"A meta final do JUDÔ KODOKAN é o aperfeiçoamento do indivíduo por si mesmo, desenvolvendo um espírito que deve buscar a verdade através de esforço constante e da sua total abnegação, para contribuir na prosperidade e no bem estar da raça humana" "Nada sob o céu é mais importante que a educação. Os ensinamentos de uma pessoa virtuosa podem influênciar uma multidão; aquilo que foi bem aprendido por uma geração pode ser transmitidas a outras cem." Jigoro Kano
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quarta-feira, 3 de março de 2010
NOVAS REGRAS PARA UMA ANTIGA LUTA.
A Federação Internacional de Judô está usando, desde o fim do ano, regras mais rígidas. Os quimonos foram regulamentados, os golpes também. Pegadas de perna, que fizeram a fama do judô do leste europeu, foram banidas. Agora, judoca que tentar um golpe colocando a mão na perna do rival é eliminado. Nada de advertência ou pontuação contra.Técnicas como kuchiki-taoshi, kibisu-gaeshi, morote-gari, kata-guruma, sukui-nage, obi-otoshi e a variação do uki-waza, popularmente conhecida como kata-otoshi ficam proibidas para ataques diretos, pegou na perna, perdeu a luta, não é de hoje que venho dizendo que o Judô esta se tornando um verdadeiro Wrestling de kimono, já não chega as regras que limitam por completo o ne-waza ?
A mudança foi considerada radical por muitos tradicionalistas, principalmente pela proibição do ataque direto com kata-guruma, uma técnica clássica do Judô, inclusive parte do nage-no-kata.
A mudança de regras não foi uma unanimidade no judô nacional.
A decisão radical e arbitrária fez com que métodos de treinamentos mudassem e, atletas que antes seriam considerados favoritos, voltassem ao tatame para treinar novas técnicas. É o caso de Flávio Canto. “Não digo que terei de aprender a lutar judô de novo. Mas são mudanças muito grandes. Eu não gostei, mas essa é só minha opinião”.
Flávio Canto, medalhista de bronze em Atenas-2004. Ele é um dos que precisará mudar seu estilo de luta para se adaptar, mas suas reclamações são bem mais amplas.
“A influência de outras lutas foi considerada negativa, mas é a evolução do esporte. Falaram que estão em busca do judô mais bonito, mas a beleza é relativa nesse caso. O surfe passou por isso. Quando uma geração chegou com os aéreos, os juízes não sabiam o que fazer. Porque, de acordo com as regras, eram as linhas mais clássicas que valiam mais pontos. Hoje, o esporte consegue englobar as duas escolas. E o judô fez o contrário. Está eliminando as influências de outras lutas. Isso pode acabar com o esporte em países como a Geórgia”, analisa o judoca, de 34 anos, em seu quinto ciclo olímpico. Técnico da Sogipa, Kiko Pereira tem a mesma opinião. “Essas mudanças vão contra a disseminação do judô no mundo. Você está eliminando a transferência de conhecimento entre modalidades. E privilegiando técnicas que são muito mais complexas e de aprendizado mais lento. As novas regras beneficiam quem já tem o conhecimento, não quem quer aprender”.
Para o presidente da Federação Internacional de Judō, Marius Vizer, a mudança resgata a essência da modalidade. “Nos estamos muito felizes por ver o verdadeiro espírito do Judō de volta. A FIJ agradece a todos os países pelo apoio. Estas mudanças são importantes para o futuro do Judō “, diz Vizer.
será verdade ?
vamos estudar um pouco de história...
Segundo a tradição, o Judõ foi a resposta de Sensei Kano para luta mais eficaz em relação ao antigo Ju jutsu que estava apegado em demasia às antigas tradições e ritualismo, desorganizado nos diversos ryus(escolas).
O torneio da polícia Metropolitana de Tóquio em 1886 e 1888 e os diversos relatos das alterações e estudos das técnicas dos diversos ryus são momentos centrais para a criação do Judô.
