de Abertura, realizado nos dias 23 e 24 de março. Este foi o primeiro evento com as novas mudanças implantadas pela nova administração.
O Torneio de Abertura contou com a participação de 721 atletas pertencentes a 41 agremiações filiadas. Os resultados da classe senior feminino e masculino refletem o poderio de atletas e agremiações que iriam preponderar em 1991:
MASCULINO FEMININO
Super ligeiro Super ligeiro
1º Jucinei G. Costa (Sta. Luzia) 1ª Nágela Almeida (CRF)
2º David M.P. Júnior (BTC) 2ª Wanessa Alves (Dornelles-Marapendi)
3ª Bárbara Neno Rosa (Uno-Game)
Ligeiro Ligeiro
1º Márcio Pimentel (CRF) 1ª Érica de O . Lima (Uno-Game)
2º Alan Oliveira (Dornelles-Marapendi) 2ª Andréa Barnabé (Sol Nascente)
3ª Walesca R. Alves (Dornelles-Marapendi)
Meio leve Meio leve
1º Maurício Sabbatini (Nissei) 1ª Patrícia Bevilacqua (Sta. Luzia)
2º José Vianna (CRF) 2ª Kátia Rocha (Dornelles-Marapendi)
3º Francisco Maciel (CRF) 3ª Alessandra Francisco (Uno-Game)
Leve Leve
1º Anderson Telles (Dornelles-Marapendi) 1ª Elaine Fernandes (Jacarepaguá)
2º Jomar Carneiro (Sta. Luzia) 2ª Rosângela Cavalcanti (Uno-Game)
3º Anderson da Rocha Vieira (Sta. Luzia) 3ª Fátima Santana (Lijú)
Meio médio Meio médio
1º Ezequiel Paraguassú (CRF) 1ª Adriana A . Marcondes (Sta. Luzia)
2º Jefferson Mello (Dornelles-Marapendi) 2ª Eliane França (AABB - Lagoa)
3º Alexandre R. Rodrigues (Fuji-Yama) 3ª Ana Lucia Oliveira (Dornelles-Marapendi)
Médio Médio
1º Helvécio P. Neto (Sta. Luzia) 1ª Rosicleia Campos (CRF)
2º Edson Pinto (CRF) 2ª Alessandra da Silva (Carioca)
3ª Ana Lúcia Alves ((Carioca)
Meio pesado
1º Paulo Bento Inácio (CRF)
2º Irbis Eduardo da Silva (CRF)
3º Jorge L.S. Ribeiro (Dornelles-Marapendi)
Pesado Pesado
1º Celso Castro (CRF) !ª Denise Oliveira (CRF)
2º João R.N. da Graça (Dornelles-Marapendi) 2ª Andréa S. da Silva (Carioca).
Em 1991, a FJERJ conseguiu junto a CBJ a homologação das promoções de altas graduações dos seguintes professores:
Masami Omino - promovido à 9º dan
George K. Mehdi - promovido à 8º dan
Raimundo Faustino Sobrinho - promovido à 7º dan
Antônio Vieira da Silva - promovido à 7º dan
Avany Nunes Magalhães - promovido à 7º dan.
No ano de 1991, a FJERJ fez-se representar em todos os Campeonatos Brasileiros, ou seja, das diversas faixas etárias, e todas as despesas com passagens e alimentação (atletas, técnicos, chefe de delegação e árbitro) ficaram a cargo da Federação.
Foram instituídas as quartas feiras culturais com o objetivo de oferecer aos atletas, professores, árbitros e estudantes de Educação Física, entre outros, informações históricas, técnicas e táticas sobre o judô em seus diversos aspectos. Para tanto eram convidados professores conceituados e com inteiro domínio sobre os temas.
Em 16 de dezembro de 1991, o jornal O Dia, na página 2, divulgava que o judô brasileiro acabava o ano com dois grandes problemas referentes a Olimpíada de Barcelona, de 1992. O primeiro problema era a reaproximação do campeão Aurélio Miguel e outros atletas de primeira linha com a CBJ, que tinha à frente Joaquim Mamede de Carvalho e Silva Júnior, filho do prof. Mamede, que exercia o cargo de Superintendente. O segundo problema era conseguir os 350 mil dólares necessários para as competições internacionais e treinamentos para a Olimpíada.
Em 18 de janeiro de 1992, o Secretário de Desportos, Bernard Rajzman, conseguiu uma trégua entre a CBJ e os atletas, propiciando que fosse formada a melhor equipe para a Olimpíada. Nessa época, o atleta Edson Carvalho Pinto, do Flamengo, que fora campeão brasileiro, no Campeonato disputado em Cuiabá, não aceitou a decisão do prof. Mamede de deixá-lo fora da seletiva. Compareceu a sede da CBJ, na Praça Tiradentes, tentando mudar a situação, mais esta se agravou ainda mais e o resultado é que o atleta acabou por agredir o prof. Mamede e o filho deste.
A seletiva foi levada a efeito na AABB da Lagoa e o Rio de Janeiro teve duas atletas classificadas: Patrícia Bevilácqua, meio leve de 26 anos de idade, e Rosicléia Campos, médio de 22 anos. Os outros cariocas que integraram a Seleção Brasileira foram: Carlos Hespanha, peso médio de 25 anos e Ezequiel Paraguassú, peso meio-médio de 28 anos .
Nesta Olimpíada o Brasil conquistou a sua segunda medalha de ouro olímpica, por meio do paulista Rogério Sampaio, meio leve então com 24 anos de idade.
Em fevereiro de 1992, o prof. Enir Vaccari era o redator de um boletim informativo que tinha o nome de "Judogui", em que escreveu um artigo com o título: "A Federação de Judô do Rio de Janeiro livra o Brasil de vexame na 1ª Copa Internacional do Brasil".
Até pelo nome do evento é possível constatar que a organização e realização era de responsabilidade exclusiva da CBJ. Ocorre que, apesar do evento estar designado para ocorrer no Rio de Janeiro, a CBJ nada comunicou à FJERJ nem convidou o seu presidente para qualquer reunião. A data da competição foi se aproximando e o superintendente da CBJ, que fizera críticas, no passado, ao prof. Augusto Cordeiro, homem responsável e diligente, não conseguiu patrocinador e, sem outra alternativa, apelou para que a FJERJ assumisse a direção total do evento, quando faltavam apenas dois dias para a data marcada. O presidente Ney Wilson, com sua equipe, pôs mãos á obra para não deixar que o Brasil fizesse um papel deprimente ante as delegações estrangeiras. A FJERJ conseguiu, a duras penas, realizar o evento, que apresentou algumas falhas por culpa única e exclusiva da CBJ. Este fato não deve ficar no esquecimento, sobretudo quando o grande culpado alega ter realizado trabalho brilhante à frente da CBJ, criticando homens que realmente organizaram eventos inesquecíveis que receberam elogios das delegações estrangeiras.
Em 1992, o judoca carioca Sebastian Pereira foi o primeiro brasileiro campeão do Torneio Mundial Estudantil Roger Serzian, na França.
No Campeonato Brasileiro de 1993, o carioca Carlos Hespanha foi vencedor na categoria médio.