Kano era umpesquisador nato, se preocupava com as tradições, mas nada disso o impedia de progredir na constante busca pelo eficiênte em combate, o mesmo criou e aprefeiçoou muitas variações de antigos golpes tradicionais.
"Os dicípulos de Jigoro Kano estavam muito preocupados com as novas técnicas , porque, ao ficarem parados o mestre os derrubava com um Uki-Goshi, ao passo que que se tentassem escapar , caíam vítimas do novo Harai-goshi.
Após árduas pesquisas, eles descobrira um modo de escapar do golpe abaixando os quadris e projetando o abdomen para a frente.
Este método, todavia, só fez efeito durante alguns dias, pois, Kano imediatamente desenvolveu uma nova técnica que ora vamos estudar:Tsuri-Komi-Goshi."
Trecho do livro "Judo em Ação" Kazuzo Kudo, 9 dan.
Relatos como este, de técnicas desenvolvidas ou aperfeiçoadas em adaptação à novas situações de luta, sem perder os pilares básicos da essência do Judô Kodokan, eles próprios são formadores e parte integrante desta mesma essência. Fazem parte da mitologia fundadora do pensamento e da filosofia do Judo de Kano.
Ainda quando na escola Tenshin-Shinyo, Kano criou o kata-guruma, com o objetivo de vencer o gigantesco Kenkishi Fukushima. Havia um movimento no Tenshin-Shinyo Ryu Jiu-Jitsu chamado kino katsuga, que se parecia com o kata-guruma. Pondo-se um joelho no chão, tentava-se colocar o adversário sobre as costas, levantando-o e projetando-o obliquamente. Porém, este movimento exigia muita força e Kano não conseguia projetar o pesado Fukushima com ele. Kano então, debruçando-se sobre diversos textos de livros de wrestling ocidental, bolou o kata-guruma e, mesmo sendo leve, teve sucesso ao derrubar o gigante.
O próprio Kano estudara Wrestling para criar o Kata-guruma, golpe esse que se encontra no Go-kyo, mas com as novas regras será difícil sua utilização nas competições.
Solução tradicional ????
Apontada como uma das grandes prejudicadas, a Geórgia, duas vezes campeã mundial por equipes (2006 e 2008), já preparou uma maneira de contra-atacar: o chidaoba. Luta nacional do país, ela é uma espécie de judô sem quimonos, em que é proibido aplicar golpes nas pernas com os braços.
“É injusto o que dizem, que o judô da Geórgia depende das catadas de perna. É claro que temos atletas muito bons que têm essa característica. Nestor Khergiani é vice-campeão olímpico e mundial e vai sofrer. Mas ele já está com 34 anos. Os mais jovens não terão problemas. O chidaoba é uma luta popular, todo geórgio pratica. E agora vai ser muito útil nessa adaptação”, diz Zura Usupashvilli, que trabalha com a confederação do país. De fora pode parecer que as novas regras do do Judo foram perfeitas, por manter uma organização estruturada e uniforme, mas os Judocas tradicionalistas ligados ao Kodokan discordam das regras e arbitragens olímpicas, que é controlada pela FIJ, que restrigem por exemplo o tempo no solo, e outros aspectos como a falta de ensino de autodefesa em Dojos esportivos, e o foco em competições.
"As novas regras da Federação Internacional de Judô (FIJ) visam justamente resgatar o Judô que estava sendo descaracterizado por influência de lutadores do Leste Europeu. Adeptos de Sambo (Rússia), Kurash (Uzbequistão) e de outras lutas tradicionais e similares passaram a praticar Judô, pois dessa maneira poderiam participar de campeonatos Internacionais e Jogos Olímpicos. O agarramento nas pernas e levantamentos para arremessar o adversário são técnicas específicas dessas modalidades, e que usadas nas lutas de Judô, permitiram certo incremento vantajoso e competitivo, resultando em inúmeras vitórias, às vezes inesperadas. Tais “técnicas” começaram a ser praticadas e aceitas, ou ignoradas, por dirigentes e árbitros que não estavam preocupados com as tradições do Judô. Muitos atletas no mundo, inclusive alguns brasileiros, também sob influência, passaram a utilizá-las, apesar do nosso Judô sempre ter sido bem próximo e semelhante ao japonês."