Em 1993, Aurélio Miguel conquistou a medalha de prata no Campeonato Mundial realizado no Canadá. Neste evento, Rogério Sampaio ficou com a medalha de bronze.
Como parte dos preparativos para o citado Mundial, a Seleção Brasileira participara do US Open dos Estados Unidos, em que Aurélio Miguel, José Mário Tranquilini, Carlos Hespanha e Edilene Andrade ganharam medalha de ouro.
Nos dias 23 e 24 de outubro de 1993, a FJERJ realizou, no Ginásio Gilberto Cardoso, o Maracanãzinho, a IV Copa Rio de Janeiro Internacional. Um evento de grande proporções que contou com a presença de 90 agremiações do Rio de Janeiro, delegações do Chile e do Uruguai e de 18 estados brasileiros, totalizando 2.800 atletas. A grande presença, sem dúvida, foi o campeão Aurélio Miguel que se constituiu numa atração para os presentes. Os resultados da classe senior feminino e masculino foram:
MASCULINO FEMININO
Super ligeiro Super ligeiro
1º Pierri Gomes Jr. (CRF-RJ) 1ª Mônica Angelluci (CBJ-SP)
2º Júlio Pavon (MIFUNE-MS) 2ª Raquel Cunha (CBJ-SP)
3º Giltron Barreto (PAULO FRAGA-BA) 3ª Bárbara Neno (AUG-RJ)
3º Walder Pereira (NIPPON- MS) 3ª Tânia Lopes (NALDO-PEDRO-MS)
Ligeiro Ligeiro
1º Márcio Pimentel (CRF-RJ) 1ª Mariana Melo (AUG-RJ)
2º Carlos Anapurus (CNRSL-RJ) 2ª Andréa Berti (CBJ-SP)
3º Peterson Torres (APCE-RJ) 3ª Glauce Leite (AABBL-RJ)
3º Maurício Andrade (PAULO FRAGA-SP) 3ª Nilda Francisca (AABBT-RJ0
Meio leve Meio leve
1º Luciano Rodrigues (CNRSL) 1ª Luciane Sansão (CBJ-SP)
2º Leonardo Rolim (CNRSL-RJ) 2ª Luciane Marinho (AUG-RJ)
3º Murilo Bezerra (AZHO-RL) 3ª Cátia Maia (CRF-RJ)
3º Ivan Freire (MIFUNE-MS) 3ª Kelia Cardoso (CBJ-SP)
Leve Leve
1º Aron Barbosa (NIPPON-MS) 1ª Adriana Capela (CBJ-SP)
2º Vinícius do Amaral (AAUGF-RJ) 2ª Patrícia Bevilácqua (CBJ-SP)
3º Antônio Kwisinieskis (GN GAUCHO-RS) 3ª Sandra Cunha (CBJ-SP)
3º João de Deus Jr. (CRF-RJ) 3ª Ana Albuquerque (BAYER-RJ)
Meio médio Meio médio
1º Thiago Barbosa (D. FEDERAL) 1ª Cristina Sebastião (CBJ-SP)
2º Eugênio Melo (VOLKSWAGEN-SP) 2ª Soraia Carvalho (CRF-RJ)
3º Sandro Borges (J.C. NOVI) 3ª Francisca da Silva (CBJ-SP)
3º Carlos Rocha (AAUGF-RJ) 3ª Carla Braga (AZHO-RJ)
Médio Médio
1º Helvécio Neto (CNRSL-RJ) 1ª Rosicléia Campos (CRF-RJ)
2º Cláudio Faria (VOLKSWAGEN-SP) 2ª Ceilà Maciel (ESTRELA-MS)
3º Vanderson Ribeiro (JCFY-RJ) 3ª Márcia Copeli (AUG-RJ)
3º Renato Domini (VOLKSWAGEN-SP) 3ª Ana Chaves (CEC-RJ)
Meio pesado Meio pesado
1º Aurélio Miguel (GUARULHOS-SP) 1ª Denise de Oliveira (CRF-RJ)
2º Aurélio Fernandes (CRF-RJ) 2ª Patrícia Martins (CBJ-GO)
3º Richard Luchtemberg (ACOC-RS) 3ª Cristiane Ribeiro (TFC-RJ)
3º Luiz Moura (CNRSL-RJ) 3ª Nívia Silva (FED. MINEIRA-MG)
Pesado Pesado
1º Rogério Brondi (VOLKSWAGEN-SP) 1ª Edilene Andrade (CBJ-MG)
2º Nelson Neri (NIPPON-BA) 2ª Adriana Moura (C.N.S.AUX.-MS)
3º Jairo Rodrigues (J.C. ROCHA-MS) 3ª Edileide dos Santos (CRF-RJ)
3º Ronaldo Laurentino (AAUGF-RJ) 3ª Anamalia Souza (FED.SERGIPANA-SE)
Em 28 de agosto de 1993, realizou-se no ginásio da UGF o Festival de Iniciantes, que contou com a participação de 668 atletas pertencentes a 60 agremiações filiadas. Nesta ocasião, também foi realizado o Campeonato Estadual de Master, que foi subdividido em três classes. Este campeonato foi o que reuniu maior número de participantes veteranos até aquela data.
O campeonato de master reúne atletas veteranos que dão sempre um exemplo de socialização e saudável convivência dentro do ambiente esportivo. É um encontro de velhos companheiros que querem manter o hábito da saúde física e mental. Os resultados foram:
MASTER A MASTER B
Ligeiro Leve
1º Elson Nascimento (ACAV) 1º Ormindo Bastos (CNRSL)
2º Hilton de Souza (BTC) 2º José Ferreira (CRNSL)
Leve Meio médio
1º Guilherme Bezerra (CRNSL) 1º José de Almeida Souza (ACAX)
2º José Junqueira (CNRSL) 2º Nelson José Weinschutz (JCSer)
3º Maurício de Souza (AAUGF)
Meio médio Médio
1º Roberto Simões (JCOS) 1º Orlando Araújo (JCNSS)
2º Ézio Nóbrega (CNRSL) 2º Hélio Oliveira (ACAX)
3º Isaias Rosa (JCIGL)
Médio Pesado
1º Murilo Sérgio (R2AC) 1º Cesar Romeu Silva (Riva)
2º José Mendonça (ACMCA) 2º Paulo Pinto (AAUGF)
Pesado MASTER C
1º Oswaldo Simões (JCOS) Ligeiro
2º Luiz Virgílio Castro de Moura (JCOS) 1º Nilton Pereira da Silva (JCIGL)
Categoria Especial (Master B) Meio médio
1º Evandro Yamagata (JCNSS) 1º Luiz Araújo de Lima (JCIGL)
2º Roberto Simões (JCOS) 2º Eloi Moreira (JCBRR).