Odair Borges
Fica a pergunta apessoas com esse tipo de pensamento, pra que serve contra golpes a ataques investidos as pernas ?
Já pararam para pensar que, com a proibição de ataques as pernas, muitos contra-golpes especialmente criados para essa finalidade ficarao de fora de nosso
judõ. Golpes como Tawara-gaeshi e
sumi-gaeshi estariam com os dias contados ?
Outra pergunta, não seria melhor desenvolver melhores defesas ao invés de proibir esse tipo de ataque ? Onde está a evolução da luta ?
Uchi-mata, Tawazra-gaeshi, Tomoe-nage, Sumi-gaeshi, Sasae-tsuri-komiashi, Hiza-guruma e outros, todos esses golpes podem ser usados contra ataques as pernas, por que não usá-los ?
PASSO ATRÁS PARA O JUDÔ?
Outras nações, porém, já sentem a mudança. Na Rússia, a mistura entre o judô e outras lutas é comum. O maior exemplo é o sambo, que une elementos do judô e da luta greco-romana. “Por lá, os atletas do sambo vão para o judô para poder lutar nas Olimpíadas”, conta Kiko Pereira, técnico da Sogipa, do Rio Grande do Sul.
“Os países do leste europeu certamente vão sofrer. Mas é uma questão de adaptação. Já estamos sabendo de treinos em que eles treinam os mesmo golpes que antes eram feitos com catadas de perna sem pegar as pernas”, completa Pereira.
Para o treinador, observações como essa são importante. Afinal, ele será o responsável pela transição de João Derly para o “novo judô”. O gaúcho bicampeão mundial é apontado como o maior prejudicado, no Brasil, pelas mudanças. “É uma questão de talento. E o João é um atleta talentoso. Talvez demore um pouco mais, mas ele tem todas as condições de conseguir resultados expressivos novamente”, diz Kiko.
Judô de Kano ? Evoluir ou congelar ?
Em 1909, Kano tornou-se o primeiro membro japonês do Comitê Olímpico Internacional. Apesar de ser um membro extremamente consciencioso, que acabou conseguindo que as
Olimpíadas de 1940 fossem agendadas para Tóquio, ele tinha uma atitude um tanto ambivalente quanto a inclusão do judô Kodokan nesses jogos. Como já mencionado, KANO ESTAVA PROFUNDAMENTE PERTUBADO PELA CRESCENTE ENFASE DE VITÓRIAS E PREOCUPADO QUE O JUDÔ , INCLUIDO NAS OLIMPÍADAS , SE TORNASSE UM INSTRUMENTO DE NACIONALISMO. Obviamente ele era a favor de torneios abertos internacionalmente, mas não queria ver país contra país, brigando pela superioridade racial. ( o judô ficou fora das Olimpíadas até 1964, bem depois da morte de kano, e é seguro dizer que o judô nelas exibido tem pouco em comum com os ideais originais do Judô Kodokan.)
A futilidade de confiar apenas na técnica ficou provada mais uma vez. Em 1929, por exemplo, o orgulhoso e confiante clube de judô da universidade de Waseda visitou os Estados Unidos e engajou-se numa competição com o clube de luta da universidade de Washington. A primeira rodada de lutas ocorreu dentro das regras do Judô Kodokan; o lado japonês venceu por 10 a 0.
A segunda rodada foi disputada segundo as regras de luta ocidental. O lado norte-americano ganhou todas as lutas, 10 a 0. As regras para a rodada final iam ser decididas no cara ou coroa. Na moeda, o lado japonês ganhou, mas em vez de assegurar uma vitória fácil nas lutas, como se esperava, acabou perdendo ou empatando todas elas, com exceção de uma. Enquanto os lutadores de judô da universidade de Waseda permaneceram confusos e perturbados pelo estilo de seus oponentes, os lutadores da universidade de Washington o que deveriam esperar e ajustaram suas técnicas de maneira apropriada, batendo os japoneses em seu próprio jogo.