Quanto ao Campeonato estadual de Nage-No-Kata, neste ano, participou do evento apenas uma dupla, que fez uma correta apresentação. A dupla campeã foi:
Tori - Roberto Alves Garcia (R2AC)
Uke - Ricardo Tadeu (R2AC)
No dia 16 de março de 1994, houve eleição para presidente da CBJ, para um mandato de três anos. Joaquim Mamede de Carvalho e Silva Júnior conseguiu se reeleger, vencendo o seu oponente Paulo Wanderley Teixeira, da Federação Espirito-Santense de Judô, pela diferença de três votos. Pela primeira vez houve um racha significativo nas federações, prenunciando que num futuro próximo poderia ocorrer modificações mais proeminentes.
No Boletim Oficial da FJERJ de nº 014/94, de 6 de maio de 1994, no item 17, foi feita uma saudação especial ao Judô Clube Avany Magalhães, um dos fundadores da Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro, pela passagem de seu 35º aniversário.
Em 1994, Houve uma mudança no Estatuto da FJERJ, passando o mandato presidencial a ser de três anos. Anteriormente, o mandato era de dois anos. (Custódio, 2000)
Nos dias 22 e 23 de outubro de 1994, foi realizada a V Copa Rio de Janeiro Internacional, no Ginásio Nossa Senhora da Glória (Castelo), na cidade de Macaé, no Rio de Janeiro.
O evento contou com a participação de 97 agremiações de 13 estados brasileiros e do Uruguai, totalizando 1804 atletas.
Os resultados da classe senior feminino e masculino foram:
MASCULINO FEMININO
Super ligeiro Super ligeiro
1º Fábio Lima (JCJY-RJ) 1ª Cláudia Vitória (AMJK-RJ)
2º Gabriel Leite (SOGIPA) 2ª Tânia Arruda (ANP-MS)
3º Jucinei Costa (CNRSL) 3ª Wlaquiria de Jesus (JPJ-MS)
3º Claudenis Salvador (AACETE-RS)
Ligeiro Ligeiro
1º Marcelo Shinchara (JCVS-SP) 1ª Érica Oliveira (AUG-RJ)
2º Márcio Pimentel (CRF-RJ) 2ª Adriana Marcelino (AAUGF-RJ)
3º Aurélio Rosa (AJHB-SP) 3ª Edna Pereira (JCASV-RJ)
3º Afonso Resende (CECAJ-ES) 3ª Caroline Lemos (JCPM-RJ)
Meio leve Meio leve
1º Gilson Okwyama (JCVS-SP) 1ª Katia Maia (ADIEE-SC)
2º Wagner Guimarães (CNRSL) 2ª ArIane Lamb (GNG-RS)
3º André Barrocas (AZHO-RJ) 3ª Flávia Barbosa (AMJ-MS0
3º Alessandro Nascimento (JCR-MS) 3ª Fabíola Maduro (CRVG-RJ)
Leve Leve
1º César Jokura (AMJ-MS) 1ª Kátia Rocha (AAUGF-RJ)
2º Alessandro Martino (JCVS-SP) 2ª Jaqueline Pereira (ADIEE-SC)
3º Sebastian Pereira (CNRSL) 3ª Nara Penarai (GNG-RS)
3º Aron de Oliveira (ANP-MS) 3ª Adriana Lima (ACRFF-RJ)
Meio médio Meio médio
1º Jeferson Melo (CRF-RJ) 1ª Carla Braga (AZHO-RJ)
2º Edgar Locke (CRF-RJ) 2ª Laura Braga (SOGIPA-RS)
3º Sandro Borges (JCNOVI-SP) 3ª Patrícia Nummer (SOGIPA-RS)
3º Alex Rosalina (AAUGF-RJ) 3ª Daniela Silva (JUDOCAN-RS)
Médio Médio
1º Carlos Vinícius Borges (CNRSL) 1ª Rosicléia Campos (CRF-RJ)
2º Thomaz Locke (CRF-RJ) 2ª Fernanda Cunha (ACRFF-RJ)
3º Anderson Leal (CNRSL) 3ª Cecilia Cunha (JCARRAIS-MS)
3º Celso Monzano (VOLKS-SP) 3ª Márcia Copelli (AUG-RJ)
Meio pesado Meio pesado
1º Alessandro Puglia (VOLKS-SP) 1ª Denise de Oliveira (AABBT-RJ)
2º Washington Nascimento (CNRSL) 2ª Rosângela Conceição (JUDOCAN-RS)
3º Aurélio Fernandes (CRF-RJ) 3ª Aline Moreira (AAUGF-RJ)
3º Ronaldo Vianna (AAUGF-RJ) 3ª Isadora Gonçalves (CRVG-RJ)
Pesado Pesado
1º Celso Castro (CRF-RJ) 1ª Rosimery Salvador (ADIIE-SC)
2º José Fonseca (AABBL) 2ª Adriana Moura (ADMA-MS)
3º Luiz Kawata (GTC-RJ) 3ª Eliane de lima (ALIJU-RJ)
3º José Duarte (CNRSL) 3ª Angélica Silva (ACAX-RJ)
O Boletim Oficial 042/94, de 7 de novembro de 1994, informou as inscrições originais do Campeonato Estadual de Master, realizado no dia 1º de outubro de 1994, no Ginásio da Hebraica. Esta divulgação se deveu ao fato de que os atletas daquela classe, no dia da competição, foram divididos em quatro grupos, para que houvesse condições de todos lutarem. As inscrições originais foram as seguintes:
Master A:
Ligeiro - 1º Elso do Nascimento (ACAV); 2º Paulo Fernandes ((ACAX); 3º Hilton de Souza (BTC).
Leve - 1º Ney Wilson Pereira da Silva (CNRSL).
Meio médio - 1º José Renato Freitas (CNRSL)
Médio - 1º Sérgio Vasconcelos (CNRSL); 2º Márcio das Neves (AABBL); 3º José C. Junqueira (IAC).
Pesado - 1º Hélcio da Silva (AMJK).
Master B:
Leve - 1º Isaias Rosa (JCIGL).
Meio médio - 1º José de Almeida Souza (ACAX).
Médio - 1º Orlando Araújo (JCNSS).
Pesado - 1º César Romeu da Silva (JCASV)
Master C:
Ligeiro - 1º Nilton Pereira (JCIGL)
Leve - 1º Shiro Matsuda AMJK); 2º Roberto Bolais (CCMRY)
Meio médio - 1º Luiz A . de Lima (ACAV) e Eloi Moreira (JCBRR)
Pesado - 1º Nivaldo Pereira de Rezende Filho (JCNR).
Em 1995, assumiu como Diretor Técnico da FJERJ o prof. Roberto Corrêa dos Anjos, em substituição ao prof. Emmanoel de Andrade Mattar, que assumiu como Superintendente.
Na segunda metade da década de 90, dois atletas cariocas despontaram definitivamente como judocas de nível internacional: Sebastian Rafael Pereira e Flávio Ulhôa Vianna Canto.
Em 1995, na classe juvenil, começaram a apresentar bons resultados os atletas Marcel Ábner de Aragão e Ângelo de Paiva e Silva. Como promessa do judô feminino carioca, despontava, na classe pré-juvenil, a atleta Viviane Silva Castro, da AAUGF.
No Campeonato Mundial Senior de 1995, realizado em Chiba-Ken, no Japão, os atletas Sebastian Rafael Pereira (Sta. Luzia/ -71kg) e Flávio Ulhôa Vianna Canto (AAUGF/ -78kg), embora estreantes em campeonatos mundiais e ainda da classe júnior, obtiveram as melhores colocações de toda a equipe masculina, ambos ficaram em 5º lugar.
Nesta competição, a atleta Daniele Zangrando (-56kg), da Federação Paulista de Judô, conquistou a medalha de bronze.
No dia 15 de novembro de 1995 (4ª feira - feriado), como parte das comemorações pelo centenário do Tratado de Paz, celebrado entre Brasil e Japão, compareceram ao ginásio da AABB-Lagoa as seleções masculina e feminina do Japão, para um confronto amistoso com as respectivas seleções do Rio de Janeiro. O evento teve, inicialmente, um desfile das delegações concorrentes e foram tocados os hinos dos dois países. O nível técnico das seleções japonesas era realmente admirável e um momento que marcou a assistência foi quando o atleta Sebastian Pereira aplicou um perfeito sode-tsuri-komi goshi em seu oponente e o nipônico, para não cair de costas, preferiu cair de cabeça e, numa manobra habilidosa, ficou de pé. No decorrer da luta, o lutador japonês conseguiu ser o vencedor.
No dia 3 de agosto de 1995, o Jornal do Brasil divulgou que, em início de agosto daquele ano, a Universidade Gama Filho tornou-se campeã da 3ª Copa Aurélio Miguel Inter-Universidades de Judô Sul-Americano, com seus atletas enfrentando e derrotando competidores de 19 universidades brasileiras e representações da Argentina e Uruguai. No encontro final contra a Universidade Santana, de São Paulo, que reúne atletas da Seleção Nacional de Judô, a UGF nas cinco lutas disputadas, empatou duas e venceu as outras três.
A Copa foi disputada em São Paulo (Baixada Santista) e reuniu muito dos melhores atletas de judô do país, boa parte deles selecionados para a Universíade do final do ano no Japão.
Durante os dois dias de competição, a UGF utilizou oito atletas (cinco titulares e três reservas), a saber: Márcio Pimentel (ligeiro), Leandro Henrique da Silva (meio-leve), Carlos lapa (leve), Giorgio Skiba (leve), Leandro Trotta (leve), Vinícius Amaral (meio-médio), Carlos Hespanha (médio) e Franf Trilles (pesado). O atleta Flávio Canto, que também era da equipe da UGF, não participou da Copa em São Paulo, porque estava atuando no Campeonato Sul-Americano de Judô, em Florianópolis, onde se sagrou campeão.
As categorias disputadas na Copa, segundo a reportagem do Jornal do Brasil, foram: meio-leve, leve, meio-médio, médio e pesado, com mais de 86 quilos.
No dia 24 de agosto de 1996, durante a realização do campeonato sul-americano, os árbitros Antônio José Pereira Pinheiro e Willian Muniz de Souza foram aprovados no exame para Internacional C (FIJ C).
Em 1996, Sebastian Pereira conquistou o titulo de Campeão Mundial Júnior, o terceiro judoca brasileiro a conseguir tal façanha.
Os campeões cariocas na classe senior, em 1996, foram:
MASCULINO FEMININO
Superligeiro Superligeiro
Nicilas Tateishy (AAUGF) Daniela Polzin (AAUGF)
Ligeiro Ligeiro
Márcio Pimentel (AAUGF) Caroline Lemos (JCPM)
Meio-leve Meio-leve
Rubens Neres (AUG) Tânia Silva ((Linju)
Leve Leve
Sebastian Pereira (Sta. Luzia) Prissi Cordeiro (AABBL)
Meio-médio Meio-médio
Vinícius do Amaral (AAUGF) Carla Braga AZHO)
Médio Médio
Júlio Lapa (AAUGF) Gabriela de Souza (Sta. Luzia)
Meio-pesado Meio-pesado
Alex Matos (CRF) Denise Oliveira (Sta. Luzia)
Pesado Pesado
Wantuir Jacini (Sta. Luzia) Elaine Souza (A J Pinh.)
Absoluto Absoluto
Celso Castro (CRF) Rosicléia Campos (CRF)
O Boletim Oficial 008/97, de 15 de abril de 1997, divulgou muitas notícias e resultados de interesse para os judoístas do Rio de Janeiro. Inicialmente, forneceu os resultados do Torneio de Abertura realizado nos dias 15 e 16 de março, no ginásio do Sesi de Jacarepaguá, em que compareceram 1203 atletas.
Os resultados da classe senior foram os seguintes:
Super Ligeiro: 1º Alexandre (SION); 2º Daniel Dornelles (AAUGF); 3º André A Santos (AAUGF) e Fábio Lima (ADFY).
Ligeiro: 1º Márcio Pimentel (AAUGF); 2º Jorge O . Silva (AAUGF); 3º José Roberto Araújo (CRF) e André Luiz Silva (AAUGF).
Meio Leve: 1º Rômulo Cunha (AAUGF); 2º Daniel Silva (AAUGF); 3º Marcelo Reis AAUGF) e Luiz Moraes (BAYER).
Leve: 1º Luiz Eduardo Coutinho (SION); 2º Sebastian Pereira (SION); 3º Ricardo N. Souza (AAUGF) Cesar O. Rocha (SION).
Meio Médio: 1º Flávio Canto (AAUGF); 2º Marcel Aragão (SION); 3º Benogno Leite (ASSM) e Zenóbio Santos (SION).
Médio: 1º Carlos Hespanha (AAUGF); 2º Tomas Lucke (CRF); 3º Edgard Lucke (CRF) e Júlio Lapa (AAUGF).
Meio Pesado: 1º Fábio Regis (AZHO); 2º Rodrigo Tiellet (CRF); 3º Rodrigo Silva (CCRR) e Alex Mattos (CRF).
Pesado: 1º Celso Castro (CRF); 2º Irbis Silva (Bayer); 3º Ronaldo Vianna (AAUGF) e José Fonseca (AABB).
O citado Boletim trouxe os resultados dos atletas que ganharam medalhas e se classificaram para a fase final da Seletiva Nacional para o Campeonato Mundial Senior, nas três fases do Circuito Europeu. Os medalhistas foram:
1ª Fase: Torneio de Paris, Torneio Leonding e Torneio da Alemanha.
Sebastian Pereira (Sion) - 3º lugar no Torneio de Leonding;
Flávio Canto (AAUGF) - 3º lugar no Torneio da Alemanha.
2ª Fase; Torneio da Hungria e Torneio da República Tcheca.
Márcio Campos Chouim Varejão (Sion) - 3º lugar no Torneio da Hungria.
Também foi noticiado no Boletim 008/97, que o árbitro Emmanoel Andrade Mattar (FIJ A) recebeu convite da Unión Panamericana de Judo para participar do Seminário de Arbitragem para o Campeonato Mundial Senior. O Seminário foi no período de 18 à 20 de abril e o Campeonato, a que o citado árbitro compareceu, foi em outubro, em Paris.
O árbitro Emmanoel Mattar, conhecido como "Maranhão", é, no momento, o único no Brasil com graduação de Internacional A (FIJ A) em atividade. Novos jovens valores precisam ser estimulados para cobrirem essa lacuna.