“Na prática diária tanto quanto no tatame, os praticantes de judô muitas vezes dão mais ênfase à competição do que ao espírito essencial do Judô. (...) a competição entre escolas não é um objetivo, mas sim um meio para se chegar a um objetivo mais nobre.
(...) Quando os alunos de uma escola competem entre si, eles devem ajustar-se aos oponentes o máximo possível e, se conseguirem a vitória graças as suas habilidades e métodos superiores, então será uma vitória verdadeira.”
Jigoro Kano
ANTIGAS REGRAS
SÍNTESE DOS PRIMEIROS MOMENTOS E DA EVOLUÇÃO DAS REGRAS DE JUDÔ NO RIO DE JANEIRO
Ao se fazer uma retrospectiva histórica sobre as modificações, adaptações, criações e determinações que adquirem a forma de novas regras para as competições, fica visível o paralelo crescimento técnico e desportivo do judô.
O primeiro regulamento de regras brasileiras para lutas em que os contendores se apresentavam de judogi (traje para praticar judô) está datado de 1936.
Esse regulamento foi elaborado pela Federação Brasileira de Pugilismo, sendo assinado pelo Dr. Anísio de Sá e registrado na Censura Teatral.
Para Carlos Catalano Calleja (1989, p. 13), o regulamento se refere à regras que presidiam os encontros de jiu-jitsu no Brasil. Mas Kawanishi Takeshita (s/d, p. 87 a 91) defende que as regras do regulamento eram para os encontros de judô.
O citado regulamento se refere a "ringue" com dimensões de 5m por 5m, cercado por cordas que contornam a área de luta. Quanto ao tempo de duração do combate, poderia chegar ao máximo de 60 minutos, podendo ser dividido em "rounds" de 10, 15 e 20 minutos, com intervalos de 2 a 3 minutos. A vitória seria obtida por perda dos sentidos do opositor, desclassificação deste ou ainda por contagem de pontos. A luta seria arbitrada por um juiz de "ringue" e 3 jurados de mesa. Se o lutador desfalecesse, o juiz imediatamente iniciaria a contagem de 10 segundos. A queda só seria computada se o lutador projetado caísse de espáduas ou flanco contra o solo, solto ou completamente dominado.
O artigo 11º determinava o critério para a pontuação:
ao final de cada "round", cada jurado anotará o seguinte:
a) 1 ponto ao que for superior na defesa;
b) 1 ponto ao que for superior no ataque;
c) 1 ponto ao que for superior na técnica;
d) 1 ponto ao que for superior na eficiência;
e) 1 ponto ao que for superior em quedas.
Verifica-se, portanto, que este regulamento, que é o primeiro que se tem notícia pela literatura, diz respeito a uma modalidade de luta bem diferente do judô atual. A luta pelo ponto completo (ippon-shobu) sequer era cogitada naquela ocasião. O regulamento estava calcado em critérios mais afeitos ao boxe.
Até 1940, só existiam as regras de judô escritas em japonês. (Costa, 1997)
Em 1950, ainda eram empregadas as técnicas de chaves de pé e perna e as que comprometiam o pescoço ou a coluna cervical.
As primeiras regras de judô divulgadas internacionalmente pela Kodokan datam de 1951. (Calleja, op.cit.).
Para o 1º Campeonato Brasileiro de Judô, foi elaborado o que se chamou de "Primeiro Regulamento Técnico" que, em linhas gerais, determinava o seguinte:
- o combate terá a duração de um único "round" de 5 minutos;
- o vencedor será quem conseguir uma das seguintes situações:
a) a queda completa (ippon);
b) duas quedas de meio ponto (waza-ari);
c) imobilizar o adversário por 30 segundos;
d) fazer com que o oponente desista, valendo-se para tanto de estrangulamento ou chave de luxação.