Em 1997, dentre as agremiações que se desfiliaram da FJERJ estava o Clube de Natação e Regatas Santa Luzia, que conseguira nos anos anteriores significativas participações nos campeonatos, tendo formado muitos atletas campeões. Mudanças adotadas pela nova administração fizeram com que os atletas daquela agremiação migrassem principalmente para o Sion.
No dia 12 e 13 de abril de 1997, realizou-se no ginásio do Iate Clube Jardim Guanabara o Torneio de Abertura Feminino, o Campeonato Estadual de Manter e o de Nage-No-Kata.
O Torneio de Abertura feminino contou com a participação de 437 atletas, o Campeonato de Master com 31 atletas e o de Nage-No-Kata com 6 duplas.
Os resultados da classe senior feminino e do master masculino foram os seguintes:
FEMININO MASTER A
Super Ligeiro Leve:
1ª Daniela Polzin (AAUGF) 1º Humberto Karan (Linjú)
2ª Hyamanna de Souza (AJP) 2º Vítor de Freitas (AMAT)
3ª Vanessa Benevenuto (OAC) 3º Júlio Carvalho (PFC) 3º Carlos Martins (OAC)
Ligeiro: Meio Médio:
1ª Caroline Lemos (JPM) 1º José Renato de Freitas (Sion)
2ª Rochele Martins (JCPS) 2º Ricardo Prins (AAUGF)
3ª Karita Maia (AAUGF) 3º Samuel Levy (AUG)
3ª Érica de Lima (ANJ) 3º Jorge Lima (Bayer)
Meio Leve Médio
1ª Luciane Marinho (AAUGF) 1º Marcos A . Gaspar (Bayer)
2ª Elsa de Carvalho (AAUGF) 2º Ézio Nóbrega Jr. (Sion)
3º Janaina Faimbaum (CRF) 3º Paulo S. Justin (JCSER)
3ª Valéria Marques (AAUGF) 3º José G. Mendonça (CRF)
Leve Pesado
1ª Carla Braga (AAUGF) 1º Helvécio Neto (Sion)
2ª Maira Pocci (AAUGF) 2º Manoel L. Júnior (JCNSS)
3ª Prissi Cordeiro (AABB) 3º Osvaldo Theodoro (AAUGF)
3ª Kátia Rocha (AAUGF) MASTER B
Meio Médio Leve:
1ª Alexandra Fragoso (OAC)) 1º Ormindo Gomes (Sion)
2ª Priscila de Souza (JCCIG) Meio Médio
3ª Consuelo Passos (Sesi) 1º Carlos R. Matoso (JCMLL)
3ª Renata Trotta (AAUGF) 2º Antônio C. de Sá (AJKSK)
Médio Médio
1ª Rosicléia Campos (CRF) 1º José de Almeida Souza (CRCAX)
2ª Márcia Copeli (AAUGF) 2º Orlando Araújo (JCNSS)
3ª Gabriela de Souza (Sion) Pesado
3ª Cláudia Cruz (ALCR) 1º Virgílio Moura (Sion)
Meio Pesado 2º Jorge R. Santos (CRCAX)
1ª Denise Oliveira (Sion) 3º Mizael Vicente (CRCAX)
2ª Elaine Souza (AJP) MASTER C
3ª Aline Moreira (AAUGF) Leve
Pesado 1º Maurício de Souza (AAUGF)
1ª Linda Calderaro (CPL) Meio Médio
2ª Eliane de Lima (AJP) 1º Nelson Weinschutz (JCSER)
3ª Jeane Santos (Sesi) 2º Paulo Fernando Tenório Wanderley (Sion)
3ª Cristiane Pereira (AAUGF) Médio
1º Nelson Barreiros Custódio (AJKSK)
Pesado
1º Nivaldo Rezende (JCNR)
No Campeonato Estadual de Nage-No-kata de 1997, ocorreu a derrota da dupla dos profs. Roberto Garcia e Ricardo Tadeu que durante vários anos sucessivos vinham conquistando o primeiro lugar. Os integrantes dessa dupla alegaram que compromissos profissionais impediram que fizessem o treinamento desejado. A dupla vencedora, compostas de dois jovens praticantes, fez uma apresentação primorosa das técnicas. O resultado geral foi o seguinte:
1º: Leandro Henrique de Almeida da silva (AAUGF) e Rômulo Barbosa da Cunha (AAUGF)
2º Roberto Alves Garcia (R2AC) e Ricardo Tadeu de Alencar Loureiro (R2AC);
3º André Luiz Fonseca da S. e Silva (AAUGF) e Felipe Hendrigo da Silva Noises (AAUGF);
4º Daniel Vieira de Castro Rissin (Sion) e Thiago Teixeira Leite (Sion);
5º Carlos Eduardo da Silva Anapurus (Sion) e Marcos Wanderley Pereira (Sion);
6º Edmilson Vieira Jinkings (JCWR) e Walter Russo de Souza Júnior (JCWR).
Em 1997, o Rio de Janeiro realizou, com inteiro sucesso, a quarta edição do "Meeting por Equipes". Adaptado de um torneio alemão, o Meeting, cuja tradução seria "encontro", conta com oito times da primeira divisão do esporte. É disputado em sete rodadas classificatórias em que todos os times se enfrentam.
No Rio de Janeiro, o Meeting começou em 1994 e o Sion foi vencedor naquele ano e no seguinte (1995). Em 1996, o campeão foi a Gama Filho.
A competição por equipe sempre congrega a concentração da torcida, englobando os aficionados de diversos atletas, enquanto que na disputa individual a preferência fica fracionada.
Outro aspecto que o Meeting apresentou foi o interesse do patrocinador, que tinha a sua marca em vários lutadores de primeira linha ao mesmo tempo e por um período prolongado, em que as atenções certamente estariam voltadas. A marca do patrocinador era adicionada ao nome da equipe, assim algumas equipes ficaram assim denominadas: Flamengo/Kimonos Adidas, AABB-Rio/Kimonos Krugans, Hélio de Oliveira/ Guaracamp/Sombol, Uno Game/Jequiá e assim por diante. O objetivo é o de promover uma competição mais dinâmica, que estimule a participação da torcida e dos patrocinadores, mas que mantenha a rivalidade na medida certa.
Em vista do êxito alcançado com as equipes cariocas, a FJERJ veio a organizar o "Meeting Rio-São Paulo", com quatro equipes de cada estado e a participação de muitos atletas que normalmente integram a Seleção Brasileira.
A VII Copa Rio de Janeiro Internacional de Judô, realizada nos dias 26 e 27 de setembro de 1998, teve um sucesso sem precedentes. Compareceram 1.179 atletas de 22 estados brasileiros, 31 de 7 países e 1.468 do Estado do Rio de Janeiro, perfazendo um total de 2.678 atletas.
Os países que compareceram ao evento foram: Alemanha. Argentina, Bolívia, França, Paraguai, Peru e Uruguai.