O combate também seria definido por desclassificação do adversário.
Também se poderia chegar ao ippon com a soma de um waza-ari acrescido a imobilização por 20 segundos. Se bem que nesse segundo caso, a Kodokan estipulasse o tempo de 25 segundos.
Se, durante o combate, um lutador conseguia a vantagem de um waza-ari, a luta continuava normalmente e, no final dos 5 minutos, o árbitro central solicitava a decisão por hantei, ou seja, pelo resultado das bandeiras levantadas pelos árbitros laterais indicando o vencedor.
De modo que o lutador, mesmo tendo obtido a vantagem do waza-ari (meio ponto), poderia perder a luta se fosse entendido que ele procurou garantir o resultado, ficando apenas na defesa e afastando-se do "Espírito do Judô".
Se a luta chegasse ao seu final, sem que qualquer vantagem fosse assinalada, poderia haver três prorrogações de um minuto. Mas se, durante a prorrogação, ocorresse um waza-ari, a luta terminava imediatamente. Era o que hoje se poderia chamar de "morte súbita".
O empate (hiki-waque) só seria declarado depois que decorresse as três prorrogações e permanecesse o equilíbrio das ações. Para esses casos, o art. 1º do "Primeiro Regulamento Técnico" estabelecia que o Árbitro Geral, que era o prof. Ryuzo Ogawa, fosse consultado para indicar o vencedor do combate.
O critério para indicar o vencedor obedecia a seguinte ordem:
a) domínio do combate;
b) espírito de luta;
c) técnica de atuação;
d) predomínio de ataque.
Ficou estabelecido que quando o combate chegasse ao 4º minuto, o cronometrista faria soar o sinal por uma vez e quando chegasse ao final do tempo regulamentar (5min), o sinal seria ouvido por duas vezes.
Os lutadores faziam a saudação em zarei (sentados sobre os calcanhares), antes e depois do combate. Também recebiam o resultado da luta nessa posição, levantando-se depois para o cumprimento final, admitindo-se a seguir o abraço ou o aperto de mão.
Quando recebiam ordem do árbitro central para recomporem o wagui (casaco do uniforme), durante a luta, os lutadores o faziam em zarei.
O árbitro tinha a prerrogativa de dar o combate por encerrado se julgasse que um dos lutadores estava com a sua integridade física ameaçada ou em perigo, ainda que não tivesse batido (sinal característico de desistência).
O árbitro central era soberano nas decisões e o papel dos laterais estava limitado praticamente a se manifestarem quando a luta fosse para o hantei. Caso os árbitros laterais levantassem bandeiras diferentes, caberia ao árbitro central o voto de desempate.
exigência para a marcação do ippon ou waza-ari era muito severa. Dificilmente uma técnica de contra-ataque alcançaria a avaliação de ippon. Quanto ao waza-ari, a queda teria de ser quase perfeita.
Os termos utilizados na arbitragem de judô não passavam de uma dezena e mesmo assim não eram padronizados, de sorte que podiam diferir de uma região para outra.
Usava-se o termo jogai para indicar que os lutadores tinham saído da área de combate e jikan para a paralisação da contagem do tempo de luta.
Em 1964, para que o judô fosse incluído nos Jogos Olímpicos, foi necessário a adoção de novas categorias de peso além da absoluto. Passaram a ser adotadas as categorias leve, médio e pesado, que se somaram a absoluto. (Virgílio, 1994, p. 124)
As punições existentes eram chui (advertência) e hansoku-make (desclassificação).
A pouca ou praticamente nenhuma participação dos árbitros laterais nas decisões dos combates e o papel do Árbitro Geral interferindo no resultado passaram a constituir motivos de muita contestação da parte de todos interessados no judô.
A falta de padronização internacional dava margem a múltiplas interpretações e diferentes estilos de arbitrar. Além do que o texto sendo escrito em japonês, o tornava acessível apenas a uma minoria.
Em 1965, foi eleito presidente da FIJ o professor Charles Stuart Palmer, da Inglaterra, que permaneceu no cargo até 1979. Essa eleição foi um prenúncio das grandes modificações que viriam a ocorrer no judô.
Em agosto de 1967, ocorreu na cidade de Salt Lake, nos Estados Unidos da América, o histórico congresso em que foram aprovadas as Primeiras Regras de Competição da FIJ, oficialmente editadas em cinco idiomas: inglês, francês, espanhol, alemão e japonês.
partir de então, a participação dos árbitros laterais foi grandemente ampliada e estes passaram a poder se manifestar em caso de discordância do árbitro central, embora a opinião deste ainda prevalecesse.
Foram introduzidas outras avaliações que se juntaram as de ippon e waza-ari existentes. Isto fez com que com que mais lances e momentos do combate passassem a receber atenção especial. Essas avaliações foram:
- kinza - que correspondia a uma pequena avaliação;
- waza-ari ni-chikai-waza - que seria o quase waza-ari.
As novas avaliações não eram anunciadas, de modo que os árbitros tinham de gravá-las mentalmente, o que fazia com que as ações ocorridas nos finais da luta fossem mais privilegiadas e isto se constituiu num fator negativo.
Foram introduzidas outras punições que se juntaram ao chui e ao hansoku-make existentes. O quadro geral de punições com as vantagens correspondentes ficou sendo o seguinte:
punições vantagens correspondentes
- shido = observação kinza
- chui = advertência waza-ari-ni-chikai-waza
- keikoku = repreensão waza-ari
- hansoku-make = desclassificação ippon
A saída da área de luta, que se tornara um hábito abusivo, foi desestimulada sendo punida diretamente com chui.
Foi abolido o gesto de estender o braço à frente para se proferir o comando de hajime (início ou reinicio do combate).
As categorias de peso corporal foram sendo ampliadas e aí surgiram novas gerações de campeões, mais leves e mais jovens. No âmbito internacional, o contraste foi grande, com a substituição dos gigantes que predominaram no período de após-guerra: Yoshimatsu, Daigo, Matsumoto, Ishikawa e Natsui. Esta transformação indica um trabalho de evolução no centro mais adiantado da atividade e que teve ressonância imediata em todo o mundo.
O artigo 27 das Primeiras Regras referia-se a 7 gestos para o árbitro central e 2 para os laterais. Os gestos para o árbitro central eram para assinalar:
ippon;
- waza-ari;
- jikan (tempo);
- osaekomi (imobilização);
- osaekomi-toketa (imobilização desfeita);
- hiki-wake;
- torikeshi (gesto de não validade).
Para os árbitros laterais foram oficializados os gestos para indicar se a técnica ocorreu ou não dentro da área de combate, ou seja: jonai ou jogai.
Em 1969, na cidade do México, ocorreu o congresso em que foi determinada a criação do Quadro de Árbitros da FIJ. Até então, as confederações que promoviam o evento forneciam os árbitros.
Foi instituído o primeiro Código Esportivo. O candidato a árbitro internacional teria de dominar duas línguas dentre as que foram editadas as regras que, como já foi citado, eram as seguintes: inglês, francês, espanhol, alemão e japonês.
Em 1973, em Brasília, ocorreu a primeira Clinica Nacional de Arbitragem, com a participação de representantes de 20 estados. O MEC (Ministério da Educação e Cultura) editou as "Regras de Competição de Judô", proporcionando o acesso às mesmas em todos cantos do país.
Nesta obra foi incluída a regra que punia a falta de combatividade e que tinha a seguinte redação: "o judoca será punido se permanecer 20 ou 30 segundos sem atacar'.
Neste ano, a zona de perigo (área vermelha) passou de 7 centímetros para um metro, tendo em vista que muitos árbitros estavam deixando de punir a saída, sem motivo, do atleta da área de combate, alegando que a linha divisória era muito estreita o que dificultava a visão.