Durante a Copa, houve exame para ingresso e promoção no Quadro Internacional de Arbitragem, nas categorias FIJ "C" e FIJ "A". O exame foi comandado pelo prof. Vicente M. Nogueroles, Diretor Técnico de Arbitragem da União Panamericana de Judô. Os árbitros promovidos foram:
FIJ "B" : José de Almeida Souza;
FIJ "C" :
Jefferson da Rocha Vieira;
João Luiz Campelo Bertola de Almeida;
Marcos José Carvalho de Moura.
Como a Copa Rio de Janeiro Internacional de Judô foi colocada como evento constante do calendário oficial da União Panamericana de Judô, os exames para árbitros internacionais poderão ser realizados durante essa competição.
Os vencedores da classe senior feminino e masculino foram os seguintes:
FEMININO MASCULINO
Super ligeiro Super ligeiro
Tatiana Fernandes (Flamengo / RJ) Gilson Custódio (AABB - Rio / RJ)
Ligeiro Ligeiro
Daniela Polzin (Gama Filho / RJ) Márcio Pimentel (Gama Filho / RJ)
Meio leve Meio leve
Carla Melo (FCJ / RJ) Henrique Guimarães (Brasil)
Leve Leve
Jaqueline Pereira (ADIEE / SC) Ricardo Souza (Sion / RJ)
Meio médio Meio médio
Rosicléia Campos (Flamengo / RJ) Flávio Canto (Gama Filho / RJ)
Médio Médio
Gabriela de Souza (Sion / RJ) Shelton dos Santos (Flamengo / RJ)
Meio pesado Meio pesado
Edinanci Silva (Brasil) Alex Mattos (Flamengo / RJ)
Pesado Pesado
Rosimeri Salvador (ADIEE / SC) Tayrone Rocha (Nagashima / RO)
No âmbito nacional, no ano de 1998, o Rio de Janeiro fez vários campeões, a saber:
- Campeonato Brasileiro Senior: Flávio Canto (AAUGF), meio médio, e Viviane Castro (AAUGF), meio leve;
- Campeonato Brasileiro Juvenil Masculino: Alessandro Bragança Merly (AAUGF);
- Campeonato Brasileiro Júnior Feminino: Tatiana Fernandes (CRF), super ligeiro; Linda Marie Calderaro (Sion), pesado; Ana Paula Caldas (CSSA), super pesado;
No âmbito internacional, houve desempenho expressivo tanto individual como por equipe.
No "New York Open Judo Championship", realizado em Nova York, nos dias 24 à 31 de março de 1998, três cariocas foram campeões:
Frederico Fernando Flexa Kuntze (+ 100kg) - AAUGF;
Eduardo de Gomes Pires (- 60kg) - SION;
Sebastian Rafael Dias Pereira (- 73kg) - SION.
Márcio Campos Chouim Varejão (- 73kg), da AAUGF, foi campeão na Copa Tre Torri, realizada de 3 à 15 de junho, na Itália.
Alessandro Bragança dos Reis Merly (- 86kg), da AAUGF, foi campeão no "Tournoi International Roger Serzian", realizado de 15 à 21 de junho, em Belfort.
Hilton Luiz de Souza Júnior (- 50kg), da AAUGF), foi campeão no "France International Cadet Boys Tournament", realizado de 15 à 21 de junho, em Andorra.
Estes foram alguns dos sucessos conseguidos em disputas internacionais, que servem para comprovar a solidificação da posição do judô do Rio de Janeiro no cenário mundial.
No campeonato Mundial por Equipes, realizado nos 12 e 13 de setembro, na Rússia, a equipe brasileira foi vice-campeã, sendo suplantada apenas pela do Japão, tendo derrotado na semi-final a poderosa equipe da França. O atleta carioca Flávio Canto foi um integrantes da equipe que conseguiu essa histórica façanha. Os demais componentes foram: Marcelo Figueiredo, Henrique Guimarães, Daniel Hernandes, Fulvio Miyata, Sérgio Oliveira, Douglas Vieira e Edelmar Zanol.
Em 1998, outro feito notável foi conseguido pelo paulista Tiago Camilo título de Campeão Mundial Júnior.
O grande feito do ano de 1999, foi o terceiro lugar no Campeonato Mundial conquistado pelo atleta Sebastian Pereira. Este evento ocorreu em Birmingham, na Inglaterra e foi a melhor colocação conseguida, até o momento, por um judoca do Rio de Janeiro em campeonatos mundiais. Sebastian, com 23 anos de idade, venceu quatro das cinco lutas que disputou, perdendo a semifinal para o norte-americano James Pedro.
No âmbito internacional, alguns atletas que conseguiram a medalha de ouro foram:
- Daniel Loureiro (CRF), Viviane Silva Castro (AAUGF) e Renan Mattos Neves Pinto (AAUGF) no 13º Torneio Roger Serzian, na França;
- Daniel Loureiro (CRF) no Torneio de Andorra;
- Sebastião Pereira (CRVG) no Torneio de Tre Torri, na Itália;
- Flávio Vianna de Ulhôa Canto (AAUGF) foi campeão sul-americano e dos Jogos Pan-americanos de Winnipeg;
- Fernando Soares Figueiredo (CRF) - campeão sul-americano;
- Viviane Silva Castro (AAUGF) foi campeã sul-americana;
- Daniela Duque Estrada Polzin (AAUGF) foi campeã pan-americana;
- Laurindo Garcia e Souza Neto (CRVG) foi campeão sul-americano sub-20;
- Renan Mattos Neves Pinto (AAUGF) foi campeão sul-americano sub-20.
No âmbito nacional, foi marcante o desempenho dos atletas da classe juvenil no Campeonato Brasileiro deste ano. As atletas do Rio de Janeiro foram vencedoras do evento e os rapazes ficaram com o vice-campeonato. Um resultado excelente e que dá esperanças já que os atletas dessa classe representam todo um trabalho em andamento e um futuro promissor para o judô do Rio de Janeiro. Os atletas de ponta, normalmente, costumam apresentar resultados promissores já nas classes juvenil e júnior e não são raros os casos dos que competem, com inteiro sucesso, no mesmo evento, também na classe senior.
As cinco atletas da equipe carioca que se sagraram campeãs foram: a superligeiro Aline Souza (Aliju), a ligeiro Viviane Castro (Gama Filho), a médio Bruna Silva (Vasco da Gama), a meio-pesado Deborah de Souza (Uno Game/Jequiá) e a pesado Linda Calderaro (Vasco da Gama).
No masculino, apenas Renan Pinto (Gama Filho) chegou ao lugar mais alto do pódio.
Os campeões por categoria do Circuito de Faixas Pretas foram:
Feminino
Leve - Patrícia Bevilacqua (Vasco da Gama)
Médio (+ 57kg) Denise Oliveira (Vasco da Gama)
Meio-pesado (+70kg) - Rosângela Conceição (Uno-Game/Jequiá)
Masculino
Ligeiro - Jorge Otávio Ferreira (Gama Filho)
Meio-leve - Patrich O'Reilly (Flamengo)
Leve - Aron Oliveira (Gama Filho)
Médio - Ângelo de Paiva (Vasco da Gama)
Meio-pesado - Raimundo Fortunato (Gama Filho)
Pesado - Aurélio Fernandes (Flamengo).