O ano de maiores alterações e inovações na regra foi, sem dúvida, o de 1974. Os mais conservadores e tradicionalistas chegaram a dizer que o judô tinha se convertido numa espécie de luta livre, o que não passava de um grande exagero sem qualquer fundamento.
Em 1974, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ), que propusera à Federação Internacional de Judô (FIJ) a realização de um Campeonato Mundial Júnior, conseguiu a autorização para realizá-lo.
O presidente da FIJ, Mr. Charles Stuart Palmer, da Inglaterra, realizou uma viagem antecipada ao Brasil para acerto de detalhes com os dirigentes brasileiros e o presidente da CBJ, prof. Augusto Cordeiro, aproveitando a oportunidade, o convidou para ministrar um Curso de Arbitragem aqui no Brasil, já que Mr. Palmer era também membro do Sub Comitê de Arbitragem e principal responsável pelas mudanças estabelecidas.
Mr. Palmer deu um curso teórico e prático para árbitros e professores na Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx), em que foram dissipadas muitas dúvidas, sendo que grande parte se referia ao placar. A denominação das vantagens passaram a ser: koka, yuko e waza-ari. Todas sendo avaliadas com o árbitro fazendo sinais correspondentes para a mesa de controle.
As novas medidas tornaram o andamento da luta mais nítido para o atleta e o público. O placar, principalmente, facilitou o acompanhamento por qualquer pessoa.
Em 1975, no congresso de Viena, foi abolido o uso do termo jikan (tempo), passando a ser usado o comando de matte (pare) para suspender a ação do combate. Também terminou a obrigação do atleta ter de se ajoelhar para arrumar a faixa (obi) do uniforme de luta. A decisão do combate passou a ser baseada na opinião conjunta dos três árbitros.
Em 1978, no congresso realizado na Inglaterra, ficou estabelecido que duas situações seriam punidas com desclassificação:
1ª - o lutador que aplicar o waki-gatame (chave me que a axila funciona como fulcro da alavanca) e se lançar bruscamente ao solo;
2ª - o lutador que colocar a cabeça no solo para executar técnicas como uchi-mata, harai-goshi, hane-goshi.
Outra medida importante foi tomada quanto ao tempo médico. Estava havendo muito abuso e ficou estabelecido que o tempo médico passava a ser de 5 minutos, contando os dois tempos a que o atleta tem direito.
Nessa ocasião já se alertava os árbitros para ficarem atentos para casos de fingimento de cãibra e "falta de ar". Se o médico informar que o competidor estava apenas cansado, "que não tinha nada", o árbitro deverá aplicar a punição de falta de combatividade.
Em 1980, no congresso de Moscou, foi regulamentado o procedimento dos árbitros laterais para externarem opinião divergente da do árbitro central. Em caso de discordância, a decisão deve exprimir a média.
Também ficou regularizada a gesticulação para a punição, bem como o procedimento para efetuá-la quando a luta se desenvolver no solo.
Em 1981, no congresso de Maastrich, na Holanda, foi oficializada as dimensões da zona de competição, ou seja, a que inclui a área de segurança: mínimas de 14 por 14 metros e máximas de 16 por 16 metros. As medidas do judoji (inicialmente chamado de keikoji, ou seja, roupa de treinamento) foram determinadas: as mangas com folga de 10 a 15 centímetros em toda a extensão do braço, o mesmo ocorrendo com relação a calça e a perna do competidor. No comprimento, as mangas do wagui (paletó) deverão alcançar ,no máximo, as articulações dos pulsos e, no mínimo, 5 cm acima dessas articulações. As calças deverão ser suficientemente longas, para cobrir as pernas atingindo, no máximo a articulação do tornozelo e no mínimo 5 cm acima dessa articulação.
Quanto as atletas femininas, deverão usar por baixo do paletó uma camiseta ou colant nas cores branca ou quase branca.