O ano de 2000 começou de maneira auspiciosa para o judô carioca, vários atletas de primeira linha, vindos principalmente de São Paulo, resolveram migrar para o Rio de Janeiro, sendo contratados pelo Clube de Regatas Vasco da Gama e pelo Clube de Regatas Flamengo. Esses atletas formam uma verdadeira seleção a saber: Fúlvio Miyata e Alexandre Lee (ligeiro); Henrique Guimarães e Fabiane Hukuda (meio-leve); Alexandre Katsuragi e Tânia Ferreira (leve); Vânia Ishii (meio-médio); Aurélio Miguel (meio-pesado) e Daniel Hernandez (pesado).
Além dos reforços provenientes de outros estados, também houve aquisições de âmbito regional, ou seja, atletas contratados por Vasco e Flamengo e que estavam ligados a agremiações sediadas no Rio de Janeiro.
Assim é que o Flamengo, que contratara Fúlvio Miyata, Henrique Guimarães e Aurélio Miguel, também contratou Flávio Canto, que era da Gama Filho, além de Márcio Varejão e José Valverde.
O Vasco, que contratara dentre outros Fabiane Hukuda e Vânia Ishii, que veio a ser eleita a melhor do ano pela CBJ, também contratou Daniel Garcez, que defendia as cores do Flamengo.
Em 15 de novembro de 2000, Sebastian Pereira, de 24 anos, conquistou a medalha de ouro no Campeonato Mundial Militar, disputado na Holanda, vencendo por ippon as suas 4 lutas. Na luta final derrotou A . Shturbabin, do Uzbequistão.
No Campeonato Mundial Universitário de 2000, a Seleção Brasileira conquistou o honroso título de vice-campeão contando com uma quantidade significativa de atletas do judô carioca. Dos sete integrantes, cinco eram do Rio de Janeiro, a saber:
- Flavio Canto
- Anderson Leal
- Leonardo Leite
- Aron de Oliveira.
Os demais componentes da equipe foram: Carlos Honorato, Gustavo Nogueira e João Derly Nunes Jr.. Este último sagrou-se Campeão Mundial Júnior em 2000, sendo o quarto brasileiro a conquistar esse título, ao lado de Aurélio Miguel, Sebastian Pereira e Tiago Camilo.
A atleta Fabiane Hukuda, filiada ao Vasco da Gama, como dito anteriormente, conquistou o título de Campeã Mundial Júnior de 2000, na categoria meio-leve (- 52kg).
No Diário Oficial de 15 de dezembro de 2000 foi publicada a chapa única que concorreu à direção da FJERJ para o triênio 2001/2003:
- presidente: Ney Wilson Pereira da Silva;
- vice-presidente: Carlos Alberto Monteiro de Farias;
- Conselho Fiscal Efetivos: Adolfo Vaz Filho, Jovelino de Gomes Pires e Luiz de Macedo Coutinho;
- Suplentes: Benjamin Gomes Pereira, José Luiz Piani e Luiz Carlos C. Campos.
Em 2001, o grande acontecimento do mundo judoístico brasileiro foi o afastamento da família Mamede da direção do judô nacional, com a eleição de Paulo Wanderley Teixeira, do Espírito Santo.
A esperança é de mudança para melhor e de maior entendimento entre os praticantes e a nova direção. O judô, sendo um desporto, é um instrumento da Educação Física, que por sua vez está inserida numa disciplina maior que é a Educação, ou seja, a atividade que busca a integração da personalidade do cidadão. Os responsáveis por federações e confederações não devem esquecer que a urbanidade e o convívio civilizado é um pressuposto do desportista.
A mudança na CBJ trouxe um reconhecimento da competência de elementos ligados a direção da FJERJ, o que constitui uma vitória carioca na área administrativa. Assim é que o prof. Ney Wilson Pereira da Silva foi chamado para coordenar as equipes que representarão o Brasil em eventos no exterior. O prof. Emmanoel Andrade Mattar foi nomeado Diretor de Arbitragem da CBJ. O prof. José Pereira Silva foi nomeado Consultor de Arbitragem da CBJ.
Neste ano assumiu como Diretor Técnico da FJERJ o jovem professor Walter Russo Jr., filho do saudoso kodansha Walter Russo de Souza, que foi amplamente citado quando, no capítulo segundo, foi abordada a origem e o desenvolvimento do judô no interior do Estado do Rio de Janeiro.
O primeiro Campeonato Brasileiro senior de Judô, com a nova direção, ocorreu em Florianópolis, sob a organização da Federação Catarinense de Judô. Durante este evento, que foi realizado nos dias 29 e 30 de setembro, ocorreu o exame para árbitro nacional, nas três graduações (A, B e C).
As equipes masculina e feminina do Rio de Janeiro foram vice-campeãs e a grata surpresa ficou por conta da delegação do Rio Grande do Sul, que foi campeã no masculino e terceira colocada no feminino. São Paulo foi campeão no feminino e terceiro colocado no masculino.
Os atletas do Rio de Janeiro que conquistaram medalhas de ouro foram:
Flávio Canto - meio-médio (CRF);
Ângelo Paiva - médio (CRVG);
Daniela Polzin - ligeiro (AAUGF);
Vânia Ishi - meio-médio (CRVG);
Deborah Souza - meio-pesado (AAUGF).
Em 2001, muitos atletas de ponta, que vieram principalmente de São Paulo, fizeram o caminho de volta, retornando a seus clubes de origem. Um dos primeiros a regressar foi Henrique Guimarães, mais tarde foi a vez de Aurélio Miguel que, segundo declarou, pretende encerrar a sua vitoriosa carreira como competidor.
CONCLUSÃO
 Na reconstituição do que foi a trajetória da Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro, nos seus 40 anos de existência, procurou-se sintetizar da maneira mais elucidativa possível o que foi o trabalho realizado durante esse tempo, os seus objetivos, os resultados alcançados e as perspectivas futuras.
A citação de alguns atletas e seus resultados como lutadores tem por objetivo demonstrar os que estavam em atividade em determinado período. O judô do Rio de Janeiro, no entanto, não se resume a boa atuação do atleta, embora esta reflita o resultado de um trabalho contínuo e competente. Muitos são os heróis que colaboraram e colaboram para o engrandecimento da atividade em nosso Estado e que não têm seus nomes revelados, por exercerem atividade que não ganha o brilho da divulgação pela mídia, mas que são indispensáveis e relevantes para a existência e o sucesso do judô.
A competição de judô acontece e torna-se um espetáculo de enorme beleza, porque existem pessoas que dedicam a sua disponibilidade inteiramente ao esporte. Essas pessoas anônimas para o grande público é que são os verdadeiros vencedores do judô. Dentre essas pessoas podemos citar o professor que ensina os passos iniciais ao praticante, transmitindo juntamente com os ensinamentos técnicos os modelos de respeito e cidadania; os funcionários e dirigentes que dão o melhor de suas capacidades para que nada falte aos atletas e a assistência; os árbitros que permanecem cerca de 10 à 12 horas no shiai-jo, com atenção dobrada para que vença realmente o melhor e que as regras sejam cumpridas em sua íntegra. Enfim muitos são os que, com o espírito de "onde houver judô, lá estarei", estão envolvidos inteiramente com a causa do esporte e da educação.
A trajetória da FJERJ, como foi mostrada nesse trabalho, é de muitas vitórias que foram frutos de trabalho dedicado e competente, realizado por pessoas despojadas que só almejam o engrandecimento do judô no Rio de Janeiro. A todos esses fica aqui o nosso agradecimento e os votos de paz e saúde. Arigato.
Os presidentes da FJERJ até a presente data foram:
Brigadeiro Oswaldo Balloussier
Alair de Souza e Silva
Gilberto Menezes Pereira
João Max Maulais Cesarino
Fernando Correia Lima
Enir Vaccari
Dr. Francisco Almeida Lira
Major Orlando Duarte Machado
Joaquim Mamede de Carvalho e Silva
Raimundo Faustino Sobrinho
Pedro Ernesto da Gama Filho
Sílvio Pellico de Abreu Neto
Márcio Molinaro
Emmanoel Andrade Mattar
Ney Wilson Pereira da Silva
 
 BIBLIOGRAFIA
  CALLEJA, Carlos Catalano. "Caderno Técnico-Didático de Judô". Brasília: MEC, Secretaria de Educação Física e Desportos, 1989. 
COSTA, Antônio de Oliveira. - "As normas de arbitragem". São Paulo: revista JUDÔ/Ippon Ano 2, nº 9, março de 1997, p. 4.
 CUSTÓDIO, Nelson Barreiros. - "História da Federação de Judô do Estado do Rio do Rio de Janeiro". Rio de Janeiro: 2000.
 GAMA, Raimundo João. - "MICHI, o caminho do guerreiro". Rio de Janeiro: Esteio, 1997.
 MATOS, Zuleida. - "O Mundial de Judô". Rio de Janeiro: revista "High Sport", ano II, nº 23, 1965.
 MEDEIROS, Rildo Heros de. - "Muda a História". São Paulo: revista JUDÔ/Ippon, Ano 2,  nº 12, setembro 1997, p. 10.
 SOUZA, João Luís de. - "Doze Dias Vertiginosos". Rio de Janeiro: revista "High Sport",  Ano II, nº 24, 1965.
 TAKASHITA, Kawanishi. - "JUDÔ (Antigo Jiu-Jitsu)". Rio de Janeiro: Brasil, s/d.  
VACCARI, Enir. - "Judoca e Judoísta". Rio de Janeiro: revista Ren-Sei-Kan, Ano II, nº 2, 1993, p. 2.
 VELTE, Herbert. - "Dicionário de Termos Técnicos de Judô". Rio de Janeiro: Tecnoprint,  1989.
 VIRGÍLIO, Stanlei. - "A Arte do Judô". 3ª ed. Rio Grande do Sul: Rígel, 1994, p. 124.

COMUNICAÇÃO PESSOAL
Professor Antônio Afonso Alves - Entrevista no Rio de Janeiro, em 14 de agosto de 2001. 
Professor Augusto Eduardo Ramos - Entrevista no Rio de Janeiro, em 12 de maio de 2001. 
Professor Chuno Wanderley Mesquita - Empréstimo de farto material em recortes de  jornais, em 12 de outubro de 2001. 
Professor Durval Simas - Entrevista no Rio de Janeiro, em 14 de setembro de 2001. 
Professor Enir Vaccari - Reunião na FJERJ, em 25 de abril de 2001, quando, além do  depoimento, emprestou vasto material em revistas, recortes de jornais e fotografias. 
Professor Joel Rufino - Anotação feita em sala de aula, no Curso de Mestrado da UERJ,  na disciplina "Antropologia das Ciências Desportivas", em 20 de abril de 1995. 
Professor José de Almeida Souza - Reunião na FJERJ, em 8 de setembro de 2001. 
Professor José Pereira Silva - Reunião na FJERJ, em 8 de setembro de 2001. 
Professor Hugo Melo. - Visita à Academia Hugo Melo, em 26 de agosto de 2001,  ocasião em que o prof., além do depoimento, cedeu revistas e recortes de jornais. 
Nair Nagashima Zanganelli - Entrevista no Rio de Janeiro, em 14 de janeiro de 1995. 
Professor Nelson Barreiros Custódio - Entrevista no Rio de Janeiro, em 17 de maio de  2001, quando o prof., além do depoimento, emprestou revistas e cópias "xerox". 
Professor Nivaldo de Rezende Pereira Filho - Visita ao Judô Clube Nivaldo Rezende,
quando o prof. além do depoimento, emprestou recortes de jornais e cópias de  diversos boletins informativos emitidos pela FJERJ. 
Professor Rudolf de Otero Hermanny - Entrevista na Academia Shoto-Kan (RJ), em 17 de agosto de 1995, quando, além do depoimento, o professor cedeu vasto material em cópias "xerox".
 Patrícia Simões Cordeiro - Encontro no Rio de Janeiro, em 14 de agosto de 2001, a filha do prof. Cordeiro emprestou várias revistas editadas pelo citado professor.
Professor Vinícius Ruas Ferreira da Silva - Informação obtida em sala de aula na  disciplina "Antropologia das Ciências Desportivas", no Curso de Mestrado da UERJ, em 1999.
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5 comentários:

;*
=]
:)

Excelente trabalho,porem queria retificar o resultado do campeonato carioca senior faixa preta 1996 meio medio primeiro lugar Flavio Canto(aaugm),segundo lugar Rodrigo Garcez(aaugf), terceiro lugar Vinicios Amaral(aaugf), terceiro lugar Marcel Aragao.

Desordem | 27 de setembro de 2020 às 05:32 Reply |

Execelente trabalho!!! Parabéns!! Sou de Duque de Caxias, conheci o Washington que infelizmente morreu, mas consegui gravar um depoimento dele sobre esse grande episódio de sua vida, onde andou no carro de bombeiros quando chegou em Duque de Caxias com o seu título de campeão Pan-Americano de 1972.

Mauricio Sales ( mauriciosales1965@gmail.com)...
Realmente um excelente trabalho. Parabéns. Os primórdios do meu contato com JudÔ foi com os Mestres W(N)ilson e Hirton Luiz Sant'ana (Peso Pluma 1982/86), na extinta Acdemia de Judô Club Flôres em Nilópolis, sendo aminha formação concluída com Mestres Ceni Peres e o Sensei M.Ogino (AABB - Tijuca). Foi uma fase muito boa. Obrigado por ter produzido esse trabalho. Parabéns.

Mauricio Sales ( mauriciosales1965@gmail.com)...
Realmente um excelente trabalho. Parabéns. Os primórdios do meu contato com JudÔ foi com os Mestres W(N)ilson e Hirton Luiz Sant'ana (Peso Pluma 1982/86), na extinta Acdemia de Judô Club Flôres em Nilópolis, sendo a minha formação concluída com Mestres Ceni Peres e o Sensei M.Ogino (AABB - Tijuca). Foi uma fase muito boa. Obrigado por ter produzido esse trabalho. Parabéns.