Outro aspecto tratado dizia respeito a levada da luta para o solo. Ficou estabelecido que seria considerada válida a aplicação de técnicas de shime-waza (estrangulamento) e kansetsu-waza (técnicas de luxação) em que a ação começasse em pé (nage-waza), com efeito considerável, e tivesse continuação ou prosseguimento no solo (ne-waza), desde que não houvesse interrupção.
Foi esclarecida oficialmente a questão da validade da técnica aplicada depois e coincidentemente com o sinal de término do combate. Se houver coincidência, a técnica é válida. A técnica aplicada depois do toque de encerramento não será válida, mesmo que o árbitro não tenha proferido o soremade (final de combate).
No caso de estrangulamento ou chave de braço, logo que soar o sinal, o árbitro deve encerrar o combate. O mesmo não ocorre se se tratar de imobilização, neste caso o combate não termina até que a questão seja definida: a imobilização vai até o tempo regulamentar ou quem está sendo imobilizado consegue sair.
Se o atleta se acidenta durante a imobilização, o árbitro comandará sono-mama (não se movam) e permitirá a ação do médico. Finda esta última, os atletas serão colocados na posição anterior e se dá o comando de yoshi (continuem).
Quando houver apenas um árbitro lateral, este deve se colocar à direita do árbitro central.
Periodicamente, com uma constância que costuma ser anual, são realizados seminários internacionais promovidos pela FIJ, trazendo pequenas inovações para tornar as competições mais dinâmicas e seguras. De modo que alterações significativas nas regras não têm mais motivo para serem feitas. Mudou, por exemplo, as dimensões da área de combate, ou seja da área interna de luta, limitada pela borda externa da zona de perigo. Esta área passou a ter as dimensões de 8 por 8 metros. A adoção do judogi azul, exclusivamente para competições, facilita muito a visualização do público, do árbitro e as transmissões televisivas.
Mente aberta
..."Por fim, eu gostaria de falar sobre a necessidade de se ter uma mente aberta. A mente aberta é capaz de absorver e organizar vários tipos de idéias ao mesmo tempo sem confundí-las. O problema de não se ter uma mente abertana prática do judô é que as pessoas passam a confiar demais nas próprias crenças e, mesmo que descubram idéias novas e melhores, não só não as aceitam como também não são capazes de compreender o valor que elas tem ou julgar se elas são boas ou ruins. É provavel que ocorra o mesmo com as teorias de nage-waza e katame-waza no judô. É claro que não é inteligente dar um passo ou fazer alguma coisa nova sem antes empreender uma cuidadosa análise, mas, se você se agarrar teimosamente as suas idéias, não progredirá. Não importa se a idéa é sua ou de outra pessoa, se a teoria é antiga ou nova; ao analizar se ela é boa ou ruim, certo ou errada, você precisa abandonar seus preconceitos e manter a mente aberta.
Permanecer aberto para coisas novas é o primeiro passo para umamente aberta, tão necessário para progredir.
A teoria da luta do judô inclui alguns conceitos bastantes complexos. Quando consideramos o relacionamento entre o corpo e os quatros membros, os posicionamento desses, como usá-los e como trabalhar os aspectos mentais, uma teoria se mistura a outra e fica muito difícil chegar a uma conclusão.
Mesmo que você consiga relacionar essas teorias complicadas ou as observe separadamente, a capacidade de integra-las no final é uma caracteristica da mente aberta.
O estudo avançado do judô requer que se coloque em prática esse tipo de habilidade, para que a qualidade da mente aberta se desenvlva naturalmente. Quando a prática do judô também atinge um nível avançado, como já adverti várias vezes, a mente também passa a ter um papel importante.
Se você segue pricipalmente o método do "treinamento mental", estudará essas teorias mais amplamente. Se usar o judô como um método de educação física , é possível que a certa altura abra mão de compreender certos pontos e focalize os movimentos corporais. Mas quando a relação entre o judô eo o intelecto, eu me limitarei a esses comentários. "
JIGORO KANO
foda
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